Governo do México faz hedge contra alta do milho

Publicado em 28/12/2010 07:23 e atualizado em 28/12/2010 08:50

O México adotou a medida incomum de se segurar contra o efeito causado pelos preços crescentes do milho sobre a tortilla, um alimento básico para milhões no país, no mais recente sinal do aumento da preocupação com a inflação nos preços dos alimentos nos países emergentes.

A inflação ascendente nos preços dos alimentos se transformou numa grande dor de cabeça do México à China e à Índia, em grande parte porque o clima adverso devastou safras, empurrando os preços para cima. Alimentos respondem por até metade dos gastos das famílias nos países emergentes, em comparação a apenas 10% a 15% na Europa e nos EUA.

A iniciativa do México, revelada por seu ministro da Economia, Bruno Ferrari, ocorreu assim que a cotação do preço do milho em Chicago atingiu seu nível mais alto em dois anos, somando-se a uma colheita menor do que o esperado nos EUA, que respondem por mais de metade das exportações globais do grão.

Ferrari afirmou, na semana passada, que o governo do México havia comprado contratos futuros para fixar o custo do milho. "Os preços estão assegurados", disse ele. "O abastecimento também está garantido (...) até o terceiro trimestre do próximo ano". Outra autoridade do governo confirmou os comentários.

Os produtores mexicanos de tortilla ameaçaram, também na semana passada, aumentar os preços em 50% para neutralizar o impacto dos custos mais elevados do milho e do gás natural. Isso provocou temores de uma repetição da "crise da tortilla" de 2007, quando manifestantes protestaram contra a alta nos preços dos alimentos.

Richard Feltes, analista de grãos da corretora RJ O'Brien, disse que esta foi a primeira vez, pelo que podia se lembrar, que um país havia revelado que estava comprando contratos futuros.

"Houve rumores no passado sobre outros países, incluindo a China, mas isso jamais foi confirmado", disse. Os comerciantes têm expectativas de que o milho e outros gêneros agrícolas de primeira necessidade registrem altas súbitas no começo do próximo ano devido a estoques baixos e a preocupações sobre o tamanho da safra na América Latina.

Os preços do milho acumulam uma alta de 46% desde o início do ano e recentemente alcançaram sua mais alta cotação em 28 meses na bolsa de Chicago O Departamento [ministério] da Agricultura dos EUA (USDA) alertou que os estoques de milho do país cairão ao seu nível mais baixo em 15 anos até meados do próximo ano. "Existe uma probabilidade maior do que 50% de que o mercado de milho ultrapasse o recorde histórico de US$ 7,65 o bushel, estabelecido em junho de 2008", afirmou Feltes.

Nesse ano, até agora, Rússia, Ucrânia e Índia impuseram restrições sobre gêneros alimentícios básicos. A China anunciou controles de preços no varejo.

(comentário de Telmo Heinen:

Governo[?] do México faz HEDGE contra alta do milho... [Alvíssaras!!!]
                Não parece uma atitude legitima de “governo” entretanto o Mercado Futuro existe para isso. Proteger produtores e consumidores contra as variações extremas de preços. Não existe atitude melhor do que usar os instrumentos que o mercado coloca a disposição.
 
                No Brasil, quando é que as autoridades governamentais prezarão pelo uso do CDA e WA da Lei 11076 em vez das também onerosas mas complicadas intervenções tradicionais?
 
                Bem que fez o México: Em vez de se queixar, agiu dentro das regras do mercado. Parabéns!..
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Fonte:
Valor Econômico

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