Milho: No Brasil, semana de preços firmes e oferta restrita; já na CBOT, mercado pressionado com melhora no clima nos EUA
A semana foi de preços mais firmes e oferta restrita no mercado interno brasileiro. De acordo com levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, em Londrina (PR), o preço do milho registrou valorização de 1,18%, com a saca cotada a R$ 17,20. Já em São Gabriel do Oeste (MS), a alta foi de 6,25% e a saca terminou a semana a negociada a R$ 17,00. Em Jataí (GO), as cotações do cereal subiram para R$ 18,06, com alta de 5,18%. No Porto de Paranaguá, os últimos dias também foram de valorização com a saca cotada a R$ 24,00, ganho de 1,27%.
Nos últimos dias, os participantes do mercado estiveram atentos ao atraso no plantio da soja, na safra de verão, o que consequentemente deverá afetar a janela ideal de cultivo da safrinha de milho de 2015. Além disso, a oscilação do câmbio também esteve no foco do mercado. Nesta sexta-feira, a moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 2,43, com queda de 1,30%.
Enquanto isso, boa parte dos agricultores ainda seguram o produto à espera de melhores oportunidades de negociação. Os relatos vindos dos campos apontam que, mesmo com a produtividade mais alta registrada na safrinha, os produtores não conseguem fechar as contas, considerando o aumento nos custos de produção e as atuais cotações do cereal, que em muitas praças ainda estão abaixo do preço mínimo fixado pelo Governo Federal.
Paralelo a esse cenário, as exportações brasileiras ainda caminham de maneira mais lenta. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) reportados na última segunda-feira, os embarques do cereal totalizaram 1,33 milhão de toneladas até a segunda semana de outubro. A média diária foi de 166,4 mil toneladas, contra as 171,9 mil toneladas na média de todo o mês de outubro no ano anterior.
No acumulado do ano, de janeiro a setembro, o país exportou em torno de 11,1 milhões de toneladas de milho, uma queda de quase 30% em relação ao mesmo período de 2013. No mesmo período do ano passado, as exportações somaram 15,7 milhões de toneladas. Para essa temporada, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) revisou para baixo a projeção para os embarques de 21 milhões, para 19,5 milhões de toneladas.
Ainda nesta sexta-feira, a Conab confirmou o próximo leilão de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) de milho para o dia 23 (quinta-feira). Ao todo, serão ofertadas 910 mil toneladas do cereal da safra 2013/14 e 2014. Essa será a quinta operação realizada pela companhia.
Entre os estados beneficiados estão o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Maranhão e Piauí. Novamente, o maior volume ofertado terá como origem o MT, com 550 mil toneladas divididas em 4 regiões. A primeira região a Norte ofertará 200 mil toneladas. Já o Nordeste, com 150 mil toneladas do grão, seguida da região Centro-Sul, com 120 mil toneladas e a região Centro-Norte, com 80 mil toneladas.
Em GO, a oferta é de 90 mil toneladas de milho e em MS, o total ofertado será de 70 mil toneladas. Para a Bahia, o volume total também será de 70 mil toneladas do grão. Os estados do MA e PI ofertarão 65 mil toneladas de milho cada.
Bolsa de Chicago
As principais posições do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) ampliaram as perdas ao longo dos negócios desta sexta-feira (17). Por volta das 13h20 (horário de Brasília), os futuros do cereal exibiam quedas entre 2,75 e 3,00 pontos. O vencimento dezembro/14 era cotado a US$ 3,49 por bushel.
Segundo informações reportadas pela agência internacional de notícias Bloomberg, o principal fator de pressão sobre os preços são as previsões climáticas indicando tempo seco no Meio-Oeste dos EUA. Para os próximos 14 dias, o clima deverá ficar mais seco, o que se confirmado, deverá acelerar a colheita do cereal norte-americano.
Nas últimas semanas, as chuvas excessivas registradas no país dificultaram o andamento dos trabalhos nos campos. Inclusive, essa foi uma variável que impulsionou as cotações e fez com que o contrato dezembro/14 voltasse a trabalhar próximo de US$ 3,50 por bushel.
Com isso, até o dia 12 de outubro, apenas 24% da área cultivada nesta safra havia sido colhida, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O número representa um atraso em comparação com a média dos últimos cinco anos, de 43%. O órgão deverá reportar novo boletim de acompanhamento de safras na segunda-feira.
"Quase todos os agricultores norte-americanos estarão de volta em campo nesta final de semana e isso significa mais suprimentos chegando ao mercado", disse o presidente da A/C Trading Co., Jim Gerlach, em entrevista à Bloomberg.
Em contrapartida, como fator de suporte, o USDA reportou a venda de 130 mil toneladas de milho para destinos não revelados nesta sexta-feira. O volume deverá ser entregue na temporada 2014/15. Já as vendas para exportação, vieram bem acima do divulgado na semana anterior, confirmando a expectativa dos participantes do mercado.
Até o dia 9 de outubro, as vendas totalizaram 1.922,8 milhão de toneladas, contra as 784,8 mil toneladas indicadas na semana passada. Ainda assim, o volume ficou dentro do esperado pelos investidores, entre 800 mil toneladas a 2 milhões de toneladas de milho.
No acumulado do ano as vendas somam 17.221,2 milhões de toneladas de milho. Para essa temporada, o USDA projeta as exportações norte-americanas em 44,450 milhões de toneladas do grão.
Safra de milho na UE
Ainda durante essa semana, a consultoria francesa Stratégie Grains elevou a previsão para a safra de milho da União Europeia em 2014 pelo quarto mês consecutivo. A expectativa é que os produtores colham em torno de 73,3 milhões de toneladas do cereal.
O número está acima em quase 2 milhões de toneladas do previsto no mês anterior e já ultrapassa em 14% a produção registrada em 2013.
Veja como fecharam os preços do milho nesta sexta-feira:
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