Logística: cenário insustentável para MT em 2020

Publicado em 15/06/2010 13:31
Levantamento da consultoria Macrologística, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), projeta uma situação insustentável para 2020 caso não haja melhorias drásticas na infraestrutura de transporte mato-grossense.

O resultado do estudo, publicado na revista Exame, mostra que as precárias condições logísticas do Estado roubam a competitividade conseguida pelos produtores no campo. Mais: a capacidade das estradas existentes já está saturada, o que faz com que a velocidade média dos caminhões seja muito menor que a recomendada, de 60 quilômetros por hora.

O estudo faz projeções alarmantes sobre a utilização da malha viária para até 2020. No trecho mais crítico, de Lucas do Rio Verde a Diamantino (214 km, na BR-163), o estudo aponta sobrecarga de 438% na rodovia. De Cuiabá a Rondonópolis, a sobrecarga é de 315% sobre o volume máximo de carga e, de Diamantino a Cuiabá, 293%.

Ainda de acordo com o levantamento, sem melhorias drásticas a economia de Mato Grosso não conseguirá atingir o potencial previsto de 26 milhões de toneladas de soja até 2020.

“Caso a infraestrutura logística não se adeque para atender a esta demanda, todo este crescimento pode ser comprometido fazendo com que o Estado e o país amarguem grandes prejuízos”, alerta o diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Marcelo Duarte Monteiro.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Rui Ottoni Prado, sem uma logística adequada de transporte não se pode fazer em superprodução.

Entre as ações necessárias para equacionar este problema ele menciona a construção e melhoria de rodovias no Estado - “temos de concluir imediatamente o asfaltamento da BR-163 (Cuiabá-Santarém)” – e investimentos em hidrovia e ferrovia, principalmente neste último modal, que pode reduzir em até 50% os custos do frete até os portos exportadores.

“Temos de levar os trilhos à região de Lucas do Rio Verde, Campo Novo e Sapezal e reativarmos o projeto da hidrovia Teles Pires-Tapajós”, defende.

MAPEAMENTO – Com o objetivo de subsidiar a Federação das Indústrias no Estado (Fiemt) e a Aprosoja/MT, a Macrologística está desenvolvendo o projeto Norte Competitivo, visando mapear a situação dos estados que compõe a Amazônia Legal, entre eles Mato Grosso. A meta é reduzir em R$ 10 bilhões ao ano o custo de logística da Amazônia Legal, segundo Renato Pavan, presidente da consultoria Macrologística, contratada para fazer o estudo.

De acordo com o presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da Fiemt, Luiz Garcia, o projeto vai avaliar as origens e os destinos de produtos que circulam por rodovias, ferrovias e hidrovias desses estados e calcular o volume de produção estimado para os próximos 20 anos. O trabalho abrange eixos como o pólo de Manaus, o agronegócio e a mineração, setores que movimentam cerca de 95% da economia da região.

A primeira etapa do estudo, de mapeamento das cadeias e identificação dos gargalos, deve ser finalizada em janeiro.

MOVIMENTO PRÓ-LOGÍSTICA ACOMPANHA AÇÕES - A Aprosoja/MT está desenvolvendo estudos que fomentam melhorias na logística, além de articular ações junto às esferas estadual e federal para viabilizar obras de impacto na economia do Estado.

“No ano passado, criamos o Movimento Pró-logística, que acompanha o andamento de todas as obras previstas ou em execução e trabalha para que outras obras de grande impacto sejam incluídas nos orçamentos e executadas”, lembra Marcelo Monteiro. Um dos projetos contempla dados de frete, custos de produção e análise de gargalos e oportunidades.

Além do problema de logística de transporte, a falta de infraestrutura de armazenagem acaba ocasionando congestionamento de rotas e portos e, consequentemnte, a elevação dos custos.

Na avaliação do diretor da Aprosoja, o problema logístico é a principal barreira ao crescimento e desenvolvimento do Estado, “afetando diretamente a renda dos produtores e os custos de insumos, e ainda limita investimentos em diversas áreas da economia, agropecuária, indústria e turismo”.

Para ele, a solução está na implantação de modais ferroviário e hidroviário e rotas voltadas para os portos do Norte, em Santarém e Vila do Conde, no Pará, São Luis (Maranhão) e Itacoatiara (Amazonas). Entre as rotas que precisam ser melhor exploradas, Monteiro destaca as BR-163, 158 e 242, a hidrovia Teles Pires, Juruena-Tapajós e Araguaia-Tocantins.
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Diário de Cuiabá

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