Avicultura industrial está cautelosa para o 2º semestre

Publicado em 13/07/2011 11:32
No primeiro semestre de 2011 as exportações do Brasil atingiram 1,928 milhão de toneladas. É uma alta de 6,8% em relação ao mesmo período do ano passado em volume e de 28,5% em receita, totalizando 3,999 bilhões de dólares. Santa Catarina foi líder de exportação de frango nesse período. A ACAV e a União Brasileira de Avicultura concordam que haverá uma desaceleração dos embarques no segundo semestre. Motivo: o câmbio e o aumento de preços do milho impactam negativamente o setor. Os principais destinos da carne de frango brasileira são o Oriente Médio (37% do mercado) e a Ásia (28%).

Considerado um dos mais experientes executivos da indústria brasileira de carnes, com 30 anos de atividade na área, Clever Ávila (52 anos de idade, natural de Criciúma/SC) é engenheiro químico pós-graduado em processamento de alimentos. A seguir, as principais avaliações do presidente da ACAV.

Liderança de Santa Catarina

A posição da Rússia, impedindo as exportações de origem do RS, PR e MT, levou algumas empresas que possuem unidades em vários Estados a realocarem a produção para Santa Catarina e, assim, manter os compromissos assumidos. Apesar do salto de exportação do Paraná, Santa Catarina lidera. Na verdade, há uma alternância entre SC e PR mês a mês, dependendo da disponibilidade logística e contratos efetuados. Santa Catarina rivaliza com o Paraná na posição de maior produtor e exportador nacional de carne de frango, tem mais de 10.000 avicultores produzindo num setor que emprega diretamente 40 mil pessoas e, indiretamente, mais de 80 mil trabalhadores.

Exportações Regionais

A indústria Catarinense já nasceu exportadora há várias décadas. Tanto as indústrias do Extremo Oeste, Oeste, Norte e Sul Catarinense exportam para mais de 120 Países. Além disso Santa Catarina tem a vocação para a conversão de proteína vegetal em proteína animal. Nossos parceiros são empresários-produtores que possuem características de tamanho oscilando entre médio e pequenos produtores, caracterizando o Estado numa produção “taylor made” de acordo com as necessidades de nossos clientes.

Vantagens

A vantagem perene é o nosso sistema de parceria com os produtores empresários, os quais não são impactados pelos custos de matéria prima e minimizados dos impactos negativos de mercado. Além disso, a sanidade animal catarinense (entre as melhores do País) nos habilita a disputar diversos mercados internacionais. Entre as desvantagens atuais para produtores e indústrias estão a desvalorização do dólar perante o real e o alto custo das matérias primas (principalmente milho) e insumos, que se posicionam em preços estratosféricos para o setor. Nossa perda de competitividade mundial com a valorização irreal do real nos leva a ter custos totais superiores aos USA.

Milho

Preocupa o excessivo aumento do custo da ração, especialmente o milho, que de janeiro de 2010 para junho de 2011 encareceu mais de 111%. Temos pleiteado ações junto ao governo do Estado de Santa Catarina para uma política de ampliação da nossa produção e armazenagem local de milho. Entendemos que estas ações são importantes. Em paralelo, trabalhamos junto ao Governo Federal em duas frentes: uma focada na mesma política que o Nordeste tem, ou seja, um subsidio logístico para equiparar a concorrência dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A outra frente é tentar a liberação da importação de milho da Argentina.

Visão de longo prazo

O que o setor precisa é de uma visão de longo prazo. Não podemos continuar a trabalhar por impulsos a cada quatro anos com um novo Governo. Precisamos que haja um acordo catarinense e nacional, suprapartidário, no qual todos fiquem imbuídos no planejamento e execução do que queremos ser daqui há pelo menos 50 anos. Esperamos que o Governo nos ouça na busca desta visão: precisamos sair do discurso de reforma tributária e caminhar para sua aprovação.

Esperamos uma sensibilização e ações referentes à questão cambial, pois hoje o Brasil está aniquilando o setor exportador Brasileiro. Esperamos uma evolução no sistema brasileiro de biossegurança, priorizando a condição sanitária que é um dos maiores patrimônios de Santa Catarina. Esperamos uma nova legislação que agilize as aprovações legais de rotulagem, pois o mercado demanda maior velocidade e não encontramos ainda este caminho. Esperamos continuar num alto nível profissional sobre as questões que desafiam o setor, o Estado e o País sobre as barreiras não-comerciais, as quais demandam nossa reação em tempo real. Esperamos trabalhar juntos: iniciativa privada e setor público.

Câmbio

Não é exatamente a política de câmbio flutuante que prejudica a competitividade da avicultura industrial. Diria que é a forma artificial como os chineses e norteamericanos manobraram suas moedas, desvalorizando o dólar americano e deixando o Brasil muito menos competitivo. Atualmente, nossos custos produtivos são maiores que os dos USA, mostrando aí que há algo de muito errado.

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Fonte:
AI Acav

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