Milho: Em dia volátil, preços fecham no misto em Chicago, mas fundamentos continuam positivos
Em uma sessão volátil, as cotações do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o dia em campo misto, mas acima de US$ 5,00 por bushel. Os primeiros contratos exibiram leves ganhos de 0,50 e 0,75 pontos, já os demais vencimentos registraram ligeiras perdas de 0,25 e 0,50 pontos. A posição maio/14 era negociada a US$ 5,03 por bushel.
Segundo analistas, os bons ganhos registrados nos contratos futuros da soja e do trigo contribuíram para sustentar as cotações em boa parte da sessão. As previsões climáticas para os EUA, apontando clima frio e até ocorrência de neve em partes do cinturão produtor norte-americano também influenciaram as cotações do cereal.
Para alguns participantes do mercado, apesar da previsão de clima frio, o plantio da safra 2014/15 dos EUA não deve ser prejudicada, situação que pesou negativamente sobre os preços ao longo das negociações. Contudo, o site internacional de meteorologia, AccuWeather, divulgou suas previsões climáticas indicando a ocorrência de neve para algumas localidades do Meio-Oeste do país.
Desde a última semana, as notícias de clima têm ganhado força no mercado e influenciado os preços futuros. Além disso, os relatórios de acompanhamento de safras reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) também começam a ganhar mais atenção dos investidores.
Ainda ontem, o departamento reportou que até o dia 13 de abril, a área cultivada com o cereal nos EUA atingiu o patamar de 3%. Em igual período do ano passado, o número era de 2%, no entanto, a média dos últimos cinco anos é de 6%.
O consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, afirma que os produtores norte-americanos estão bem capacitados e conseguem cultivar a safra em ritmo acelerado. Grande parte dos estados dos EUA tem até o dia 20 de maio para finalizar o plantio.
"No ano passado, tínhamos neve até o final de abril e, mesmo assim, os agricultores conseguiram plantar a safra dentro do esperado. E colheram uma grande produção", explica Brandalizze.
Do lado fundamental, o cenário ainda é positivo aos preços do cereal no mercado internacional de grãos. Frente à projeção de recuo na área cultivada com o cereal na safra 2014/15, a demanda mundial pelo milho norte-americano continua firme. Até a semana encerrada no dia 11 de abril, as vendas semanais somaram 1.448,812 toneladas, conforme anúncio do USDA.
Até o momento, os EUA já venderam cerca de 41.965,4 toneladas de milho, no acumulado no ano safra. O número está próximo do projetado pelo departamento norte-americano, de 44.450,0 toneladas do cereal.
Em contrapartida, as preocupações com um possível conflito entre Ucrânia e Rússia retornaram ao mercado e exercem influência nos preços, principalmente no trigo. Diante desse cenário, os participantes do mercado acreditam que as exportações do país de trigo e milho possam ser prejudicadas.
Mercado interno
No mercado interno brasileiro, os preços seguem estáveis, mas as vendas ainda estão em ritmo lento. Em importantes estados produtores a colheita está quase no fim e a perspectiva inicial é que a safra de verão seja menor do que a projetada pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento), de 31.515,3 toneladas.
Além da diminuição da área cultivada, o milho perdeu espaço para a soja em importantes regiões produtoras, as lavouras foram severamente castigadas pelas adversidades climáticas. De acordo com informações do Cepea, as situações mais preocupantes são esperadas em São Paulo e Minas Gerais, que registraram temperaturas elevadas e ausência de chuvas, especialmente entre os meses de dezembro e fevereiro.
"A colheita da safra de verão está quase no final e praticamente não apareceu oferta no mercado, a produção deverá ser menor do que o estimado pelos órgãos brasileiros. Parte dos produtores já venderam o que precisavam e os poucos que têm o produto vão segurar o milho à espera de melhores oportunidades de vendas. Já a negociação da safrinha está quase parada", diz o consultor.
A segunda safra também foi prejudicada pelas intempéries climáticas e ainda é uma incógnita. Assim como ocorreu na safra de verão, o milho safrinha perdeu área para outras culturas mais rentáveis, como a safrinha de soja, em algumas localidades. Desde o ano passado, os produtores rurais, principalmente do Centro-Oeste já sinalizavam uma redução na área semeada devido aos baixos mais preços obtidos, e que não cobriam os custos de produção.
A situação mais grave observada nesta safra é a redução nos investimentos em tecnologia e o plantio fora da janela ideal. Uma situação recorrente em várias regiões produtoras pelo país. "Frente a essa situação, o produtor rural está mais cauteloso na negociação da safrinha, pois pode não ter o produto para cumprir os contratos mais adiante", acredita Brandalizze.
Ainda assim, o consultor ressalta que a tendência é positiva para os preços no mercado interno e devem se manter acima dos patamares registrados no ano passado. Os estoques da Conab são de aproximadamente 1,8 milhão de toneladas e temos um aumento considerável no setor de ração, entre 5% a 10%. "Esse é o ano da carne, os pecuaristas iniciaram o confinamento em março e temos as atividades de suinocultura e avicultura", ressalta.
Já na BMF&Bovespa, os futuros do milho operam com leves quedas nesta terça-feira. Ainda na visão do consultor, a BMF&Bovespa acompanha o mercado financeiro e a movimentação em Chicago.
0 comentário
Milho segue levemente positivo em Chicago nesta 4ªfeira
USDA informa venda de milho para destinos não revelados nesta 6ª
Após recuar nos últimos pregões, milho abre a 4ªfeira com altas em Chicago
Radar Investimentos: A alta da moeda americana favorece as exportações brasileiras de milho
Preço do milho acompanha alta do dólar e B3 fecha 3ªfeira com valorizações de até 1,3%
‘Novo olhar’ sobre a cigarrinha-do-milho, controle da ‘prole’ detém populações do inseto com efetividade, afirma consultor