Mandioca: Preços tiveram forte recuperação em 2016

Publicado em 06/01/2017 13:31

O ano de 2016 foi marcado por preços recordes nominais de mandioca em alguns períodos, devido à menor oferta em boa parte do ano e ao crescimento da demanda industrial, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Apesar do cenário altista, a área plantada não teve avanço expressivo em 2016, por conta do endividamento de parte dos agricultores, pela menor disponibilidade de crédito para custeio e até de manivas.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram que em 2016 foram colhidos 1,55 milhão de hectares de mandioca, 2,7% abaixo do registrado em 2015. De 2015 para 2016, a produtividade média subiu 1% e totalizou 15,4 toneladas por hectare. Como resultado, a produção brasileira em 2016 foi de 23,9 milhões de hectares, alta de 3,6% na comparação com a do ano anterior.

Nos principais estados produtores/processadores de mandioca houve severas quedas na área colhida e na produção. Dos estados nordestinos, Pernambuco pode ter recuos mais expressivos em área colhida e produção, de respectivos 39,3% e 33,9%. Em Sergipe, a área colhida deve ser 24,5% menor, queda de 24,7% na produção. Na Bahia, a diminuição deve ser de 10,4%, com produção 10,9% inferior entre 2015 e 2016. Em Alagoas, a área colhida deve recuar 3%, com recuo de 1,9% na produção.

No Centro-Sul do País, o cenário também é de queda na área colhida. Em Mato Grosso do Sul, a área em 2016 deve ficar 16,4% abaixo daquela de 2015, enquanto que a produção poderá recuar 20,5%. No Paraná, também deve cair 16,4%, com produção 13,2% mais baixa. Com possível queda de 1,8% na área colhida, a produção paulista deve ser 4,1% maior entre 2015 e 2016.

No primeiro semestre de 2016, a indústria de fécula processou 1,41 milhão de toneladas de mandioca, quantidade 15,9% superior à de igual período do ano anterior, atingindo o maior volume processado em um único semestre em toda série histórica do Cepea. Isso porque a previsão era que poderia faltar raiz – e, consequentemente, fécula – no último trimestre de 2016. No segundo semestre, com a baixa disponibilidade de mandioca de segundo ciclo, o total de mandioca processada foi de 974,89 mil toneladas, 27,1% inferior ao de igual período de 2015. O total processado em 2016 foi de 2,39 milhões de toneladas, 6,6% abaixo de 2015.

Nos primeiros quatro meses de 2016, a quantidade de mandioca processada pelas fecularias aumentou 38% frente ao mesmo período do ano anterior. Apesar disso, com o intuito de se abastecer ou de formar estoques, a demanda industrial seguiu firme, impulsionando as cotações. Nominalmente, entre dezembro/15 (R$ 216,32/t) e abril/16 (R$ 343,07/t), a média apurada pelo Cepea subiu 58,6%. Com a entrada da nova safra em maio, os preços foram pressionados e fecharam o semestre com média de R$ 306,85/t (R$ 0,5337/grama), 109% acima do preço médio de igual período de 2015.

Após junho, por conta da baixa disponibilidade de raízes de segundo ciclo, a quantidade ofertada foi expressivamente menor, com recuos no total processado pelas indústrias, que continuaram com demanda firme, que resultou em expressivas altas, até atingir preço médio de R$ 540,14/t (R$ 0,9393/grama) em outubro. Mesmo com alguma pressão em novembro, o mês de dezembro voltou a registrar altas. A média nominal a prazo para 2016 ficou em R$ 358,19/t (R$ 0,6229/grama), 116,4% acima daquela de 2015.

Todos os estados acompanhados pelo Cepea tiveram preços maiores em 2016 do que em anos anteriores. Em 2016, a média a prazo para o estado do Paraná foi de R$ 382,17/t (R$ 0,6646/grama), 124% acima da média de 2015. O preço médio anual para o Mato Grosso do Sul subiu 110,6% em 2016, indo a R$ 334,78/t (R$ 0,5822/grama). Em Santa Catarina, a alta anual foi de 83,3%, com média de R$ 332,13/t /(R$ 0,5776/grama no período). Ainda que o aumento no estado de São Paulo – média da região de Assis – tenha sido de 93,6%, continuou sendo a menor entre os estados acompanhados, R$ 299,60/t (R$ 0,5210/grama).

Fécula: Após dois anos de crescimento, produção de fécula cai em 2016 – A baixa oferta de mandioca, especialmente no segundo semestre, bem como o teor e a extração de amidos baixos influenciaram a queda na produção anual de fécula, após dois anos de crescimento. Os preços da fécula também subiram, em menor proporção do que o da raiz, o que indica que houve diminuição nas margens na indústria em 2016.

De acordo com o levantamento semanal do Cepea, em 2016 foram produzidas 651,59 mil toneladas de fécula, quantidade 4,2% abaixo da do ano anterior, sendo a menor produção desde 2014. A comercialização do produto esteve mais voltada ao atacado e ao varejo, com queda nas vendas aos segmentos industriais.

A demanda pelo derivado também não apresentou crescimento expressivo em 2016, reflexo da queda na produção industrial. De acordo com dados mais recentes do IBGE, entre outubro/15 e outubro/16, a produção industrial recuou 7,3%, enquanto que, no ano, a diminuição foi de 7,7%. Além disso, com o aumento da inflação e consequente diminuição na renda, as vendas no varejo também tiveram queda em boa parte de 2016. Dados do IBGE indicaram que, até outubro, a queda foi de 9,3%, sendo que, na atividade de super e hipermercados, as vendas caíram 3,2% em igual período.

