Pesquisadores estrangeiros conferem resultados de pesquisa para produzir vinhos finos mais sustentáveis em SC

Publicado em 29/01/2020 15:59

Pesquisadores alemães e italianos estão percorrendo Santa Catarina na última semana de janeiro, juntamente com profissionais da Epagri e da UFSC, para conferir os resultados já alcançados no projeto de desenvolvimento das uvas Piwi. O termo alemão caracteriza um grupo de variedades de uvas obtidas nos últimos anos via melhoramento genético, oriundas de cruzamentos de variedades viníferas com espécies selvagens. O objetivo é reunir numa só planta a qualidade das viníferas e a resistência a doença das selvagens, permitindo a produção de vinhos finos com menos custos e impactos ambientais reduzidos.

O projeto Avaliação vitivinícola de genótipos de videira nas condições edafoclimáticas de Santa Catarina vem sendo desenvolvido desde 2013 pela Epagri, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e apoio da Fundação Edmund Mach, que fica na Itália, e do Instituto Julius Kuhn, da Alemanha. Nessa semana os técnicos brasileiros e estrangeiros estarão visitando cultivos experimentais em Videira, Água Doce, São Joaquim, Curitibanos e Urussanga. Durante toda a quarta-feira será feita análise sensorial dos vinhos já produzidos a partir das uvas Piwi e na quinta pela manhã acontece uma visita à unidade de pesquisa da UFSC em Curitibanos (confira calendário no final da matéria).

A comitiva iniciou os trabalhos por Florianópolis, onde foi recebida pela presidente da Epagri, Edilene Steinwandter e por parte da diretoria e gerência da instituição. Na ocasião, foram tratados assuntos estratégicos para seguimento do projeto. Ainda na segunda-feira, os técnicos envolvidos na pesquisa apresentaram os resultados já alcançados ao secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa, que se mostrou motivado e comprometeu-se a apoiar o desenvolvimento dos trabalhos.

Resultados promissores

André Luiz Kulkamp de Souza, gerente da Estação Experimental da Epagri em Videira e um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto, explica que o grande diferencial das uvas Piwi é que se consegue, via tecnologia molecular, novas variedades com mais de 90% de sangue de vinífera e apenas o gene de resistência - já conhecido e mapeado - das selvagens. Ele conta que, em alguns países do mundo as uvas Piwi já são consideradas viníferas.

Já foram colhidas safras das uvas Piwi nas produções experimentais conduzidas pelo projeto e os resultados são promissores, avalia André. De acordo com ele, já é possível identificar algumas variedades com potencial para o Estado, principalmente as brancas para fabricação de vinhos e espumantes. Isso por que elas são bastante produtivas, apresentam maturação adequada e vinhos com características interessantes, além da alta resistência ao míldio da videira, a principal doença da cultura.

Segundo o pesquisador da Epagri, a diferença de características produtivas e enológicas da uva nos diferentes locais de Santa Catarina prova que existem variedades que se adaptam melhor a cada condição de solo e clima. Desde 2015 as novas variedades vêm sendo testadas em cinco regiões vitícolas do Estado com diferentes altitudes: Água Doce, com 1.300m; São Joaquim, com 1.100m; Curitibanos, com 900m; Videira, com 750m; Urussanga, com 49m.

As uvas europeias de alto potencial enológico - como Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Pinot Noir – são muito suscetíveis a doenças fúngicas quando cultivadas nas condições climáticas catarinenses. “A introdução e a criação de novas variedades adaptadas às condições locais de cultivo, resistentes ou tolerantes a estresses bióticos e com elevado potencial enológico, torna-se essencial na busca de um sistema de cultivo sustentável”, justifica André.

O estudo está sendo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de SC (Fapesc), sendo parte do recurso oriundo do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura de Santa Catarina (Fundovitis).

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Assessoria de Comunicação

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