Relator: Código já nasce precisando de ajustes nas APPs em margens de rios

Publicado em 25/04/2012 19:58 e atualizado em 25/04/2012 20:30
Projeto não regulamenta faixa de recomposição para rios com mais de 10 m. Ex-ministro da Agricultura diz que se criou um vácuo jurídico, relator defende novo projeto de lei, mas diz que programa de regularização ambiental vai garantir a preservação. PV defende veto total.
Uma das maiores polêmicas na votação, as regras para as áreas de preservação permanente (APPs) a serem recuperadas nas faixas de rios já vão precisar de ajustes antes mesmo da entrada em vigor do novo Código. A avaliação é do relator do texto na Câmara, deputado Paulo Piau (PMDB-MG).

Ele defende um projeto de lei que traga um escalonamento das faixas a serem recompostas. No texto aprovado, para cursos d’água com até 10 metros de largura, os produtores rurais devem recompor 15 metros de vegetação nativa. O texto não define regras para os rios de mais de 10 metros de largura. "O texto é incompleto, vamos ter de aperfeiçoar as faixas, porque 15 m para o Brasil inteiro é muito grande", disse ele.

Ele disse que o ideal seria uma faixa de recomposição obrigatória de 5m para os rios com até 5 m; 7,5m para os de até 10m; e, para os maiores de 10m, entre 15m e 100m. Essa proposta também é defendida pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Moreira Mendes (PSD-RO).

Limbo jurídico 
Embora Piau tenha dito que a previsão de um programa de regularização ambiental pelos governos federal e dos estados vai garantir a preservação de todas as margens de rios, com ou sem faixas, alguns deputados argumentam que a indefinição sobre os rios com mais de 10m vai colocar alguns produtores no limbo jurídico.

"O relator pensa que o plano de regularização ambiental vai dizer qual é a margem, mas se a lei definiu os limites para o rio de até 10m, como o plano vai definir essas margens? Isso tem de ser por uma nova lei ou vamos criar um vácuo jurídico", disse o deputado Reinhold Stephanes, que já foi ministro da Agricultura. Stephanes propõe que a presidente Dilma Rousseff envie ao Congresso uma medida provisória que trate das faixas para rios mais largos.

O líder do PV, Sarney Filho (MA), disse que o Congresso aprovou um "Código Frankenstein". "É um projeto que não tem cabeça, não tem pé, uma coisa que ninguém entende. E essa falha das APPs em rios mais largos vai criar um problema grande, vai haver judicialização e vai fazer com que a presidente Dilma vete todo esse parecer", disse.

Código Florestal: Relator comemora vitória; líder do PT lamenta votação

O relator do Código Florestal, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), comemorou a aprovação do seu relatório por 274 a 184 votos. "Foram duas vitórias importantes, a do texto do Senado – que melhorou muito o texto da Câmara – e a do meu texto, que melhora o do Senado", disse Piau.

Já o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), lamentou a votação. Para ele, os ruralistas comemoram "com sorriso amarelo", porque esperavam uma vitória muito mais folgada. “Foi uma vitória deles, mas não a vitória que imaginavam, o que indica o sentimento de que o relatório de Piau não era um relatório bom.”

Os dois deputados afirmaram que o placar pode não ser o mesmo na votação dos destaques ao texto. O Plenário analisa neste momento esses destaques. "Nem sempre o placar se repete", disse Piau.

Possibilidade de veto
Para o líder do PT, o texto poderá gerar insegurança jurídica, o que aumenta a possibilidade de vetos, especialmente sobre o ponto que permite a manutenção, em áreas de preservação permanente (APPs), de atividades agropecuárias consolidadas até 2008 (artigo 62 do projeto).

"Temos dois caminhos: o judicial, que pode cair por terra com tudo e ficarmos sem legislação; e o veto, que já foi sinalizado", disse Tatto.
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Fonte:
Agência Câmara

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