Depois de atingirem os menores valores em 3 anos, preços de alimentos devem voltar a subir
A Agência de Alimentos das Nações Unidas (FAO) informou na quinta-feira que irá diminuir suas estimativas para a produção mundial de cereais em 2013/14. A queda nos preços de alimentos registrada no mês passado foi influenciada pelo declínio acentuado nos custos dos grãos. Já os valores de laticínios, carne e açúcar aumentaram. De acordo com a agência, a tendência é que os preços voltem a subir.
Os alimentos tiveram aumentos nos preços durante o verão de 2012, devido a um período de estiagem nos Estados Unidos, mas as previsões de recuperação dos estoques de cereais para níveis recordes reverteram a tendência dos preços este ano.
O índice da FAO que mede as mudanças nos preços mensais para alguns cereais, oleaginosas, carne, laticínios e açúcar ficou em uma média de 199.1 pontos em setembro, com queda de pouco mais de 1% em relação à agosto, que teve 201.4 pontos.
O índice caiu por cinco meses consecutivos e atingiu seu menor nível desde setembro de 2010. "Ainda há possibilidades de que os preços voltem a cair, mas não significativamente", informou Abdolreza Abbassian, economista sênior da FAO. "Qualquer evento negativo com as safras agora pode elevar os preços novamente", afirmou.
A FAO deve realizar uma segunda reunião ministerial para discutir a volatilidade dos preços dos alimentos em sua sede em Roma, no dia 7 de outubro, com a presença de 40 ministros.
Sua primeira reunião realizada no ano passado foi organizada para abordar a terceira alta nos preços de grãos em quatro anos. Embora os preços tenham caído, a FAO informa que quer organizar uma nova reunião, já que os mercados ainda estão vulneráveis a choques de ofertas.
A agência da ONU informou ainda que reduziu um pouco sua previsão para a produção mundial de cereais na safra de 2013/14 para 2.489 bilhões de toneladas, 3 milhões abaixo das estimativas anteriores, porém, ainda é 8% mais alta que a produção em 2012.
Ela reduziu também sua previsão para a produção mundial de trigo para 704,6 milhões de toneladas, saindo de 709,8 milhões, principalmente devido a perspectivas mais baixas para a safra sul-americana. A umidade excessiva também está prejudicando a colheita na região do Mar Negro e afetando o plantio para 2014, disse Abbassian.
O economista acrescentou que os estoques dos principais exportadores de trigo estão mais baixos em comparação com o ano passado, portanto, qualquer problema de produção poderá ter um forte impacto nos preços internacionais.
Os estoques mundiais no fechamento da temporada de 2014 estão em 559 milhões de toneladas, 2% abaixo das estimativas feitas em setembro, mas ainda assim 12% acima de seus níveis de abertura.
Tradução: Fernanda Bellei