Milho: Com alta do dólar, preços avançam no Brasil e no Porto de Paranaguá chega a R$ 26,50

Publicado em 03/11/2014 17:09 e atualizado em 05/11/2014 09:53

No mercado interno brasileiro, os preços do milho registraram mais um dia de altas. Nas principais praças pesquisadas, os valores subiram, segundo levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas. Em Tangará da Serra (MT), a valorização foi de 3,33%, com a saca cotada a R$ 15,50.

Em Campo Novo do Parecis (MT), o valor subiu para R$ 14,50, com alta de 3,57%, em Jataí (GO), os ganhos foram de 0,91%, com a saca cotada a R$ 20,00. No Porto de Paranaguá, o valor subiu para R$ 26,50, com valorização de 3,92%. Na contramão desse cenário, em São Gabriel do Oeste (MS), o preço caiu para R$ 19,20, com perda de 1,54%.

Apesar da queda registrada na Bolsa de Chicago, as cotações subiram alavancadas pelo câmbio. A moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 2,50, com ganho de quase 1%. E com o câmbio mais forte, acaba favorecendo as exportações, conforme explica a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi.

Até a quinta semana de outubro, as exportações de milho do Brasil aumentaram 13,3%, para 3,178 milhões de toneladas. A média diária ficou em 138,2 mil toneladas, com preço médio a US$ 177,1. Na somatória, entre os meses de janeiro a setembro, os embarques totalizaram 11,058 milhões de toneladas. 

BM&F Bovespa

A segunda-feira (3) terminou negativa aos contratos futuros do milho negociados na BM&F Bovespa. As principais posições do cereal encerraram a sessão com desvalorizações entre 0,18% e 3,27%. O vencimento março/15 era cotado a R$ 29,00, após ter alcançado o patamar de R$ 28,68 a saca.

Com o foco nos fundamentos, o mercado recuou dando continuidade às perdas registradas no pregão anterior. Nos últimos dias, os preços registraram ganhos expressivos impulsionados, principalmente pelas valorizações observadas no mercado internacional, no câmbio, mas também à redução da área cultivada na safra de verão e o comprometimento da janela ideal de plantio da próxima safrinha.

Essa junção de fatores fez com que as cotações avançassem significativamente nas últimas semanas. Porém, a perspectiva de oferta no país na primeira safra ainda é grande, em torno de 27 a 29 milhões de toneladas, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

"Ainda assim, mesmo que haja uma diminuição na área, as estimativas dos estoques para a safra são grandes, projetados em mais de 15 milhões de toneladas pela Conab. Com isso, por mais que os preços reajam, não vejo muito espaço para uma alta expressiva nos valores praticados", destaca a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi.

Ainda assim, com o atraso no plantio, alguns analistas sinalizam que a primeira safra pode ficar em 25 milhões de toneladas. Paralelo a esse cenário, o atraso no plantio da soja, especialmente no Centro-Oeste do país têm comprometido a janela ideal de plantio do milho safrinha. Em muitas localidades, a semeadura do grão está bem abaixo do registrado em igual período do ano passado.

Em Canarana (MT), por exemplo, até o momento, apenas 25% da área foi cultivada com o grão, contra 40% em 2013. E, segundo diz o presidente do Sindicato Rural do município, Arlindo Cancian, as chuvas ainda estão bem irregulares, situação que preocupa os produtores rurais. Consequentemente, a perspectiva é que haja uma redução de 30% no plantio da próxima safrinha de milho.

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho finalizaram o pregão do lado negativo da tabela. Os principais contratos da commodity encerraram a segunda-feira com quedas de 3,25 pontos. O vencimento dezembro/14 era negociado a US$ 3,73 por bushel.

O principal fator de pressão sobre os preços foram às especulações em relação à evolução da colheita do grão nos Estados Unidos. Frente ao clima favorável registrado nos últimos dias, os investidores apostam que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reporte a colheita completa em 59% da área cultivada.

O órgão irá atualizar os números em novo boletim de acompanhamento de safras no final da tarde desta segunda-feira. Se confirmada as projeções, o número representará um aumento de 13% em comparação com o índice reportado na semana anterior, de 46%. A média dos últimos cinco anos é de 65%, de acordo com dados do departamento norte-americano. 

De acordo com informações divulgadas pela agência internacional de notícias Bloomberg, grande parte do Meio-Oeste dos EUA, incluindo os maiores estados produtores, Iowa e Illinois, receberá menos de 2,5 centímetros de chuvas nos próximos sete dias. Consequentemente, a expectativa é que os agricultores consigam evoluir com os trabalhos nos campos. 

No mês anterior, os futuros do cereal aumentaram mais de 17%, primeiro aumento desde abril e o maior avanço desde julho de 2012. Os ganhos são reflexos do atraso da colheita do cereal no país, em função do excesso de chuvas. 

"A expectativa é que a partir da próxima semana haja mais milho chegando ao mercado", disse o conselheiro da Toay Commodity Futures Group LLC, Dave Marshall, em entrevista à Bloomberg. "A última parte da colheita é, muitas vezes, a mais difícil", completa.

Além disso, a redução nos embarques semanais deu o tom negativo aos preços no mercado internacional. Até o dia 30 de outubro, as vendas do milho totalizaram 425,85 mil toneladas do cereal, contra 702,90 mil toneladas registradas na semana anterior.

No acumulado do ano safra, os embarques somam 6.852,55 milhões de toneladas do milho. Para essa temporada, a estimativa é que sejam embarcadas 44.500,00 milhões de toneladas, conforme dados do USDA.

Ainda para os próximos dias, a analista destaca que os produtores devem estar atentos, pois é a semana que antecede o relatório de oferta e demanda do departamento norte-americano. "Com isso, temos as estimativas de consultorias privadas, que tem o potencial de influenciar o mercado", finaliza Ana Luiza.

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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