Brasil já exportou 1,98 milhão de toneladas de trigo em 2011

Publicado em 18/05/2011 09:44
Isto é mais do que a exportação do Uruguai ou do Paraguai, o que é significativo. Também significa dizer que, das 5,88 milhões de toneladas produzidas no Brasil na safra 2010/11, uma de cada três toneladas foi exportada. O Rio Grande do Sul exportou 1,264 milhão de toneladas e o Paraná exportou 717 mil toneladas no período de janeiro a abril de 2011.

Como entender isto, se o país ainda precisa importar mais da metade do que consome?

Há varias circunstâncias que tornam isto possível.
A resposta está no quadro de oferta e demanda do Rio Grande do Sul, que produziu algo ao redor de 1.974,8 mil toneladas na safra 2010/11 e só consome internamente cerca de 750 mil toneladas. Sobram-lhe, portanto, 1,224 milhão de toneladas para vender – ou para outros estados brasileiros ou para exportar. Ora, uma boa parte do trigo produzido neste estado é do tipo brando (soft) que não serve para fazer panificação, pelo menos a do tipo exigido no Brasil e por isto não tem muita demanda fora do estado, mas pode perfeitamente servir para os pães feitos nos países árabes.

Como a Rússia, que era o principal fornecedor daquela região, deixou de fornecer em julho/10 e talvez recomece apenas em agosto/11, abriu-se uma brecha forte para outros fornecedores, entre os quais o Brasil. Como cerca de 60% da farinha que interessa ao Brasil é para panificação, os moinhos do restante do país, principalmente do Paraná para cima, não se interessam muito pelo trigo brando, mas, sim, pelo trigo pão, produzido no Paraná ou importado da Argentina, Uruguai e Paraguai ou dos Estados Unidos e Canadá. Assim, há uma troca – exportamos o que não interessa e importamos o que interessa.

As exportações do Paraná também são resultado desta mesma situação: o estado também produz um pouco de trigo brando, cerca de 20% ou 650 mil toneladas/ano, que abastece algumas indústrias de biscoito e bolachas da região. Como a comercialização estava muito parada, com os moinhos deixando de comprar, alguns vendedores, principalmente cooperativas, tomaram a iniciativa de exportar, movimentando o mercado, enxugando estoques e tornando os preços mais equilibrados.

A exportação como alternativa comercial tem vários efeitos positivos e, em nossa opinião, deve continuar no próximo ano.

a) Em primeiro lugar, melhorou os preços em aproximadamente 15% em apenas 30 dias;

b) em segundo lugar, enxugou os estoques, mostrando aos moinhos que havia competição com eles;

c) em terceiro lugar, está motivando o Rio Grande do Sul a plantar mais: por enquanto o aumento de área está sendo somente de 5,9%, mas a expectativa do mercado é de um aumento de até 15%, justamente porque os produtores estão vislumbrando um canal de comercialização que não havia antes, que é a exportação;

d) em quarto lugar, com os preços altos do mercado internacional, a conta final da exportação, posto na casa do agricultor está girando ao redor ou até um pouco superior ao preço mínimo do governo e todos sabemos que os contratos de exportação são mais garantidos que o preço mínimo, porque são realmente efetivos, de modo que é melhor exportar do que esperar pelo governo;

e) finalmente, a longo prazo, se a exportação continuar, é muito provável que trará melhorias tecnológicas que aperfeiçoarão o próprio plantio de trigo no Brasil, como aconteceu com a soja e os outros produtos de exportação que o Brasil desenvolveu que, em contato com mercados mais exigentes, contribuíram para melhorar o produto nacional.

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Fonte:
Trigo & Farinhas

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