Citricultores ganham reforço político

Publicado em 26/03/2010 09:04

Audiência pública realizada na quarta-feira em Brasília pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara manteve à tona as críticas de produtores de laranja à atuação das grandes indústrias exportadores de suco e fortaleceu os pedidos de políticas públicas específicas para pequenos e médios agricultores.

De acordo com informações da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), com sede em Bebedouro (SP), os participantes da audiência apresentaram quatro propostas principais que envolvem os dois temas que concentraram os debates: renegociação de dívidas, seguro rural contra problemas fitossanitários, restabelecimento da concorrência e restrição à verticalização das indústrias, que, concentradas em São Paulo, cada vez mais investem em pomares próprios da fruta no Estado.

Duarte Nogueira e Antonio Carlos Mendes Thame, os dois deputados federais do PSDB paulista mais ligados à citricultura do Estado, reforçaram as costumeiras críticas às empresas e pediram maior participação do governo na mediação das relações na cadeia produtiva. Para Nogueira, a relação contratual de aquisição da laranja dos produtores por parte das indústrias tornou-se muito desigual. Sem citar nomes, Thame acusou as grandes empresas - que são Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus - de formação de cartel e afirmou que, nesse ambiente, 20 mil pequenos citricultores faliram nos últimos 20 anos.

O suposto cartel entre as companhias é investigado pelas autoridades federais antitruste e pela Justiça paulista. Recentemente foi deslacrado um lote de documentos apreendidos pela Polícia Federal na sede da Citrovita na "Operação Fanta" de 2006 que poderá dar fôlego novo às investigações da Secretaria de Defesa Econômica (SDE) do Ministério da Justiça. "Esperamos que, daqui para frente, os resultados da "Operação Fanta" apresentem resultados", reafirmou Flavio Viegas, presidente da Associtrus.

A colheita da próxima safra paulista de laranja começa em maio. Como o previsto, os preços no mercado spot paulista dobraram - estão em cerca de R$ 10 a caixa de 40,8 quilos, segundo levantamento o Cepea/Esalq -, mas as renovações de contratos de fornecimento de longo prazo entre indústrias e produtores estão difíceis, conforme a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp). A mesa de citricultura da entidade prevê colheita de, no máximo, 320 milhões de caixas, ante cerca de 350 milhões no ciclo passado.

Na bolsa de Nova York, os contratos de segunda posição de entrega do suco de laranja encerraram a sessão de quinta-feira negociados a US$ 1,4350 por libra-peso, queda de 105 pontos. Em março, a queda acumulada chega a 0,07%, segundo o Valor Data, mas nos últimos 12 meses há uma valorização de 81,65%. É este salto, derivado da redução da oferta em São Paulo e sobretudo na Flórida, que anima os produtores a conseguirem melhores preços nas negociações de contratos de fornecimento de longo prazo com as empresas.

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Fonte:
Valor Econômico

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