Produtores de frutas driblam dificuldades no comércio exterior
De acordo com o presidente do congresso e agrônomo da Embrapa, Amilton Guerra, maior dificuldade enfrentada pelo setor na atualidade é não contar com uma política governamental de planejamento, que priorize os gargalos na logística, principalmente no que diz respeito à infraestrutura, promovendo a construção de estradas, portos e aeroportos, por exemplo.
Outro desafio apontado por Guerra são as cargas portuárias elevadas. Ele afirma ser bastante difícil driblar essa dificuldade, uma vez que brigar com o comércio exterior é uma árdua batalha travada contra países que são formadores de opinião no mercado mundial, cujas economia e política são muito fortes.
O agrônomo lembra que há cerca de dois anos houve um embate entre o Brasil e países da Europa, quando o fornecimento brasileiro de banana para aquele continente por pouco não foi cancelado. “Foi uma briga grande. Naquela ocasião, elevaram toda a nossa carga tarifária, para impedir que exportássemos. Isso criou uma disputa enorme e entramos junto a órgãos que controlam o Mercado Comum Europeu, até que conseguimos reverter a situação”, conta.
Em relação ao mercado externo, Guerra diz que apesar de ser o principal foco do setor, hoje não é mais tão atrativo quanto há cerca de dois anos, por causa da valorização do real frente ao dólar. “Com a moeda americana custando R$ 1,65 o nosso lucro é muito reduzido. O ponto de equilíbrio é R$ 1,70, principalmente no que diz respeito aos produtos fortes do Rio Grande do Norte, que são castanha de caju, melão e banana”, analisa.
O agrônomo aponta os mercados europeu e americano como aqueles que mais recebem frutas brasileiras e diz que hoje o produto está começando a entrar em países do Oriente Médio e no Japão. Nestes, vêm sendo necessárias adequações, no que diz respeito à quantidade de agrotóxicos utilizada durante o cultivo, bem como na observação de regras que garantam o respeito ao meio ambiente.
Inovação
Para os próximos anos, Guerra diz que uma das novidades do setor em terras potiguares deverá ser a introdução de culturas de clima temperado no semi-árido. A expectativa é de que seja possível o cultivo de maçã, pera, uva e ameixa.
O agrônomo conta que já existe uma experiência bem sucedida com essas frutas na cidade pernambucana de Petrolina. Além disso, no Rio Grande do Norte há o cultivo de uva em uma área de 50 hectares. “Queremos mostrar ao nosso agricultor que ele tem outras alternativas”, destaca.