Indústria citrícola acende sinal vermelho no País
"A conclusão é que a industria citrícola do Brasil precisa se reinventar, e se reestruturar para não perder aos poucos o seu tamanho e importância", disse ele.
Já o setor produtivo, que historicamente ocupava as regiões norte e central do Estado de São Paulo, está migrando para a região sul, conhecida por "Castelo", em busca de terras mais baratas, e menor incidência de pragas.
Com um volume de vendas externas estagnado na casa de 1,3 milhão de toneladas de suco de laranja por ano, um consumo em queda e os custos de produção em alta, Lohbauer garante que a industria precisa de uma transformação obrigatória para não agravar ainda mais a situação. "Não acredito que o setor está fadado a desaparecer, mas ele entrou em um período de estagnação que pode ser crônico".
Há dez anos o volume de exportação do setor era de 1,34 milhão de toneladas, neste ano a previsão é atingir a mesma marca. Para o executivo, a melhor saída para o setor é ampliar o consumo do produto, com ações efetivas nos países compradores, melhorando o marketing e os preços. "Precisamos de ajuda, pois fazer o americano e o europeu voltarem a tomar suco é algo complicado. Para essa redução de preços precisamos melhorar os custos e reestruturar a cadeia produtiva. Precisamos reduzir os custos de produção da laranja, do suco e de exportação, e isso é um trabalho que temos que fazer aqui", disse.
Apesar da crescente produção de laranjas no País, que segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve atingir na safra 2011/2012, 377 milhões de caixas de 40 quilos, 18% superior a colheita anterior que foi de 322 milhões de caixas, a área plantada no maior estado produtor da fruta, São Paulo, segue em queda.
Neste segundo levantamento, á área ocupada com laranja no Estado de São Paulo é de 580 mil hectares, queda de 6,38% se comparado aos 620 mil hectares da safra anterior. Segundo Christian Lohbauer, as principais razões para essa redução é a erradicação de pomares improdutivos, a falta de competitividade da laranja frente a outras culturas, e o baixo rendimento do negócio.
Para ele, a cana-de-açúcar, que no ano passado tomou 25 mil hectares da laranja, não é a razão principal para essa perda, e sim a falta de viabilidade da cultura. "Hoje o produtor está repensando a viabilidade de se plantar laranja. Principalmente aqueles pomares mais antigos, que possuíam árvores mais espaçadas, mais velhas e a produtividade mais baixa. Esses pomares não são rentáveis, e isso é uma realidade", garantiu Lohbauer.
Entretanto, o setor produtivo já encontrou uma saída para minimizar essa perda de competitividade da cultura, que sofre também com a alta incidência de pragas e problemas climáticos. Trata-se de uma migração para a região sul do estado.
A região central do estado que detém a maior parte da produção paulista com 134 milhões de caixas, registrou uma queda de 0,4% no número de árvores produtivas desde 2005 até o ano passado. Na região noroeste a queda foi de 8% e a Norte 16%. Já a região de "Castelo", o incremento nesses cinco anos no número de árvores foi de 89%, passando de 21 milhões em 2005 para pouco mais de 40 milhões no ano passado. "Nessas regiões os preços das terras eram mais baratas, e a incidência de pragas é muito menor, principalmente o greening, que ataca com maior eficácia em regiões menos úmidas", descreveu o diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gastão Crocco.
Apesar dos benefícios, Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), destacou que o alto índice de umidade também atraí outras doenças, como o cancro cítrico. "Existe realmente esse movimento em busca de novas áreas, terras mais baratas, clima um pouco mais favorável, e a fuga de algumas doenças que existem no norte. Entretanto, o sul possui suas próprias pragas", ressaltou.
Outro problema que essa migração pode gerar é o custo da logística, já que a nova região não possui nenhuma industria para o processamento de laranja. Segundo o presidente da CitrusBR, se a produção está se deslocando, as indústrias também precisam seguir esse trajeto. "Essa mudança é necessária para as fabricas, pois senão os custos que ficariam mais baratos na produção, encarecem no transporte. Entretanto, não existe nenhum plano para a criação de fábricas novas, pelo contrário temos plantas fechando como a Citrosuco que fechou uma unidade em 2009", disse.
Crocco, que também possuí uma fazenda de laranja na região central do estado, atestou: "Minha produtividade na unidade da região sul é muito maior que esta".
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