Assistência técnica e capacitação são alternativas para o produtor de leite enfrentar cenário adverso
Diante da redução do ritmo de compras por parte da China, associada ao aumento da produção mundial, os preços internacionais de lácteos caíram para metade dos valores praticados no início do ano, tema que preocupa a Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“O mercado internacional contribuiu para amenizar os impactos do aumento da produção e da estagnação do consumo no mercado interno”, afirmou o presidente da comissão Rodrigo Alvim. Ele lembrou, no entanto, que o saldo da balança comercial de lácteos ainda é deficitário para o Brasil em US$ 80 milhões, no acumulado até setembro, em que pese o valor ser 77,4% menor na comparação com igual período de 2013.
Para os integrantes da comissão, se o cenário externo continuar negativo, especialmente durante o período de safra da produção de leite, os produtores devem intensificar o uso de medidas gerencias, em suas propriedades, como forma de manter a competitividade. Uma das propostas debatidas na reunião desta quinta-feira foi o modelo de assistência técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) frente ao edital lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), cujo objetivo é prestar, numa primeira etapa, assistência técnica para 4.680 produtores de leite das regiões Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Outro tema debatido na reunião da comissão foi a ocorrência de “tripanossomose bovina”, enfermidade que ataca bovinos e pequenos ruminantes, causando abortamentos, queda de produtividade e óbitos. A transmissão da doença se dá por insetos – mosca do estábulo e mutuca – e também quando há compartilhamento da mesma seringa e agulha para aplicação de medicamentos. Os especialistas alertam, no entanto, que não há risco para a saúde humana. “As vacas morrem e os produtores perdem dinheiro. Estes são os maiores prejuízos da enfermidade”, afirmou.
Alvim defendeu que o MAPA facilite a importação do cloridrato de isometamidium, medicamento que não é produzido no Brasil, mas é essencial para controlar os casos da doença e garantir a sanidade do rebanho brasileiro. Hoje, a importação só é permitida após uma análise individual feita pelo governo a partir de dados fornecidos por um médico veterinário. “O produto pode demorar até dois meses para chegar no Brasil, tempo excessivo que não permite o controle da doença”, afirmou o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Elias Facury. Os temas serão discutidos na próxima semana, quando a CNA vai se reunir com integrantes do MAPA.
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