Nova safra de laranja do Brasil aponta para oferta mais limitada, diz Cepea

Publicado em 11/01/2018 17:16

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SÃO PAULO (Reuters) - Após uma grande produção de laranja em 2017/18, as primeiras indicações são de que a safra 2018/19 no Estado de São Paulo e Triângulo Mineiro pode ser novamente de "oferta controlada", o que tem afetado o interesse de venda de produtores, segundo avaliação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

"Isso porque, com o clima desfavorável durante o 'pegamento' dos chumbinhos da primeira florada (a principal), que dariam origem às frutas da próxima temporada, perdas foram relatadas em três das quatro principais regiões produtoras de citros de São Paulo", afirmou o Cepea em nota nesta quinta-feira.

A avaliação do centro de estudos da USP aponta para uma menor oferta da fruta para a indústria de suco do Brasil, maior exportador global do produto, diferentemente do que aconteceu na temporada 2017/18, quando o setor aproveitou boa disponibilidade para recuperar estoques que estavam em níveis baixíssimos.

"Além da previsão de menor oferta de matéria-prima em 2018/19, há de se considerar que a recuperação de 93 por cento nos estoques de suco de laranja nas processadoras paulistas em junho de 2018 ainda não sinaliza excesso de oferta de suco. A safra volumosa será suficiente apenas para amenizar os estoques bastante baixos de 2016/17", avaliou o Cepea.

A colheita da safra 2018/19 para a indústria processadora começa em junho.

O Cepea acrescentou que novas florações no fim do ano passado podem amenizar as perdas já ocorridas na temporada 2018/19, caso a fixação das flores e frutos seja satisfatória.

O primeiro relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) referente à próxima safra brasileira de laranja, divulgado em dezembro, indica produção de 320 milhões de caixas de 40,8 kg em 2018/19, queda de 19 por cento em comparação com 2017/18, citou o Cepea.

Em dezembro, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) estimou a safra 2017/18 em 385,2 milhões de caixas, alta de 57 por cento ante a temporada anterior.

"Embora seja cedo para qualquer dimensionamento (sobre 2018/19), produtores consultados pelo Cepea apostam em redução ainda mais intensa", afirma a análise do centro de pesquisas.

Além do clima, a elevada carga de frutas da temporada 2017/18 também reduz o potencial produtivo de 2018/19.

Outro fator que deve manter agentes do setor atentos à oferta global de suco de laranja é a menor produção da Flórida, por mais uma temporada, disse o Cepea.

"Conforme o último relatório divulgado pelo USDA em dezembro, a colheita do Estado deve totalizar apenas 46 milhões de caixas, recuo de 33 por cento em relação à safra passada. Além do 'greening', que vem impactando a produção local há algumas temporadas, nesta também são sentidos os impactos do Furacão Irma, que atingiu o Estado norte-americano em setembro de 2017."

Assim, com nova queda nos estoques de suco norte-americanos, a necessidade de importação da commodity pelos EUA já tem se elevado, comentou o Cepea.

PREÇOS

As primeiras propostas de aquisição das laranjas da safra 2018/19 foram relatadas no mercado paulista em meados de novembro passado.

Segundo o Cepea, ainda que de forma pontual, as grandes processadoras sinalizaram possíveis negociações ao redor dos 20,00 reais/caixa, colhida e posta na fábrica, com adicional de participação no preço de venda do suco no mercado internacional.

Os preços propostos inicialmente pela indústria são superiores aos do mercado spot na safra 2017/18, mas inferiores aos da temporada 2016/17, quando a oferta foi restrita, disse o Cepea.

Apesar disso, citricultores seguem receosos quanto ao fechamento de contratos, em meio a um consenso de que a próxima temporada será inferior à atual. O centro de pesquisas avaliou que muitos aguardam a aproximação da safra para observar se serão realizados reajustes nas remunerações.

(Por Roberto Samora)

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Fonte:
Reuters

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