Pecuaristas reclamam do alto custo de produção do leite
Já foi o tempo em que o criador Valdeir José Farias precisava de ajuda para levar as vacas ao curral. No sítio, que fica em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ele tem no rebanho 30 vacas para a produção de leite. Mas somente cinco estão produzindo no momento. Por causa do baixo volume, a ordenha é manual. Ao todo, são 80 litros por dia. No passado, ele chegou a tirar 300 litros.
O criador Valdeir José Farias, que está há 20 anos no ramo, disse que vive um momento difícil. De novembro do ano passado para cá o litro do leite aumentou 28%. Hoje, ele recebe R$ 0,77. Mas o valor está abaixo do custo de produção, que fica em torno de R4 0,80. Ele explicou que o custo elevado tem como principal fator a alta da ração do milho e da soja, base da alimentação das vacas. Para driblar a situação, o pecuarista decidiu diminuir a produção de leite para investir na criação de matrizes.
“A gente não pode desistir. Quase toda atividade tem altos e baixos. A minha esperança é que a atividade seja altamente lucrativa. Tanto é verdade que estou produzindo matrizes leiteiras. Então, a minha perspectiva é que vá melhorar muito”, avaliou José Farias.
Há dois meses, as vacas de outra fazenda da região não recebem ração. O alto custo fez o produtor apostar as fichas no pasto e na mistura feita com palha de milho e resíduos de amido de milho. Por ter um alto valor energético a mistura acaba contribuindo para a produção com o custo bem menor.
“Se eu tivesse dando ração com farelo de soja e polpa cítrica o meu custo de produção estaria em torno de R$ 0,80. Hoje, eu tenho mantido em torno de R$ 0,60 a R$ 0,65 o custo do preço do leite. É por isso que não vejo nesse momento, com o preço que está sendo pago, vantagem para dar esse tipo de alimento para os animais”, calculou o criador André Luiz dos Santos.
Uma cooperativa em Minas Gerais tem cerca de mil cooperados e recebe uma média de 200 mil litros de leite por dia. “Nós tivemos um agravamento este ano que foram as chuvas muito tardias. O produtor ficou bastante prejudicado e os patamares que esperávamos de crescimento de produção foram 5% inferiores ao mesmo período do ano passado. A produção já está bastante comprometida. O custo de produção vai se elevar bastante. Essa é a situação hoje do produtor pelo menos em toda região central do Brasil e no Triângulo Mineiro. As pastagens não estão sendo suficientes. O produtor tem uma tendência de ter preços mais remuneradores daqui para frente por causa da escassez de produção. Não havendo importações de leite nesse período, melhora a situação do produtor. Ele vai conseguir produzir com maior tranquilidade”, explicou Eduardo Demissioni, presidente da cooperativa.