Eliza, Clara, Ana e Cristal: cultivares de batata da Embrapa mostram seu potencial

Publicado em 05/07/2011 07:50
Está na hora de plantar batatas! Para os produtores de grande parte do país, especialmente o estado de São Paulo, que já finalizaram a colheita de sua produção, agora é o momento certo de iniciar a nova safra.
A Embrapa Transferência de Tecnologia (Brasília, DF), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, disponibiliza no mercado, para os produtores, as batatas BRS Eliza, BRS Ana, BRS Clara e Cristal. Todas melhoradas pela pesquisa e com potencial de produção para todo o país.

Essas cultivares são resultado do programa de melhoramento genético da batata da Embrapa, que envolve três Unidades de Pesquisa da empresa – Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) e Embrapa Transferência de Tecnologia/Escritório de Negócios de Canoinhas (Canoinhas, SC).

A mais nova cultivar lançada pela Embrapa é a BRS Clara, resultado de parceria entre as Unidades da Embrapa Clima Temperado, Embrapa Transferência de Tecnologia e Embrapa Hortaliças, além da contribuição do Instituto Agronômico do Paraná - Iapar.

Lançada em 2010, essa cultivar tem ciclo médio de cem dias, com bom aspecto vegetativo, exceto o enrolamento fisiológico característico das folhas, que atinge relativamente boa cobertura do solo. Apresenta um elevado potencial produtivo, com alta percentagem de tubérculos graúdos, tendo resistência alta à requeima e moderada à pinta-preta. Observa-se, também, que não há problemas com distúrbios fisiológicos nos tubérculos.

Destaca-se na cultivar uma grande facilidade de manejo e brotação e de controle de requeima. No período mais quente do ano, deve ser comercializada imediatamente após a colheita, devido à perda de qualidade da película. Tem uso preferencial para preparação de saladas e outros pratos semelhantes.

BRS Ana é uma cultivar lançada em 2007, adequada para fritura à francesa, com potencial de processamento na forma de palitos pré-fritos congelados e de flocos. Foi desenvolvida pelas Unidades da Embrapa Clima Temperado, Transferência de Tecnologia (Escritório de Canoinhas), e Hortaliças. Suas características de maior destaque são a aparência, o rendimento de tubérculos, peso específico e qualidade de fritura.

Os tubérculos têm película vermelha, levemente áspera, polpa branca, formato oval e olhos rasos. Seu potencial produtivo é alto. No ecossistema subtropical, apresentou maior produtividade que as cultivares mais plantadas no país, quando cultivada no outono, e não diferiu na primavera. Apresenta, também, menor exigência em fertilizantes que as principais cultivares importadas e também mostra moderada tolerância à seca. A BRS Ana possui suscetibilidade moderada à requeima e boa resistência à pinta preta, apresentando baixa degenerescência de sementes por viroses, conferida pela resistência ao vírus Y da batata, e baixa incidência ao vírus do enrolamento da folha da batata.

BRS Eliza, lançada em 2002, é outra cultivar desenvolvida pelo programa de melhoramento da Embrapa Clima Temperado. Possui um elevado potencial produtivo, com tubérculos de boa aparência e resistência à requeima e à pinta preta. Tem menor exigência em fertilização que as principais batatas importadas, o que possibilita sua utilização tanto em sistema de produção convencional como orgânico.

Possui bom nível de resistência de campo às principais doenças fúngicas foliares, à requeima e à pinta preta. Porém, é suscetível ao vírus Y da batata, ao vírus do enrolamento da folha (Potato leafroll vírus - PLRV) e à canela preta (Pectobacterium sp.). A cultivar apresenta ciclo médio, hábito de crescimento ereto, com porte médio. Tubérculos com formato oval; película amarela e lisa; polpa amarela clara e olhos rasos. Possui período de dormência médio.

Na culinária, sua aptidão é para o cozimento objetivando o preparo de purê e pratos afins, com teor de matéria seca baixo. Os melhores locais para o plantio dessa cultivar são as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Lançada em 1996, a batata Cristal foi desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa Clima Temperado. Apresenta moderado potencial produtivo de tubérculos de boa aparência e potencial de utilização em sistema de produção orgânica. Possui resistência de campo a requeima (Phytophthora infestans) e à pinta preta (Alternaria solani) e bom nível de resistência ao vírus Y da batata (Potato vírus - PVY). Apresenta, ainda, ciclo médio, hábito de crescimento ereto, com porte médio-baixo. Os tubérculos possuem formato oval-alongado; película amarela, um pouco áspera; olhos rasos; polpa amarela intensa.

Com período de dormência médio, a Cristal é de uso múltiplo, com aptidão à fritura na forma de palitos e cozimento para a elaboração de saladas, purê e pratos afins, com teor de matéria seca médio-alto. A melhor época do ano para plantar a batata Cristal é no inverno, nos estados do Sul do país.

Consumo variado - A batata é uma cultura originária do Peru e um dos vegetais mais utilizados nas cozinhas de todo o mundo. Ocupando a quarta posição entre as principais culturas produzidas mundialmente, a batata apresenta grande importância na produção agrícola nacional. A produção mundial anual de batata supera 300 milhões de toneladas em uma área de 19 milhões de hectares.

O Brasil produz cerca de 2,8 milhões de toneladas por ano. As regiões Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) do Brasil são as que mais se destacam na produção, sendo que o estado de Minas Gerais é o principal produtor brasileiro. O rendimento médio nacional é de aproximadamente 22 toneladas por hectare, rendimento ainda considerado baixo, mas que é 45% maior do que o praticado há 10 anos no país. Tais produtividades são alcançadas devido às modernas técnicas de cultivo empregadas pelos produtores, associadas a cultivares mais produtivas que são desenvolvidas pelos programas de melhoramento genético da cultura.

O projeto desenvolvido atualmente pela Embrapa “Melhoramento genético de batata para ecossistemas tropicais e subtropicais do Brasil” tem também a participação do Instituto Agronômico do Paraná - Iapar e da Empresa Pesquisa e Extensão Rural de Santa Catarina - Epagri, além de contar com a cooperação técnica de diversas instituições nacionais e internacionais. O projeto conta, também, com o apoio de órgãos de ATER - Assistência Técnica e Extensão Rural e de organizações de produtores, com destaque para Associação da Batata Brasileira (ABBA), Associação dos Bataticultores de Minas Gerais (ABASMIG), Associação dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul (ABVGS) e a Cooperativa Mista dos Pequenos Agricultores da Região Sul (Coopar).

Este projeto visa desenvolver novas cultivares tanto para sistemas de produção convencional quanto orgânico e melhorar a base genética para resistência a vírus, com ênfase no PVY, resistência a doenças, com foco em requeima, pinta-preta e murcha-bacteriana, resistência a insetos e pragas e ao acúmulo de açúcares redutores. São ainda desenvolvidas ações visando identificar raças e/ou estirpes de agentes causadores das principais doenças, bem como para melhorar os sistemas de produção de semente pré-básica.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Embrapa

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário