Arroz: MT tem 90% das indústrias de beneficiamento sem produto para virar o ano

Publicado em 18/10/2010 07:00
Somente quatro indústrias mato-grossenses possuem cereal em quantidade suficiente para atravessar a entressafra
Com uma produção de 742,7 mil toneladas de arroz na safra 09/10, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso está com 90% de suas indústrias de beneficiamento sem o produto para virar o ano. A escassez de arroz produzido na região é atribuída a um “erro de cálculo” da Conab ou a uma projeção malfeita sobre a saída do produto em casca para estados compradores, como Goiás.

“Ou a Conab fez uma estimativa alta para a produção de arroz e produzimos menos ou vendemos mais do que o previsto e ficamos sem o produto para abastecer nossas indústrias no final do ano, período mais crítico da entressafra”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de Arroz do Estado (Sindarroz), Joel Gonçalves.

Ele alerta que a indústria consegue trabalhar só até meados de novembro com o atual estoque. Apenas quatro indústrias possuem o cereal em quantidade suficiente para atravessar a safra. As demais contam com estoque para apenas um mês, em torno de 42 mil toneladas.

Gonçalves conta que já tem indústria mato-grossense trazendo arroz em casca do Rio Grande do Sul para beneficiar aqui. “O preço que eles cobram lá pela saca de 50 quilos é de R$ 25,80, enquanto a nossa [de 60 quilos] está custando até R$ 40 porque o produto está ficando escasso no mercado”. Segundo ele, muitos produtores estão achando “mais vantagem” trazer o arroz de outras regiões.

“2010 foi um ano ruim para a indústria do arroz, pois estamos chegando ao final do ano sem produção local para movimentar nosso parque, sem estoques de passagens para regular oferta e demanda. Mas não podemos ficar sem mostrar a nossa marca nos supermercados, por isso estamos comprando fora”.

Gonçalves acredita que o arroz adquirido pelas indústrias no Sul do país “vai solucionar o nosso problema de abastecimento neste período crítico do ano”.

Mato Grosso conta com um parque fabril de 33 plantas, com capacidade para beneficiar até 700 mil toneladas de arroz por ano. “Já chegamos a contar com 93 indústrias, há cerca de cinco anos, e gerar 6,5 mil empregos no setor. Atualmente, as indústrias geram apenas 2,3 mil empregos e trabalham com capacidade ociosa em um determinado período do ano. A crise enxugou o setor e hoje só ficaram no mercado os mais fortes”, diz. (Veja quadro com comportamento da rizicultura no Estado)

GARGALO – Segundo o presidente do Sindarroz, o principal gargalo da indústria, assim como de outros setores produtivos, é a logística. “O nosso sistema de transporte é caro e quase inviabiliza a saída dos nossos produtos para outros centros consumidores”, diz Joel Gonçalves.

Ele informa que das 742 mil toneladas produzidas em Mato Grosso, cerca de 500 mil toneladas são beneficiadas no Estado e, deste total, 200 mil toneladas são destinadas ao abastecimento interno e, 300 mil toneladas, ao atendimento a outros mercados, como Rondônia e outros estados da região Norte. Outras 20 mil toneladas de arroz em casca são compradas no Sul e complementam o estoque de 220 mil toneladas necessárias ao suprimento do consumo doméstico.

Segundo empresários do setor de beneficiamento, quem controla o mercado do arroz no Brasil é o Rio Grande do Sul, maior produtor nacional. “Quando o Rio Grande do Sul colhe muito, o preço para o produtor cai. Mas, quando a produção registra queda, os preços melhoram, como aconteceu este ano”.

Para a próxima safra está prevista a manutenção da área da rizicultura em Mato Grosso, com queda dos estoques mundiais e da produção no Sul do país, podendo gerar bons preços ao produtor mato-grossense.

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Fonte:
Diário de Cuiabá

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