Cresce cultivo do “milho safrinha” em Rondônia

Publicado em 08/01/2013 13:48
Por Vicente Godinho, pesquisador da Embrapa Rondônia, doutor em Fitotecnia, na área de Nutrição Mineral de Plantas.
A cultura do milho safrinha vem ganhando mais importância no Brasil a cada ano. A safrinha é semeada nos primeiros meses do ano, logo após a colheita da safra principal ou “de verão”, que foi semeada no início da estação chuvosa (outubro a dezembro). A produtividade da safrinha tem sido tão boa que há proposta de trocar “milho safrinha” por “segunda safra de milho”.

Esse sistema de plantio pode ser considerado recente no país. Iniciou nos anos 80, no Paraná, e expandiu-se de forma rápida, nos anos 90, para São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará e Rondônia, onde os produtores antecipam o plantio de soja para semear o milho em sucessão. A principal ferramenta que possibilitou a safrinha foi o plantio direto, pois sem o revolvimento do solo o intervalo entre colheita da safra e semeio da safrinha é menor, além de menor gasto de combustível fóssil e menor emissão de gases de efeito estufa.

O levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que, em 2012, a safrinha brasileira deve ultrapassar a safra de milho verão, em área semeada e em produção. Foram estimados 34,2 milhões de toneladas na safra de verão e 38,5 milhões de toneladas de milho nesta safrinha. Isso representa 53% de toda a produção de milho do país e mostra aumento de 71% em comparação à safrinha do ano passado.

Em Rondônia, o milho safrinha é definido como milho de sequeiro cultivado fora do período de “verão”. Os números do estado acompanham a tendência brasileira. A safrinha de milho em Rondônia já responde por mais da metade da produção estadual do grão (55% da produção de 255 mil toneladas produzidas em 43% da área cultivada com milho). Na média estadual, o milho safrinha de Rondônia ocupa metade da área cultivada com soja, mas na última safra em Vilhena, município localizado na região do Cone Sul, a proporção foi bem maior, pois mais de 80% da área de soja teve milho em sucessão.

A semeadura do milho ocorre após a colheita da soja precoce, na primeira quinzena de janeiro até o final de fevereiro, ou no mês de março, para alguns mais audaciosos. O grande incremento da safrinha deve-se à boa viabilidade econômica decorrente de a colheita e a comercialização acontecerem em época de menor oferta, aumento da demanda da pecuária de confinamento e a possibilidade de exportação para outras regiões do estado. O sucesso dos “pioneiros” da safrinha na região sul de Rondônia contribuiu para o aparecimento de muitos núcleos de produção de milho safrinha em outras regiões do estado, onde são cultivados a soja ou o arroz.

Além do milho também são observados cultivo de safrinha de girassol, sorgo, arroz, feijão e soja, sendo que no passado já se cultivou mamona. A principal virtude do sistema é a intensificação da terra, das chuvas, das máquinas e dos equipamentos, da mão-de-obra e da infraestrutura existente, reduzindo a pressão sobre a conversão de novas áreas (desmatamento). A prática também tem viabilizado economicamente a atividade de cultivo de grãos, em período do ano com menor colheita/oferta, e quando o preço do cereal geralmente é maior.

Em função da época de plantio, a produtividade depende do regime das chuvas e, em algumas regiões do país, há limitações devido à radiação solar e temperatura na fase final do ciclo da cultura. Além do clima, o sucesso da safrinha depende do nível tecnológico utilizado, com o uso racional das tecnologias disponíveis como genética das sementes e, mais recentemente, uso de plantas geneticamente modificadas, herbicidas mais seletivos e fertilização racional baseada na produtividade esperada.

O nível tecnológico utilizado no cultivo do milho safrinha em Vilhena é alto, com mais de 70% da área cultivada com híbridos simples, mais de 60% da área com pelo menos um evento de modificação genética para controle de pragas, além da quase totalidade da área com efetivo controle químico de plantas invasoras e com adubação compatível adequada à expectativa de produtividade.

O controle de pragas e doenças deve ser maior na safrinha e essa prática tem se intensificado em função do aumento na expectativa de colheita. O controle de plantas daninhas é feito com produtos mais seletivos associando controle, tanto na cultura principal, quanto na safrinha. A pesquisa também busca cultivares mais precoces e menos sensíveis à falta de água, com raízes mais profundas e colmos mais resistentes para buscar a água que está longe e resistir aos ventos mais frequentes, diminuindo o acamamento.

A produtividade média estimada para a safrinha 2011/2012, em Vilhena, foi superior a 5.400 kg/ha (IBGE/LSPA 07/2012), números muitos superiores a média estadual de 2.984 kg/ha (CONAB, 08/2012). Esses números são considerados bons e refletem a boa quantidade de chuvas do período. Vale lembrar que na safrinha 2010/2011, as chuvas foram menos regulares e a produtividade média foi de 2.631 kg/ha, evidenciando a estreita relação da produtividade na safrinha e a boa distribuição de chuvas.

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Fonte:
Embrapa Rondônia

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