Milho: Apesar da queda no dólar, preços se sustentam no mercado interno brasileiro
A queda registrada no câmbio nesta quarta-feira (19) pressionou os preços praticados nos Portos brasileiros. Em Paranaguá, a saca recuou 1,79%, cotada a R$ 27,50 a saca. A queda registrada nos preços no mercado internacional também contribuiu para a desvalorização nas cotações no porto.
A moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 2,5757 na venda, com perda de 0,56%. O dólar recuou pelo segundo dia consecutivo e, segundo dados da agência Reuters, a queda é decorrente das expectativas do anúncio da nova equipe econômica do Brasil.
Na contramão desse cenário, as cotações praticadas no mercado interno tiveram mais um dia de alta. Conforme levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, em Ubiratã, Londrina e Cascavel, as cotações subiram 1,49% e terminaram a quarta-feira negociadas a R$ 20,50, em ambas as cidades paranaenses.
Na região de Jataí (GO), a cotação também subiu para R$ 21,75, com valorização de 4,82%. “Tivemos uma queda nos preços nos portos, o que travou os negócios no Brasil, os vendedores sumiram do mercado. Na realidade, é um jogo, os compradores observam a queda em Chicago e no dólar e pressionam os preços. Entretanto, o comprador deve ficar esperto, já que em mais duas semanas, os agricultores deverão deixar o milho para negociar no próximo ano para não pagar o imposto de renda”, diz o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
Em relação à estratégia de comercialização, o consultor ressalta que, os produtores que tiverem condições de esperar não irão perder. “Ele pode ganhar menos, porém, o milho está muito procurado e nas exportações, grande parte dos estoques que estavam sobrando foi negociada nas últimas semanas. A demanda no Brasil permanece muito aquecida”, acredita Brandalizze.
Até a segunda semana de novembro, as exportações brasileiras do cereal ficaram em 139,3 mil toneladas, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior. O volume representa um crescimento de 0,8%, em relação ao mês anterior, de 138,2 mil toneladas.
Por outro lado, há as especulações em relação à produção brasileira do cereal. Na primeira safra, cerca de 20% a 25% da área deixou de ser cultivada e há problemas de veranico no Sul do país, conforme alerta o consultor. O clima permanece irregular para o plantio da safra de verão, especialmente no Sudeste e partes do Centro-Oeste, que já reflete em um atraso no plantio de milho. "Inclusive, os produtores podem até mesmo migrar para a cultura da soja, em partes de SP, MG e até GO, porém, a atual valorização do preço também pode manter os agricultores, mas há uma indicação", ressalta Lucílio Alves, analista de mercado do Cepea.
Paralelo a esse quadro, o atraso na soja afeta diretamente a janela ideal de plantio do milho safrinha. Com isso, o analista sinaliza que os produtores que fizerem o cultivo do cereal estarão mais expostos aos riscos climáticos e, consequentemente poderão ter uma produtividade menor nas lavouras do grão.
BM&F Bovespa
Na BM&F Bovespa, as cotações do milho terminaram a sessão em campo misto. As primeiras posições registraram valorização de 0,22% e 0,34%. O vencimento março/15 era cotado a R$ 32,41 a saca. Já os contratos mais longos recuaram em torno de 0,23% e 0,81%.
A queda no dólar observada nesta quarta-feira, aliada as perdas no mercado internacional, influenciaram negativamente os preços na bolsa brasileira. Porém, as análises gráficas indicam tendência positiva aos preços do milho.
Bolsa de Chicago
As principais posições do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam a sessão desta quarta-feira (19) com perdas expressivas. Os vencimentos recuaram pelo 3º dia consecutivo e registraram quedas entre 8,75 e 9,00 pontos. O contrato dezembro/14 era cotado a US$ 3,63 por bushel.
De acordo com o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o mercado de milho está mais sensível nesse momento. “As exportações norte-americanas estão menores do que o registrado no mesmo período do ano passado. E como os produtores dos EUA não se preparam com silos bolsas, tiveram que vender o milho. Com esse aumento na oferta do físico no país e a demanda momentânea lenta, os preços recuaram”, afirma.
Ainda assim, o consultor sinaliza que o espaço para baixa no mercado do cereal não é grande. “Logo começa a nevar no país e os agricultores não conseguirão tirar o milho das propriedades, com isso, a oferta poderá ficar mais restrita e deveremos ter uma retomada no mercado”, conforme explica o consultor de mercado.
Para as agências internacionais, o avanço da colheita também pesa sobre o mercado de milho. Até o último domingo, os produtores norte-americanos colheram cerca de 89% da área cultivada nesta temporada, segundo boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), reportado no início dessa semana.
Nesta temporada, a projeção é que os produtores norte-americanos colham cerca de 365,97 milhões de toneladas de milho, de acordo com dados do último boletim de oferta e demanda do USDA. Já a produtividade é estimada em 183,52 sacas por hectare. "O mercado é mais baixo devido às vendas técnicas por parte dos fundos frente ao final de uma colheita abundante nos EUA", disse o presidente da Allendale Inc., Paul Georgy, em entrevista à Bloomberg.
Veja como fecharam os preços nesta quarta-feira:
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