Persiste impasse com Argentina em lácteos
Com a manutenção do impasse, a entrada de produtos argentinos continua limitada ao volume da antiga cota, expirada desde o fim de abril, após dois anos de vigência. "A proposta é inaceitável, sobretudo pelo estabelecimento de uma cota para o queijo, que é um produto final, e não um insumo para a indústria. Além disso, o volume proposto é ridículo: representa menos de 1% do mercado brasileiro de queijo", afirmou o gerente geral do Centro da Indústria do Leite da Argentina, Jorge Secco.
Os produtores brasileiros estão negociando em uma posição vantajosa, dado o pouco interesse do governo argentino em transformar a disputa em um tema da agenda bilateral entre os dois países. Segundo um dos negociadores brasileiros, o representante da Confederação Nacional da Agricultura, Rodrigo Alvim, "os governos participam apenas como espectadores". "O que gostaríamos de entender é por que as coisas estão acontecendo desta maneira", queixou-se Secco.
A cota fez com que a participação argentina no total importado pelo Brasil caísse de 70% para 50%. O espaço foi ocupado por exportadores do Uruguai e do Chile, que vendem para o Brasil sem cota, mas que têm menos excedentes para exportações. Embora a produção brasileira este ano deva ter um ligeiro crescimento, atingindo 30,2 bilhões de litros, segundo a CNA, as importações também estão em alta: no primeiro semestre do ano atingiram 85 mil toneladas, ante 113 mil toneladas importadas durante todo 2010.
A produção argentina também é crescente e deve chegar em 2011 a 11 bilhões de litros. Cerca de 80% desse total é destinado ao mercado interno. Considerando todos os derivados da cadeia láctea, o volume das exportações argentinas é consideravelmente superior a 3 mil toneladas mensais da cota do leite em pó. Segundo dados da própria Câmara argentina do leite, em 2010 foram exportados ao Brasil 86,5 mil toneladas, o que resulta em uma média mensal de 7, 2 mil toneladas.