Prazo maior para plantio de soja no Paraná impacta pouco produção, diz Ocepar

Publicado em 26/12/2017 18:40

SÃO PAULO (Reuters) - A ampliação do prazo para plantio de soja no Paraná na temporada 2017/18 deverá ter impacto pequeno na safra do segundo maior produtor da oleaginosa do Brasil, avaliou nesta terça-feira a Ocepar, que representa as cooperativas no Estado.

Devido à seca em setembro, que limitou o plantio de soja, milho e feijão naquele mês, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná emitiu portaria em 20 de dezembro que autorizou em caráter excepcional a semeadura da soja até 14 de janeiro, para cultivos em sucessão às culturas de milho ou feijão.

Segundo o gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, a determinação vai beneficiar principalmente produtores do Sul e Sudoeste do Estado, especialmente aqueles que plantaram feijão como uma primeira safra, cujo ciclo foi alongado por posteriores chuvas e temperaturas mais baixas.

Ele avaliou que serão poucos os produtores que plantaram o milho antes que conseguirão plantar a soja no novo prazo, que representa uma extensão de cerca de 15 dias ante o original.

Dessa forma, a área adicional com a oleaginosa será pequena, ainda mais porque o plantio fora do zoneamento agrícola não é coberto por seguro, assim como não pode receber financiamentos.

"A gente acredita que alguns produtores vão fazer plantio mas não vai ser grande, vai ter mais risco (climático) e não vai ter crédito", disse Turra à Reuters.

A área já plantada no Paraná foi estimada em 5,46 milhões de hectares, crescimento de 4 por cento ante a temporada passada, enquanto a produção deverá cair 3 por cento, para 19,3 milhões de toneladas, em meio a piores condições climáticas que as verificadas no ciclo anterior, marcado por uma situação ideal para as lavouras.

Turra lembrou que a portaria impede que a soja seja cultivada sobre a área que recebeu a oleaginosa na primeira safra, até como forma de reduzir riscos de propagação do fungo da ferrugem asiática.

Ele admitiu que a extensão do prazo traz alguns riscos de propagação do fungo, mas comentou que o período estendido é relativamente curto, o que não representa um problema significativo.

Integrantes da indústria da indústria de agroquímicos, como a Andef, alertaram que quanto maior for a janela de semeadura e número de gerações do fungo, maior será a pressão para o aparecimento de mutações nos sítios de ação dos fungicidas, o que poderá levar a dificuldades no controle da praga no futuro.

MILHO

O gerente técnico da Ocepar também comentou a primeira pesquisa de intenção de plantio de milho segunda safra 2017/18 divulgada no final de semana pelo Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Estado.

Segundo o Deral, a área plantada com milho segunda safra deverá recuar 11 por cento, para 2,15 milhões de hectares, resultando em uma produção 12,3 milhões de toneladas.

"Surpreende", disse Turra, sobre a previsão de queda de área.

"É uma redução significativa e não tem alternativa para a safrinha de milho, pode ser que ainda haja alguma mudança na decisão do produtor... Uma nova pesquisa, em função do mercado mais favorável ao milho", comentou.

ANDEF, FRAC-BR e SINDIVEG se posicionam sobre Portaria da ADAPAR que amplia plantio da soja no PR

Em 20 de dezembro de 2017, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (ADAPAR) emitiu a Portaria 345, que autoriza, em caráter excepcional para a safra 2017/2018, a semeadura da soja até a data de 14 de janeiro de 2018, em todo o Estado do Paraná, para cultivos em sucessão às culturas de milho ou feijão.

Em razão da Portaria publicada, a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), o Comitê de Ação à Resistência de Fungicidas (FRAC-BR) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDIVEG) manifestam que:

1) A redução do período de semeadura é medida de suma importância para redução do número de gerações do fungo Phakopsora pachyrhizi. Quanto maior for a janela de semeadura e número de gerações do fungo, maior será a pressão para o aparecimento de mutações nos sítios-de-ação dos fungicidas (DMI, QoI, SDHI) que ainda não foram detectados;

2) Além de forçar o fungo a buscar outros mecanismos de resistência como detoxificação, superprodução da enzima-alvo ou das bombas-de-efluxo, excreção do ingrediente-ativo e desenvolvimento de caminhos metabólicos alternativos;

3) Assim, sob o ponto de vista fitossanitário, a medida não é adequada pois aumenta o risco de resistência aos fungicidas, o que já vem sendo corroborado em diversas entrevistas de pesquisadores fitopatologistas publicadas na mídia;

4) A extensão do período de plantio sob o caráter de excepcionalidade, conforme mencionada na própria Portaria, refere-se à solução de um problema climático pontual para o estado do Paraná, não podendo, sob qualquer hipótese, ser extrapolada para situações em outros estados do país;

5) A ANDEF, o FRAC-BR e o SINDIVEG reforçam que, dada as dificuldades para pesquisa e aprovação de produtos fitossanitários à base de novos ingredientes ativos no Brasil, é de suma importância que a adoção de medidas que possam vir a afetar a sustentabilidade na Defesa Vegetal seja precedida por ampla discussão com pesquisadores especializados em resistência aos fungicidas;

6) Adicionalmente, as entidades signatárias também chamam a atenção para a necessidade futura de discussão sobre a relação benefício-custo do próprio cultivo da soja tardia em sucessão ao cultivo de milho ou feijão em face ao risco sanitário causado pela extensão do período de existência de plantas vivas de soja no campo em um período em que as condições climáticas favorecem as doenças e não favorecem o desenvolvimento da planta de soja.

O controle químico através do uso de fungicidas é a principal ferramenta de manejo da ferrugem da soja e essencial para a viabilidade da cultura no Brasil, porém não é a única. Assim sendo Boas Práticas Agrícolas, como o plantio de cultivares em épocas adequadas, calendarização de plantio adubação adequada, e outras práticas devem ser somadas a fim de garantir a sustentabilidade da cultura a longo prazo no nossopaís.

A ANDEF, o FRAC-BR e o SINDIVEG entendem que a manutenção da vida útil dos fungicidas só será possível com o respeito ao vazio sanitário e respeito às leis que estabelecem as datas limite de semeadura.

Para mais informações sobre resistência a fungicidas, consulte: www.frac-br.org

São Paulo, 26 de dezembro de 2017

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Fonte:
Reuters

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