Com ou sem crise externa, mercado suíno cresce

Publicado em 31/08/2011 08:57
Apesar do embargo da Rússia e da queda em 26% nas exportações desde janeiro desse ano, MT avança na produção e consumo de carne suína

O suíno ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de carne mais consumidas, estando presente em 39% das mesas. Áustria, Espanha e Dinamarca são os países campeões quando o assunto é degustá-la: 73 kg, 67 kg e 64 kg por ano, respectivamente. No Brasil esse quadro é um pouco diferente, o brasileiro consome em média 14 quilos anualmente. Apesar de questões culturais que dificultam a comercialização, a produção no país cresceu 136% entre 1999 e 2009. Em Mato Grosso, a situação é ainda melhor. De 6 kg por ano, há dez anos, o montante saltou para 13 kg, igualando-se à realidade nacional, o que demonstra um mercado estadual em acelerada ascensão. Uma prova disso é que em 2000 havia apenas 20 mil matrizes suínas, hoje existem 120 mil, um aumento de 500%, o que gerou 7,5 mil empregos diretos e 25,3 mil indiretos nesse período. Mas nem tudo são flores!

Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que, caso a queda nas exportações de suína persistam até o final do ano, já que de janeiro a maio houve redução de 26% em relação ao mesmo período do ano passado, cerca de 5 mil pessoas que trabalham no setor podem perder seus empregos. Há uma forma relativamente fácil de reverter essa situação. Dados divulgados pelo Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura revelam que se o brasileiro consumisse dois quilos a mais de suína por ano, o equivalente a 10 bifes de 200g ao longo de 365 dias, uma média de 12 mil empregos diretos e 60 mil empregos indiretos seriam gerados. Além disso, esses mesmos dois quilos suscitariam a capacitação de 14 mil profissionais na área de cortes suínos e novas tecnologias aplicadas às indústrias, ao comércio e à produção.

Hoje cerca de 80 países consomem suína produzida em solo brasileiro, sobretudo os mais desenvolvidos. Sendo assim, o Brasil ocupa a quarta posição entre os maiores produtores e exportadores de suína do mundo. Porém, com o custo alto dos grãos que compõem a alimentação dos animais, o valor que a é comercializada quase não cobre o despesa de produção. "O preço elevado dos grãos, somado ao baixo consumo da população, faz com que o produtor beire o prejuízo", afirma o produtor rural em Campo Verde (200 km distante de Cuiabá), Vilmar Bolglon

Desmistificando
A partir do programa 'Um novo olhar sobre a suína', a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), em parceria com as associações estaduais, espera incentivar a população a comer mais esse tipo de . A proposta é divulgar dados sobre a produção e os valores nutricionais do animal. O mais interessante é que o programa investiu em livros de receitas e cursos, ensinando o consumidor a preparar corretamente os vários cortes do porco. "A suína é tão usual quanto a bovina. Com ela é possível preparar pratos como estrogonofe, nhoque, hambúrguer, entre várias outras receitas fáceis de cozinhar e que no final terão um custo bem menor", argumenta o presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Paulo Cezar Lucion.

Ainda com o apoio do programa, supermercados já estão oferecendo com mais frequência variedades em peças suínas. A intenção é aumentar a demanda interna da . Um estudo realizado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp), da USP, revelou que a falta de informação por parte da população brasileira contribui fortemente para o baixo consumo desse tipo de . Boa parte das pessoas ainda acredita que o suíno é criado de forma inadequada, tornando-se uma fonte de doenças, gordura e colesterol. O que na opinião do diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, é falta de interação sobre o assunto. "Hoje em dia o rigor na criação é gigante. Já existem granjas utilizando o sistema da implantação de um chip no animal para que a alimentação dele seja monitorada 24 horas por dia, o que faz com que o suíno coma a quantia correta de ração, além de controlar os horários das alimentações, tudo para mantê-lo o mais saudável possível".

Embargo
Além das dificuldades que a suinocultura enfrenta dentro do mercado interno, outro agravante caiu sobre o setor. No início de junho, a Rússia embargou 90 frigoríficos brasileiros, nos Estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. A restrição se deu por conta do não-cumprimento das normas sanitárias exigidas pelo país comprador. Uma equipe liderada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, esteve em Moscou para discutir a questão. Na mesma ocasião foram apresentadas propostas à Rússia, incluindo a adequação às normas sanitárias e a apresentação de uma lista contendo 140 frigoríficos nacionais aptos a retornar os embarques imediatamente, no entanto, ainda não houve resposta. Embora o embargo tenha prejudicado a suinocultura em Mato Grosso, apenas três frigoríficos que trabalham com suínos foram embargados no Estado.

Desvendando mitos:
O fato de a carne suína ser muito gorda. Nos últimos anos, o suíno passou por uma evolução genética. Os animais são produzidos de forma mais precoce e chegam ao abate mais cedo. Assim a carne se torna mais macia e saudável com uma quantidade de gordura muito reduzida. Além disso, os suínos são alimentados de forma balanceada, com rações de alta qualidade e sem acesso a restos de alimentos como décadas atrás.

A cisticercose: essa doença é causada por um verme que se aloja na musculatura dos animais. Criou-se o mito de que a ingestão da 'carne de porco' causa cisticercose no ser humano, o que é um equívoco. Primeiramente porque o controle sanitário dos suínos é altamente eficaz no controle de verminoses em geral, inclusive a cisticercose. Segundo, a ingestão da carne não provoca a cisticercose no humano, provoca sim uma verminose, que não causa danos maiores do que qualquer verminose que o ser humano possa ter. O que causa a cisticercose são os maus hábitos de higiene. Não lavar as mãos ou comer verduras sem a devida lavagem pode levar o ser humano a ingerir alimentos contaminados com ovos localizados em fezes, tanto de animais, usados como fertilizantes, como do próprio humano após ter contaminado suas mãos.

Fonte: Carlos Augusto Zanata, médico veterinário da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Suíno.com

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário