Preço caindo e alto custo de produção: Dificuldades no setor arrozeiro brasileiro já trazem desafios para próxima safra

Publicado em 15/09/2025 14:20 e atualizado em 15/09/2025 14:52
Produtores avaliam não dar continuidade no plantio da cultura em algumas regiões do BR
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Lavoura de arroz no Centro-Oeste de Minas Gerais. Fonte: Rodrigo Almeida

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"A produção por hectare aumentou ao longo dos anos, mas os preços não acompanharam o custo de produção. Não se consegue ganhar dinheiro", lamentou o produtor de arroz do Rio Grande do Sul, Selton Garcia Cardoso.

Há 32 anos, Selton trabalha com a cultura na cidade de Arroio Grande/RS e conta que vem enfrentando grandes dificuldades para manter sua lavoura ativa. "A produção por hectare era em torno de 120 sacas, mas com decorrer dos anos, e a evolução nas variedades, hoje se colhe em torno de 200 sacas por hectare. Porém, não se consegue ganhar dinheiro, pois o preço não cobre o custo para produzir. Não temos acesso a créditos justos, pois os juros são altíssimos e você tem que se endividar para conseguir. Se nada mudar, vejo com muita preocupação a continuação da minha lavoura orizícola", explicou o produtor. 

Já há alguns meses, o setor arrozeiro brasileiro enfrenta uma crise devido ao excesso de oferta, que resultou na queda drástica dos preços do produto para níveis abaixo dos custos de produção. De acordo com informações do Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina (SindArroz),  neste mês, a saca com 50kg do grão começou cotada a R$ 65, já abaixo do custo, e algumas indústrias chegam a registrar preços na faixa de R$ 58, valor que não era registrado desde a pandemia de Covid-19, e que traz ainda mais preocupação para o setor. 

"Enquanto os custos com embalagens e insumos seguem em alta, o valor da saca de arroz continua em queda, pressionando as margens de lucro tanto do produtor quanto da indústria. Esse desequilíbrio compromete a sustentabilidade da cadeia e desmotiva quem está na base da produção, que, apesar das dificuldades, dá continuidade ao seu trabalho por não ter alternativa. Se essa crise de preços persistir, os impactos serão ainda mais complexos, ameaçando a continuidade das atividades e a geração de emprego”, destacou o presidente do SindArroz, Walmir Rampinelli.

Motivado, até então, por um cenário de mercado favorável, o engenheiro agrônomo e gerente de agronegócio da São Pedro Agropecuária, empresa pertencente ao Grupo J. Mendes, Rodrigo Almeida, conta que introduziu a cultura do arroz em sua unidade de Morada Nova de Minas na safra 2023/24. "Naquele momento, o cenário era favorável para essa produção, pois existia uma quebra de produção na região Sul do país, e chegou ao mercado o lançamento do cultivar BRS A502 pela Embrapa. Apesar do potencial, enfrentamos desafios na implantação da cultura. Na primeira safra, a produtividade foi de 60 sacas por hectare, resultado abaixo do esperado, mas compensado pelo preço elevado da saca que estava em R$ 138, o que viabilizou economicamente o cultivo. Na safra seguinte (2024/25), ampliamos a área para 100 hectares irrigados e obtivemos uma produtividade média de 92 sacas por hectare. No entanto, o mercado recuou, com preços máximos de R$ 85 por saca. Apesar da boa produtividade, os custos elevados comprometeram a rentabilidade, cobrindo apenas as despesas diretas e indiretas, sem gerar lucro", completou o agrônomo.

Apesar da boa produtividade, os custos elevados comprometeram a rentabilidade, cobrindo apenas as despesas diretas e indiretas, sem gerar lucro.(1)

Para Rodrigo, além dos altos custos, outro grande desafio está na escassez de cerealistas especializados na compra de arroz, o que vem limitando as opções de negociação para os produtores, "a comercialização também tem sido um grande desafio. Por isso, a São Pedro Agropecuária decidiu não cultivar arroz na safra 2025/26", afirmou.

A SindArroz-SC avalia que, se o valor da saca de 50kg continuar baixo pelos próximos dez meses, a situação ficará mais complexa para os produtores e estima uma queda de aproximadamente 5% a 8% na produção da Safra de 2025/26.  

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Por:
Raphaela Ribeiro
Fonte:
Notícias Agrícolas

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