Avança costura para criação da 'Unicitrus-SP'

Publicado em 05/11/2010 06:35
Lair Antonio de Souza está de volta aos holofotes citrícolas. Aos 81 anos, o empresário participa ativamente das articulações para a criação de uma entidade capaz de aglutinar as demais associações que representam produtores de laranja em São Paulo e apresentar posições comuns nas negociações com as indústrias de suco, estimuladas a partir da criação do Consecitrus.

Idealizado como um ambiente no qual citricultores e indústrias possam tratar de questões que vão desde os preços de fornecimento da fruta para a fabricação da commodity até ameaças fitossanitárias aos pomares, o Consecitrus recebeu aval das partes em reunião no dia 25 de outubro na Secretaria da Agricultura de São Paulo, Estado que responde por 80% da produção nacional de laranja e abriga as principais companhias exportadoras (Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus).

Esses quatro players dominam as vendas externas do país, que deverão render US$ 2 bilhões em 2010 e continuar a representar uma fatia de 85% das exportações mundiais de suco de laranja, segundo o estudo "O retrato da Citricultura Brasileira", coordenado por Marcos Fava Neves, professor da FEA/USP. Por outro lado, os pomares paulistas ocupam pouco mais de 620 mil hectares, com 164,2 milhões de árvores adultas produtivas (incluindo o Triângulo Mineiro). Na frente agrícola, ainda são mais de 10 mil produtores.

Espalhadas as peças em um tabuleiro marcado pela queda da demanda internacional por suco de laranja na última década, Souza tenta colaborar para as que representam os produtores de laranja na nova "Unicitrus-SP", que reuniria representantes da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp). As três participaram das conversas que precederam a assinatura do protocolo de intenções para a criação do Consecitrus.

Na reunião do dia 25, ficou decidido que as três entidades discutiriam "entre si e junto aos citricultores que desejarem participar a forma de sua participação" uma fórmula que pudesse resultar na "Unicitrus-SP". Com posições previamente alinhada, esta poderia ter o mesmo da peso que a Associação Nacional dos Fabricantes de Sucos Cítricos (CitrusBR, que reúne as quatro grandes indústrias) nas conversas do Consecitrus.

Pela proposta que está sendo apresentada por Souza às entidades que representam os citricultores, a "Unicitrus-SP" seria constituída por produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas) e após consenso de pelo menos 51% dos citricultores paulistas, e a divisão de forças para a votação dos conselheiros (seriam 11, além de 11 suplentes) levaria em conta o número de pés de laranja representado.

Para o empresário, talvez essa seja a parte menos difícil do processo em curso que visa estruturar a cadeia citrícola tendo em vista a retração da demanda global por seu principal produto. As dificuldades se aprofundarão, em sua opinião, a partir das discussões que definirão os parâmetros que serão levados em consideração para uma definição dos preços da fruta utilizada pelas indústrias.

Souza já teve duas fábricas de suco de laranja no mesmo terreno em Araras, no interior de São Paulo, e quer levar essa experiência, reforçada pela gestão de seus mais de 2 milhões de pés de laranja, para a negociação desses parâmetros. Para isso, apresenta sua própria planilha de custos, já que é com base nos custos de produção da fruta, e não no preço de venda do suco de laranja, que ele acredita que devem ser baseadas as discussões. Até agora, o empresário participou do processo de criação do Consecitrus como convidado.

"O Consecitrus não pode ser um órgão político. É preciso critérios técnicos para as decisões que serão adotadas", diz. E questiona o custo de produção apresentado pelas indústrias em seus próprios pomares, de R$ 7,26 por caixa de 40,8 quilos na safra passada. Em primeiro lugar, diz, o valor já está cerca de 10% maior. Depois, continua, é um cálculo para pomares de altíssima produtividade, de quase 1.350 caixas por hectare, em um mercado onde 1.000 caixas por hectare já é uma eficiência elevada. Souza prega a fixação, com base nos custos, de um preço-base para as negociações de contratos de fornecimento da fruta para as indústrias. Ele também defende a divisão de ganhos com as indústrias em casos de altas inesperadas do suco.

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Fonte:
Valor Econômico

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