Palmas/PR derruba 40% dos pomares de maçã

Publicado em 19/08/2010 07:40
Com rendimento em queda, produtores acumulam dívida de R$ 10 milhões e pedem socorro.
Uma a uma, as macieiras de Palmas estão indo ao chão, apesar de a cidade ser líder estadual na produção de maçãs há mais de 20 anos. Depois de sucessivas crises, a área para o cultivo da fruta caiu 42% nos últimos cinco anos na região. Endividados, os produtores afirmam que chegaram ao fundo do poço, pedem moratória das dívidas estimadas em R$ 10 milhões e precisam de novos financiamentos para renovar os pomares.

Eles dizem que o tradicional cultivo da fruta pode até desaparecer, agravando problemas sociais no município, que fica no Centro-Sul e faz divisa com Santa Catarina. A participação de Palmas na área estadual da maçã caiu de 60% para 35% em cinco anos. Atualmente, o Paraná cultiva cerca de 1,8 mil hectares com a fruta.

O fenômeno El Niño agravou a crise na última safra. O excesso de chuva reduziu a produção e elevou os custos em até 50%. Além disso, não houve variação da temperatura ao longo dia na época do amadurecimento do fruto, que precisa de uma diferença maior que 5 graus para pegar cor. Com perda de qualidade, muitos produtores palmenses tiveram de entregar a colheita a R$ 0,40 o quilo, 50% a menos do que esperavam. Some-se a isso o dólar barato, que facilita a importação da maçã argentina e dificulta a exportação das frutas brasileiras. Os fruticultores relatam estar quebrados e trocam os pomares pelo plantio de pinus, soja e milho.

Os números evidenciam o problema. A área para o cultivo da maçã passou de 1.084 para 630 hectares entre as safras 2004/05 e 2009/10 em Palmas. A produção caiu 42% só no último ano – de 26 mil para 15 mil toneladas.

E a situação vai piorar se não houver socorro urgente aos fruticultores, afirma o secretário de Agricultura de Palmas, Rodrigo Keppe. A safra 2010/11 começa a ser preparada em setembro e outubro e, sem auxílio, mais produtores devem sair da fruticultura. “Se o produtor sair (da maçã), não volta mais”, sentencia.

Socorro social

O pedido de ajuda já foi feito ao governador do Paraná, Orlando Pessutti, mas ainda não houve resposta. Os fruticultores de Palmas elaboraram um documento em que detalham as dificuldades do setor e listam ações que ajudariam a evitar a erradicação do cultivo da maçã no município.

Os produtores informam que a cultura da maçã emprega 1.561 famílias entre funcionários fixos e temporários – cerca de 6 mil pessoas – em Palmas. Bastante, para uma população estimada em 35 mil habitantes. Sem as macieiras para podar e sem maçã para colher, podem ficar sem trabalho e comprometer a economia local.

Nos últimos cinco anos, o total de trabalhadores temporários teria caído 37%. Na safra 2005/06, foram contratadas 1,5 mil pessoas para fazer a poda das macieiras e para a colheita numa área de mil hectares. Na safra passada, a área caiu quase à metade e as vagas temporárias se limitaram a 945.

Para evitar queda maior de empregos neste ano, os fruticultores pedem a renegociação dos débitos de 46 agricultores, que juntos devem cerca de R$ 10 milhões. Mas só isso não basta, afirmam. Eles dizem precisar de novos financiamentos para arcar com os custos da próxima safra e de três anos de carência para começar a pagar.

Além disso, a unidade da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) precisa ser modernizada. São necessários R$ 2 milhões para investimento no frigorífico coletivo instalado no local, que pode estocar metade da safra do município enquanto são negociados melhores preços. O custo de armazenagem é considerado alto e o serviço, de “péssima qualidade” pelos produtores.

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Fonte:
Gazeta do Povo

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