USDA investe na aquisição de estoques de frango não-exportado
Tem de agradecer mesmo, pois, afinal, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), de Vilsack, decidiu investir algo em torno de US$14 milhões (perto de R$25 milhões) na aquisição do que os norte-americanos chamam de carne de frango “escura” para – conforme foi explicado – “ajudar o setor a enfrentar uma inesperada alta dos estoques e uma conseqüente queda de preços do produto”. A aquisição atenderá a merenda escolar e outros programas sociais de alimentação do governo norte-americano.
Desde janeiro a indústria do frango dos EUA vê aumentarem seus estoques de carne de frango “escura” – na verdade, cortes de coxa/sobrecoxa – em decorrência do embargo russo ao frango higienizado com cloro. Com a medida, o setor perdeu não apenas um mercado, mas seu principal importador mundial do produto, já que, em condições normais, são absorvidas pelo mercado russo, anualmente, cerca de 700 mil toneladas das também chamadas “pernas de Bush”.
Fosse outro o país (o Brasil, por exemplo), o produto não-exportado seria disponibilizado no mercado interno a preços atrativos e, embora com prejuízo de todo o setor produtivo, pelo menos uma parte do problema (a indesejada formação de altos estoques) estaria resolvida. Mas não nos EUA, onde a carne de frango “escura” não tem mercado, pois a preferência nacional está concentrada na carne “branca”, de peito. Vem daí a existência, em 30 de abril passado, de estoques de coxa/sobrecoxa superiores a 40 mil toneladas – um volume, conforme o USDA, 21% maior que o registrado um ano atrás, quando se vivia sob profunda crise econômica e os estoques formados já eram elevados.
Para George Watts, presidente do NCC, a iniciativa do USDA é um verdadeira “ganha-ganha”, pois ao mesmo tempo em que alivia o excesso de produto estocado pela indústria, propicia um alimento de alta qualidade para as pessoas carentes.