Commerzbank: Nova estratégia do FED também pode ser relevante para preço agrícola de commodities

Publicado em 31/08/2020 16:43

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Uma nova estratégia adotada pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), que sugere um enfraquecimento do dólar norte-americano, pode ser relevante para os preços agrícolas, afirma o Commerzbank.

"Existe uma incerteza considerável em torno da mudança de estratégia anunciada pelo Federal Reserve dos EUA. Nossos colegas do câmbio veem algumas evidências que sugerem um dólar americano mais fraco", afirma a analista de commodities agrícolas do banco, Michaela Kühl, em comentário diário enviado a clientes. "É provável que isso influencie as tendências de preços nos mercados agrícolas", acrescenta.

Segundo a analista do banco alemão, se o euro se valorizar em relação ao dólar dos EUA, isso tornará o trigo mole da União Europeia (UE) menos competitivo internacionalmente, o que provavelmente pesaria no preço.

O fato de o euro já estar se valorizando há algum tempo em relação ao dólar - em virtude dos encargos financeiros impostos pela crise da covid-19 enfrentada pela UE, pelo menos atenuou a flutuabilidade dos preços [das commodities], afirma Kühl. No fim da semana passada, a Comissão Europeia ajustou a safra de trigo mole em mais 3 milhões para 113,5 milhões de toneladas (-13% ano a ano).

A analista do Commerzbank destaca que o dólar americano ante o real brasileiro também é relevante. "O Brasil é o maior fornecedor mundial de café e açúcar... se o dólar norte-americano se desvalorizar em relação ao real, um comerciante brasileiro receberá uma quantia menor em moeda nacional do que antes", lembra a analista, ponderando que os produtos são negociados internacionalmente em dólares norte-americanos.

"Isso reduz o incentivo para vender. Se, como resultado, menos for oferecido no mercado mundial, o preço em dólares americanos tenderá a subir", reflete. "Em meio a todas as incertezas sobre o que deve acontecer, observamos um real consideravelmente apreciado em relação ao dólar norte-americano no fim da semana passada", comenta Michaela Kühl. "Isso ajudou o preço do café arábica a fechar bons 3% na sexta-feira, atingindo a maior alta em cinco meses", destaca.

Para a analista alemã, outro bom exemplo dessa relação é o açúcar, cujo aumento nas posições compradas líquidas especulativas não são garantia de preços imediatamente mais altos: o preço da commodity caiu ligeiramente na sexta-feira. "Ele está deprimido pela alta oferta. Na principal região produtora do Brasil, o Centro-Sul, foi produzido 50% a mais de açúcar que no ano passado e também no acumulado desde abril", alerta.

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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