Arroz: estabilidade dos preços mundiais

Publicado em 08/11/2012 13:23
Por Patricio Méndez del Villar, pesquisador do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD, www.cirad.fr) da França.
Tendências do Mercado
 
Em outubro, os preços mundiais se mantiveram estáveis, acusando uma ligeira baixa de 1%. O diferencial de preços entre a Tailândia e seus principais concorrentes asiáticos tende a se estabilizar. As colheitas asiáticas têm começado e se anunciam normais, salvo na Índia, onde a produção diminuirá neste ano. Ainda assim, esta diminuição pouco significativa não deve afetar o comércio mundial. As reservas dos principais exportadores têm incrementado e a oferta de exportação será amplamente suficiente para atender uma demanda mundial que, por ora, se anuncia estável em 2013. Portanto, os preços mundiais não devem mostrar grandes variações nos próximos meses, a não ser que surjam, na Tailândia por exemplo, mudanças significativas na política de preços internos.

Em outubro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu 2,2 pontos para 249,1 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 251,3 pontos em setembro. No início de novembro, o índice IPO ainda se mantinha estável.
 
Produção e Comercio Mundiais
 
Segundo a FAO, a produção mundial em 2011 aumentou 3%, alcançando 723,2 milhões de toneladas (482,4Mt base arroz branco) contra 702,1Mt de arroz em casca em 2010. Em 2012, as novas estimativas indicam um aumento das colheitas a 728,7Mt (483,5Mt base arroz branco). A produção provavelmente aumentará na China, Indonésia e Tailândia, enquanto diminuirá na Índia e na Coréia do Sul. Na África, as condições climáticas têm sido favoráveis, e se espera que a produção de arroz cresça 5%. Na América Latina, por outro lado, e especialmente no Cone Sul, a produção poderá baixar entre 12% e 15%.
 
Em 2011, o comércio mundial deu um salto de 16%, atingindo um volume recorde de 36,4Mt contra 31,4Mt em 2010. Em 2012, as trocas internacionais devem finalmente se incrementar de 2,5% e alcançar 37,3Mt. Em constraste, o comércio mundial em 2013 ficaria por enquanto estável a 37,5Mt.

Os estoques mundiais de arroz no final de 2011 chegaram a 141Mt contra 134,2Mt em 2010. Em 2012, as projeções mundiais foram elevadas para o nível recorde de 159,3Mt, alta de 10,9%. As perspectivas para 2013 indicam um novo aumento para 169,8Mt. Estas reservas representam 35% das necessidades mundiais.
 
Mercado de Exportação
 
Na Tailândia, os preços baixaram novamente, mas se mantêm ainda altos em relação a outras origens. Apesar das oposições cada vez mais fortes, o governo não parece ceder em sua política de preços internos. A pergunta é até quando? Esta política tem gerado uma despesa anual de mais de US$ 3 bilhões e afeta toda a organização da cadeia de valores. As reservas de arroz são abundantes e começa a faltar espaço nos armazéns. Esta situação deve se agravar com a nova colheita que começará a chegar nas próximas semanas. Em outubro, o Tai 100%B foi cotado a US$ 562/t Fob contra $ 570 em setembro. O Tai Parboilizado baixou ligeiramente para $ 588/t, contra $ 591. Já o quebrado A1 Super se manteve inalterado a $ 501/t. No início de novembro, os preços tailandeses continuavam estáveis.

No Vietnã, os preços baixaram 1% em um mês, devido a um mercado pouco ativo em relação aos meses anteriores. Em especial, as vendas destinadas à China estão mais fracas. De maneira geral, as autoridades chinesas parecem querer limitar suas importações de arroz através de barreiras não tarifárias. Por outro lado, o retorno da demanda indonésia poderia reativar o mercado vietnamita nas próximas semanas. Durante os primeiros dez meses do ano, as exportações chegaram a 6,4Mt, e o objetivo de alcançar cerca de 7,5Mt no final de 2012 parece factível. Em outubro, o Viet 5% foi cotado a $ 450/t contra $ 456 em setembro. O Viet 25% foi
cotado a $ 416/t contra $ 420 em setembro.

No Paquistão, os preços baixaram em média 4%. Desde o início da nova safra em julho passado, as exportações registram um atraso importante de 45% em relação ao ano anterior na mesma época. Este atraso se deve sobretudo às vendas de arroz basmati, que sofrem a concorrência da Índia. Em outubro, o Pak 25% foi cotado a $ 384/t contra $ 400/t em setembro.

Na Índia, ao contrário de outros mercados asiáticos, os preços se mantém firmes, mas seguem sendo competitivos. As vendas externas continuam ativas e as novas previsões de exportação para 2012 indicam um volume recorde de 8,3Mt, das quais 3,4Mt seriam de arroz aromático. A produção arrozeira este ano deve se aproximar de 100Mt, um nível quase normal. Em outubro, o arroz indiano 5% foi cotado a $ 443/t contra $ 440/t em setembro. O arroz indiano 25% se manteve estável a $ 393/t contra $ 394 anteriormente. No início de novembro, os preços tenderam a diminuir.
 
Nos Estados Unidos, os preços permaneceram firmes também dentro de um mercado de exportação pouco ativo. Não obstante, no final de outubro, o mercado tendia a se reativar. As projeções para a campanha 2012/2013 indicam uma possível redução das áreas arrozeiras, em função do interesse dos produtores por outros
cereais. Os preços poderiam assim aumentar nos próximos meses.

Em outubro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou $592/t contra $ 590 em setembro. Por outro lado, na Bolsa de Chicago, os preços futuros declinaram um pouco, mas estes níveis inferiores não atraem muito interesse por parte dos compradores. No Mercosul, os preços de exportação se mantêm firmes devido às escassas disponibilidades oferecidas no mercado e às perspectivas de uma redução significativa da produção em 2013. No Brasil, os preços internos se encontram nos níveis mais altos.

Ao final de outubro, os preços do arroz em casca brasileiro tendiam a se estabilizar ao redor de $ 382/t. Na África subsahariana, as condições climáticas e de desenvolvimento dos cultivos foram favoráveis em 2012. Portanto, as importações podem declinar em 2013 cerca de 10%, graças ao incremento da produção arrozeira. Ainda assim, as necessidades de importação seguem sendo importantes devido ao crescimento constante do consumo de arroz, de 6% ao ano.
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Fonte:
Infoarroz

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