Oferta interna de carne de frango é estável há quatro meses
Por exemplo, a similaridade de volume não está restrita ao bimestre junho-julho, estende-se também ao bimestre abril-maio. Assim, tem-se uma disponibilidade interna real aparente que se mantém estável há quatro meses – o que, convenhamos, põe por terra os fundamentos que têm servido para justificar o comportamento mais recente do mercado.
Ou seja: como se explica a reação de preços iniciada em junho e intensificada em julho se, nesses dois meses, o volume real ofertado foi similar ao do bimestre anterior, abril e maio?
O que não pode ser ignorado, neste caso, é que os volumes apontados correspondem ao que se convencionou chamar de “oferta aparente”, pois, por exemplo, consideram como disponibilidade interna mensal o saldo entre produção e exportação do mês. E – convenhamos – ninguém embarca hoje o frango que foi abatido ontem: as exportações, até por questões de logística, provêm de estoques. E é sobretudo a formação ou o desmonte desses estoques que determina um menor ou maior fluxo interno do produto.
Teórica ou aparentemente, os números do quadrimestre podem estar corretos. Mas na prática, sabe-se que a disponibilidade do bimestre abril-maio foi maior que a do bimestre seguinte, existindo diversos indicadores nesse sentido. Exemplificando, entre abril e maio chegaram a formar-se, nas granjas, “estoques” de frango vivo com peso superior a 3 kg; já em julho o registro era o de frangos com peso abaixo do padrão. E isso, parece, não resultou do puro e simples aumento do consumo, mas da mudança nos níveis de oferta.
Como em agosto corrente intensificou-se o processo iniciado em julho (a ponto de, neste instante, o frango vivo registrar seu maior valor nominal de todos os tempos), é natural concluir-se que a oferta continua decrescente em relação a períodos anteriores. Não será surpresa ela alcançar níveis (até mesmo aparentes) inferiores ao do quadrimestre abril-julho.