Rizicultura vem sendo mais lucrativa que a oleaginosa em MT
“Podemos afirmar que o arroz hoje é mais rentável que a soja em nosso Estado”, garante o agrônomo Mairson Santana. Segundo ele, se os rizicultores aplicarem as tecnologias disponíveis, poderão colher até 80 sacas de arroz por hectare, uma produtividade considerada excelente.
“O preço do arroz é menor que o da soja, mas a alta produtividade e os menores custos de produção compensam e chegam a dar mais lucro ao produtor”, frisa o agrônomo. Ele conta que o produtor que está plantando arroz no lugar da soja tem alcançado bons resultados em Mato Grosso. Principalmente, por causa dos gastos. Para colher 75 sacas de arroz (4,5 mil Kg/ha), o produtor desembolsa R$ 1,2 mil por hectare – custo financeiro total, incluindo aluguéis, máquinas e arrendamento da terra. Vendendo ao preço de R$ 30/saca – cotação média da última semana – o produtor consegue renda bruta de R$ 2,25 mil por hectare. Tirando-se as despesas (R$ 1,2 mil/ha), ainda sobra um lucro de R$ 1,05 mil/ha, coisa que na soja é algo impossível considerando-se os custos de plantio, que passam de R$ 1,3 mil para o produtor. Alcançando uma produtividade de 55 sacas/ha (3,3 mil Kg/ha) e vendendo cada saca ao preço de R$ 36, a renda bruta chegará a R$ 1,98 mil/ha, ou seja, rentabilidade de R$ 680, o equivalente a 64,76% do lucro obtido com o arroz.
“Tem pelo menos quatro anos que o arroz é mais rentável que a soja aqui no Estado, entretanto, poucos produtores perceberam isso e continuam insistindo somente na soja”, lembra Santana.
GARGALOS - A exemplo de outras culturas, o arroz também enfrenta gargalos em Mato Grosso. Além da questão da logística, os rizicultores reclamam da falta de crédito e de uma política agrícola de longo prazo com condições e prazos de financiamento compatíveis à atividade. “O que a soja tem que o arroz não tem é o financiamento. Para a soja, o produtor consegue crédito fácil. Para o arroz, é muito difícil acessar aos recursos oficiais do governo federal. A verdade é que o setor precisa de novas ferramentas de crédito”.
O agrônomo conta que o arroz sempre foi uma cultura de primeiro ano em terras novas. “Plantava-se primeiro o arroz e, no ano seguinte, a área era usada para o cultivo de soja e outras culturas, como o algodão e milho. Com a proibição de abrir novas áreas e com os baixos preços pagos ao produtor, o arroz perdeu espaço e, por isso, a atividade entrou em decadência nos últimos anos, com sucessivas quedas de safra”.
Contudo, os rizicultores acreditam que com as novas variedades lançadas no mercado, haverá uma retomada gradual da cultura. “Novos materiais genéticos estão surgindo no mercado, adaptados às terras velhas, e por isso acreditamos em uma retomada da cultura em nossa região”, aponta.
Segundo ele, quando se plantava arroz no cerrado era apenas para “preparar a terra para a soja ou mesmo para o pasto”, e se colhia entre 20 e 30 sacas por hectare. “Hoje produzimos arroz de boa qualidade e a rentabilidade saltou para mais de 70 sacas/hectare”. Sobre o futuro da atividade, diz: “Se o arroz vai se tornar a cultura da década, isso não sabemos. O mercado é que vai ditar o ritmo nos próximos anos”.
Flavio Schirmann Formigueiro - RS
Se depender do mercado o preço vai despencar também no MT, já que temos um enorme estoque de arroz na região do Mercosul, com produtividade de até 200 sc/ha e preços abaixo de R$ 20,00...