Queda de estoque faz milho subir em dia de combate a subsídio a biocombustíveis

Publicado em 10/06/2011 08:38
Ajustes realizados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em suas estimativas para oferta e demanda de milho no país e no mundo nesta safra 2011/12 alavancaram as cotações do grão no mercado internacional e ajudaram a fortalecer as críticas sobre a concessão de subsídios à produção de biocombustíveis tendo em vista os elevados preços globais dos alimentos.

Em relatório divulgado na quinta-feira, o USDA reduziu drasticamente suas projeções para os estoques de milho no fim da temporada atual tanto nos EUA quanto no planeta. No país, a redução em relação à previsão de maio foi de 22,8%, para 17,65 milhões de toneladas, já abaixo de 2010/11 (18,53 milhões). Ao mesmo tempo, fez cortes nas estimativas para a demanda do país pela commodity, mas o etanol continuará a absorver cerca de 40% da oferta. Globalmente, elevou o cálculo para a demanda e os estoques finais caíram 13,4% sobre maio, para 111,89 milhões de toneladas.

Na bolsa de Chicago, principal referência para o comércio internacional de grãos, a alta foi forte. Os contratos do milho com vencimento em setembro subiram 18 centavos de dólar por bushel (medida equivalente a 25,2 quilos) e fecharam a US$ 7,54. Nos últimos 12 meses, apontam cálculos do Valor Data, o ganho acumulado dos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) chegou a 117,3%.

O novo relatório do USDA e a disparada das cotações do milho vieram no mesmo dia em que dez organizações multilaterais, entre as quais Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização das Nações Unidas (ONU), concluíram que o uso de subsídios para estimular a produção de biocombustíveis deve ser eliminado. Segundo o "Financial Times", a recomendação será enviada aos ministros de Agricultura do G-20, que se reúnem este mês para tratar, entre outros assuntos, da crescente volatilidade dos preços das commodities agrícolas.

Além do milho destinado ao etanol americano, o fato de 20% da produção global de cana ter sido destinada à produção do combustível, sobretudo no Brasil, entre 2007 e 2009 também está no foco das preocupações das organizações, em virtude dos reflexos no mercado de açúcar, muito consumido em países mais pobres. No mesmo período, informou o "Financial Times", 9% da oferta mundial de oleaginosas como a soja virou biodiesel, o que também tem influência sobre os alimentos. No Brasil e na Argentina, segundo e terceiro maiores exportadores de soja do mundo, atrás dos EUA, o grão é o principal fonte de biodiesel.

No tabuleiro redesenhado pelo USDA para a soja, nos EUA ou no mundo, houve poucas mudanças. Mas como entre elas houve uma elevação da estimativa para os estoques finais americanos, a reação dos preços foi no sentido inverso. Em Chicago, os papéis para entrega em agosto encerraram a sessão negociados a US$ 13,8725 por bushel (27,2 quilos), queda de 7 centavos de dólar - mas ainda com alta de 50,71% em 12 meses, segundo o Valor Data. No trigo, houve mais correções efetuadas pelo USDA, que resultaram em incrementos dos estoques finais mundiais. Em Chicago, setembro caiu 9,50 centavos de dólar por bushel (27,2 quilos), para US$ 7,8275. Em 12 meses, o salto chega a 76%.

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Fonte:
Valor Econômico

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