Segundo cálculos do Cepea, a média mensal de consumo aparente de fécula de mandioca entre janeiro e novembro de 2016 ficou em 53,7 mil toneladas. Com isso, ao comparar o consumo de 2016 com o de mesmo período de 2015, que foi de 54,4 mil toneladas, houve queda de 1,1% no ano passado.

Nos primeiros meses de 2016, agentes da indústria armazenaram o produto diante de uma possível falta no segundo semestre. Contudo, a fraca demanda pelo derivado influenciou no crescimento dos estoques ao longo do ano, que ficaram concentrados com poucas empresas. Desta maneira, o total de estoque na última semana de 2016 atingiu 92,3 mil toneladas, 35,6% acima do mesmo período do ano anterior.

O preço médio da tonelada de fécula (FOB fecularia) passou de R$ 1.545,60/t (R$ 38,64/saca de 25 kg) em dezembro/15 para R$ 2.173,72/t até abril/16 (R$ 2.173,72/t), forte alta de 39,8% no 1º quadrimestre. Assim como os preços da raiz, os mesmos foram pressionados em maio e junho, para voltara a subir em praticamente todo o segundo semestre, atingindo a máxima de R$ 2.842,72/t (R$ 71,06/saca de 25 kg) em outubro. A média nominal para 2016 ficou em R$ 2.119,69/t (R$ 52,99/saca de 25 kg), 82% acima da média do ano anterior.

A maior média anual de 2016 ocorreu no estado de São Paulo – região de Assis – tendo ficado em R$ 2.153,87/t (R$ 53,85/saca de 25 kg), com alta de 81,3% frente à média de 2015. No Paraná, a média de 2016 ficou em R$ 2.126,38/t (R$ 53,16/saca de 25 kg), subindo 84,6% ante a média do ano anterior. Em Mato Grosso do Sul, a média anual subiu 85,3% indo a R$ 2.085,12/t (R$ 52,13/saca de 25 kg) em 2016. Em Santa Catarina, o preço médio anual da fécula foi de R$ 2.104,27/t (R$ 52,61/saca de 50 kg) em 2016, subindo 68,4% em relação à média do ano anterior.

Farinha: Mercado dependente da demanda do Nordeste – Em 2016, o mercado de farinha de mandioca oscilou entre momentos de boa liquidez e de lentidão, cenário que pode ser atribuído à entrada e/ou saída dos comerciantes nordestinos, especialmente nas aquisições do produto no Centro-Sul, com destaque para o Paraná e estado de São Paulo. Por conta do elevado preço da matéria-prima, as cotações das farinhas estiveram em alta em boa parte do período.

Os preços da mandioca para a indústria de farinha também subiram por conta da baixa oferta, tendo inclusive havido alguma disputa pelo produto com a indústria de fécula. Além disso, com agentes nordestinos comprando mandioca do Centro-Sul, as cotações se mantiveram altas em praticamente todo o ano. Desta maneira, em 2016, o preço médio nominal a prazo para a tonelada de mandioca posta farinheira ficou em R$ 367,44/t (R$ 0,6390/grama), alta de 125% frente à média de 2015.

A indústria de farinha do Paraná continuou dependendo das regiões Norte e Nordeste para conseguir o produto. Entretanto, diferente de anos anteriores, estes mercados tiveram consumo pouco expressivo.  Deste modo, além da comercialização ser mais regionalizada, aumentaram os estoques de parte dos agentes.

Enquanto a indústria de farinha paranaense diminuiu as vendas para o Nordeste, parte das farinheiras da região paulista de Assis registrou crescimento na comercialização para aquele mercado, tanto de farinha quanto de raiz de mandioca. Em boa parte de 2016, algumas empresas embarcaram farinha para a Bahia, Sergipe e Pernambuco. Mesmo assim, as margens também seguiram mais apertadas. O ritmo de negócios foi menos intenso para as farinheiras da região de Campinas (SP), que tiveram o segmento atacadista do Sudeste como principal destino.

Os preços das farinhas têm subido desde julho de 2015, altas que foram consolidadas ao longo de 2016. A média nominal a prazo para janeiro da farinha de mandioca branca fina/crua tipo 1 foi de R$ 69,09/saca de 50 kg e, até outubro, atingiu R$ 97,30/saca de 50 kg, alta de 41%. Em igual período de comparação, o preço médio da farinha de mandioca grossa subiu 40%. Em maio, os preços das farinhas caíram, mas voltaram a subir em junho. Entre julho e setembro, as médias para a farinha fina ficaram na casa dos R$ 100,00/saca de 50 kg e, a farinha grossa, em R$ 80,00/saca de 40 kg. Respectivamente, os preços desses produtos atingiram médias de R$ 128,83/saca de 50 kg e R$ 103,26/saca de 40 kg em outubro e voltaram a baixar nos últimos meses de 2016, mantendo-se, ainda, em patamares elevados.

Em 2016, o valor médio nominal a prazo para a saca de 50 kg da farinha de mandioca branca fina/crua tipo 1 foi de R$ 97,94, alta de 98,9% em relação à média de 2015. Em mesmo período de comparação, o valor médio nominal a prazo da farinha de mandioca branca grossa/crua tipo 1 subiu 97,1%, indo a R$ 78,31 em 2016.

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Fonte:
Cepea

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