Estabilidade nos preços do arroz em novembro

Publicado em 20/11/2012 13:55
Cepea indica queda de 0,8% nas cotações nos primeiros 20 dias do mês, com valores mantidos entre R$ 38,49 e R$ 38,70 ao longo da última semana.
Os preços do arroz em casca fecham a segunda dezena de novembro estáveis entre R$ 38,49 e R$ 38,70. Nesta segunda-feira, 19 de novembro, a cotação média indicada pelo indicador de preços do arroz em casca ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias - BM&FBovespa, para o cereal em casca (50kg – 58x10), colocado na indústria e com pagamento a vista, mantiveram-se em R$ 38,49. O valor é 12 centavos menor do que em oito de novembro. Em dólar, a saca fechou, pela cotação do dia, ao equivalente a US$ 18,51, ou 40 centavos de dólar abaixo da cotação de 10 dias atrás.

No mercado livre os preços oscilam entre R$ 38,25 e R$ 39,30 nas praças gaúchas, dependendo o tipo de pagamento ou se trata-se de produto armazenado na fazenda ou nas indústrias e cooperativas, além do padrão. As variedades nobres alcançam R$ 44,00 de remuneração no Litoral Norte (64x6) e R$ 39,00 na Fronteira-Oeste (60x8).

Ao que tudo indica, os preços do arroz em casca encontraram uma zona de conforto, tanto pela baixa oferta dos produtores quanto pelas empresas abastecidas no Sul do Brasil. Também são fatores que definem este patamar de preços, os leilões quinzenais da Conab que tenta desovar estoques mais velhos, em torno de 80 mil toneladas por quinzena, e uma inversão na balança comercial mensal de arroz, que pela primeira vez no ano negativou. Como já era previsto pelos principais analistas, o Brasil fechou outubro importando mais arroz do que exportando, graças aos preços convidativos – estoques significativos na Argentina e no Paraguai, que pouco ou nada direcionam o arroz para terceiros mercados, variação cambial, crise internacional, etc... – o que cria também um ambiente de compasso de espera. 

Ao mesmo tempo em que espera um estoque de passagem menor, o mercado brasileiro fica de olho nos movimentos do Mercosul. Os preços de oferta da Conab foram reavaliados e, agora, estão mais próximos dos valores de mercado. Como mais de 98% dos estoques da Companhia estão centrados no RS, que é o grande produtor brasileiro, a oferta pública, somada às importações, não deixam os preços subirem. Ao mesmo tempo, as grandes indústrias abastecidas até fevereiro, já trabalham na expectativa das compras na safra e do arroz a depósito, uma moeda de alto valor agregado no mercado.

SAFRA

O Irga divulgou na semana que passou que o Rio Grande do Sul chegou a aproximadamente 84% da área plantada até 15 de novembro, que é o prazo recomendado. Esta semana a área deve ultrapassar os 90% e até 10 de dezembro poderá estar completamente plantada. Na Depressão Central, na Campanha e na Fronteira Oeste já se tem notícias de produtores banhando a lavoura para induzir à germinação, por falta de chuvas em algumas áreas. 

As chuvas que estão ocorrendo em novembro no Rio Grande do Sul são esparsas e apenas em algumas regiões. Em raios de 50 a 80 quilômetros há lavouras que receberam até 100 milímetros de chuvas no mês e outras que não receberam nenhuma gota. Isso poderá afetar aquelas lavouras que foram dimensionadas esperando um clima chuvoso neste final de ano e cujos mananciais não recuperaram 100% de seu potencial de represamento de água.

Em Santa Catarina, estima-se que o plantio esteja alcançando os 5% finais, com um bom estabelecimento das lavouras. No Mercosul, reportam-se notícias de falta de chuvas e reservatórios mais baixos no Uruguai e na Argentina, mas nada que impeça uma repetição ou até um ligeiro aumento de área cultivada. No Mato Grosso já se pode ver muitas áreas estabelecidas com arroz, fazendo prever que o indicativo de queda inicial da Conab não se confirmará. Os bons preços alcançados pelo produto de agosto para cá e a abertura de novas áreas, são motivadores.

EXTERIOR

Enquanto os estoques internacionais devem alcançar um novo recorde, graças à expectativa também da maior safra da história no mundo, o mercado internacional também deve alcançar um nível superior, na casa dos 38 milhões de toneladas de cereal beneficiado, segundo o Boletim do Mercado Internacional de Arroz da FAO (FAO Rice Market Monitor). Na semana que passou foram revelados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) os números das exportações e importações de arroz.

O analista Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócios (agrotendencias.com.br) ou (@agrotendencias), comenta que pela segunda vez neste ano o Brasil teve déficit na balança comercial do arroz, em outubro, quando importou 90,7 mil toneladas e exportou apenas 68,9 mil toneladas de arroz, em base casca. “Mas, no acumulado do ano, a balança comercial é superavitária, com saldo aproximado de 450 mil toneladas”, explica. Para Barata, este já era um movimento esperado, considerando as dificuldades competitivas geradas pela valorização interna do grão, enquanto o mercado internacional não mostra esta mesma tendência. 

Segundo Tiago Sarmento Barata, no acumulado do ano comercial (desde março/12), o Brasil já exportou 1.144,7 mil toneladas em base casca, com média mensal de 143 mil toneladas. A Conab projeta 1,3 milhões em exportações, o que corresponderia a cerca de mais 155 mil toneladas em quatro meses. Mas, o setor arrisca um volume acima de 1,4 milhão. “Ocorre que a valorização do mercado doméstico, com a saca de arroz equivalendo a mais de 19 dólares, coloca o Brasil na condição de um mercado extremamente atraente aos exportadores estrangeiros. Isso já começa a refletir no aumento das importações”, avisa. Desde março, o Brasil importou 695,4 mil toneladas. A Conab projeta uma importação de 800 mil toneladas. Os analistas já apontam algo em torno de 1 milhão de toneladas.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica desvalorização de seis centavos na saca de arroz nos últimos 11 dias, e o preço referencial de 50 quilos em casca (58x10) no mercado gaúcho agora é R$ 38,61. A saca de 60 quilos de arroz branco teve queda de 20 centavos, agora cotada a R$ 75,50 sem ICMS/FOB e chega a São Paulo entre R$ 90,00 e R$ 100,00 com os tributos. Os quebrados de arroz registraram estabilidade, com o canjicão referenciado em R$ 39,50 e a quirera em R$ 38,00, ambos em sacas de 60 quilos (FOB/RS). O farelo de arroz, FOB/Arroio do Meio (RS), manteve-se com cotação estável de R$ 380,00 por tonelada.
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Planeta Arroz

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário