Venezuela: morre a Miss alvejada na cabeça em protesto contra a ditadura

Publicado em 19/02/2014 10:39 e atualizado em 19/02/2014 17:32
A família de Génesis Carmona, de 21 anos, comunicou que a estudante não resistiu aos graves ferimentos. É a quinta morte registrada nas manifestações

Uma jovem estudante venezuelana de 21 anos morreu após ser baleada na cabeça durante uma manifestação contra o governo de Nicolás Maduro nesta quarta-feira, informou a agência de notícias Reuters. Segundo o jornal La Nación, Génesis Carmona, aluna de Marketing da Universidade Tecnológica do Centro, em Guacara – município a 160 Km de Caracas –  também era modelo e foi eleita, no ano passado, Miss Turismo do estado de Carabobo. Ela foi levada ao hospital em uma motocicleta e chegou a ficar internada em coma. Mas, de acordo com a família, a estudante não resistiu aos graves ferimentos.

Carmona é a quinta vítima fatal decorrente dos protestos contra o governo venezuelano. Na terça-feira, um estudante morreu após ser atropelado por um veículo da companhia estatal Petróleo de Venezuela S.A. (PDVSA). Outras três mortes foram registradas na última quarta.

Carmona participou nesta quarta de uma marcha em Valência, cidade a 170 Km de Caracas, para apoiar o líder da oposição Leopoldo López, que foi preso em Caracas em meio a um clima de forte tensão no país. Em determinado momento, um grupo de motoqueiros armados invadiu a área em que a jovem e seus companheiros protestavam pacificamente e começou a atirar, disseram testemunhas.

Nove jovens foram atingidos pelos disparos, mas apenas Génesis corria o risco de morrer. Médicos da clínica Guerra Mendez disseram que a bala estava alojada na parte traseira do crânio da jovem. Um edema formado pelo trauma dificultava uma intervenção cirúrgica.

Leia mais: Ex-miss Venezuela e marido são mortos durante assalto

Segundo o jornal argentino, a notícia da Miss baleada foi ignorada pelos meios de comunicação do governo venezuelano, mas correu rapidamente através do Twitter e outras redes sociais. Fotos e vídeos de Génesis sendo socorrida e carregada foram compartilhados para criticar a violência das milícias que defendem o governo e pedir doação de sangue para a estudante.

(Com agência Reuters)

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Venezuela

Human Rights Watch critica prisão de opositor de Maduro

ONG pede liberdade 'imediata e incondicional' para Leopoldo López, alegando que sua detenção é baseada apenas em 'insultos e teorias da conspiração'

O opositor Leopoldo López é colocado dentro de veículo da Guarda Nacional depois de se entregar à polícia em Caracas, na Venezuela

O opositor Leopoldo López é colocado dentro de veículo da Guarda Nacional depois de se entregar à polícia em Caracas, na Venezuela (Jorge Silva/Reuters)

A organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch condenou veementemente a prisão do dirigente opositor Leopoldo López e exigiu que o governo de Nicolás Maduro liberte, de maneira "imediata e incondicional", o adversário do presidente. Acusado de terrorismo, incitação à violência e mais sete crimes contra o governo após os protestos contra Maduro resultarem em mortes, López se entregou nesta terça-feira à Guarda Nacional Bolivariana após liderar uma grande passeata em Caracas.

"A detenção de Leopoldo López é uma violação atroz de um dos mais básicos princípios do devido processo legal: não se pode encarcerar alguém sem ter provas que o vinculem a um crime", disse nesta quarta-feira José Miguel Vivanco, diretor da Human Rights Watch para as Américas, por meio de nota divulgada pela ONG.

"As autoridades da Venezuela não apresentaram até agora nenhuma prova séria (para acusar López), apenas insultos e teorias da conspiração. A única causa provável aqui parece ser o fato de que López é um oponente político do presidente mas, infelizmente, em um país sem uma Justiça independente, isso pode ser suficiente", afirma Vivanco, que acrescentou: "A comunidade internacional deve pedir a imediata e incondicional libertação de López".

Líder do partido Vontade Popular, Leopoldo López teve prisão decretada na semana passada e era procurado desde quinta-feira, depois que Maduro emitiu uma ordem de busca e captura contra ele, que organizou manifestações e por isso foi responsabilizado pelo clima de violência na Venezuela nas últimas semanas. Desde o início dos protestos contra o governo, ao menos quatro pessoas morreram em confrontos de manifestantes com a polícia e milícias chavistas. 

Após se entregar às autoridades, o dirigente opositor foi levado para o Centro de Processados Militares de Ramo Verde, em Los Teques, perto de Caracas, onde estão detidos outros críticos do chavismo. Está prevista para esta quarta uma audiência judicial que decidirá se ele continua em prisão preventiva. O governo o acusa de homicídio, tentativa de homicídio, terrorismo, lesão corporal grave, incêndio de prédio público, dano à propriedade, intimidação, instigação de crime e associação para delinquir. 

Milhares de manifestantes participam de um protesto convocado pelo líder da oposição venezuelana Leopoldo Lopez, em Caracas - (18/02/2014)

Milhares de manifestantes participam de um protesto convocado pelo líder da oposição venezuelana Leopoldo Lopez, em Caracas - (18/02/2014) - Miguel Gutierrez/EFE

Milhares de manifestantes participam de um protesto convocado pelo líder da oposição venezuelana Leopoldo Lopez, em Caracas - (18/02/2014) Leopoldo Lopez, um dos líder da oposição ao governo de Nicolás Maduro, é escoltado pela Guarda Nacional depois de se entregar, durante uma manifestação em Caracas Milhares de manifestantes participam de um protesto convocado pelo líder da oposição venezuelana Leopoldo Lopez, em Caracas - (18/02/2014) Manifestante da oposição se coloca em frente a uma barreira policial durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas Manifestante de oposição segura uma bandeira da Venezuela, durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas Estudantes saíram ás ruas durante protesto anti-governo em Caracas - (17/02/2014) 

Estudantes sentam na rua sobre a frase 'A censura é ditadura', durante um protesto anti-governo em Caracas - (17/02/2014) Manifestante com a bandeira da Venezuela em frente a um bloqueio de policiais durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas - (17/02/2014) Manifestantes da oposição seguram cartazes em frente a um bloqueio de policiais durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas - (17/02/2014) Manifestantes da oposição durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas - (17/02/2014) Manifestantes da oposição durante protesto contra o governo do presidente Nicolas Maduro, em Caracas - (16/02/2014) Manifestantes protestam contra o governo do presidente Nicolás Maduro neste domingo (16) em Caracas, Venezuela 

Manifestante com uma bandeira venezuelana durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, passa em frente a um grupo de policiais em Caracas Estudante Bassil DaCosta ferido a tiros durante um protesto da oposição contra o governo do presidente, Nicolas Maduro, em Caracas, na Venezuela Estudante ferido com um tiro na cabeça é levado por outros manifestantes para o interior de um veículo da polícia em Caracas, Venezuela Manifestantes enfrentam a polícia durante protestos da oposição contra o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Caracas Manifestante fica deitado no chão, enquanto membros da Guarda Nacional se preparam para atirar durante um protesto da oposição contra o governo do presidente, Nicolás Maduro, em Caracas Manifestante usa um estilingue para atigir a polícia durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro, em Caracas 

Manifestação contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, em Caracas Manifestante pula por cima de cordão de policiais em Caracas durante protesto contra o governo Maduro Manifestação contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, em Caracas Policiais prendem manifestante em Caracas Homem é socorrido em manifestação contra o governo da Venezuela Manifestante joga pedra durante protesto contra o governo da Venezuela 

Manifestação contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, em Caracas Homem é ferido durante em protesto contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, em Caracas Manifestante é preso por policiais à paisana em Caracas Viatura da Polícia Cientifica são queimadas durante protesto em Caracas O opositor Leopoldo López é colocado dentro de veículo da Guarda Nacional depois de se entregar à polícia em Caracas, na Venezuela

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Saída nas ruas – Ao discursar na passeata desta terça, López pediu que não houvesse confrontos no momento de sua entrega. “Peço, por favor, que tenhamos prudência, sem enfrentamentos”. Defendeu que é preciso construir uma saída “pacífica, dentro da Constituição, mas nas ruas”.

“Já não nos resta na Venezuela meios livres para podermos nos expressar e se os meios calam, devemos ir às ruas”, afirmou López. Ele reiterou que é inocente e disse que estava se apresentando para uma Justiça corrupta. Declarou que se sua detenção fizer a Venezuela “despertar definitivamente, valerá a pena”. 

Novos atos – O deputado do Vontade Popular Juan Gaido anunciou que nesta quarta será realizada uma mobilização para acompanhar López em sua apresentação ao tribunal, desde o Palácio da Justiça. "Povo da Venezuela, movimento estudantil, os convidamos a comparecer no dia de amanhã (quarta-feira) no Palácio de Justiça. Liberdade plena para Leopoldo López", pediu Gaido, que garantiu a manutenção de uma "agenda de rua com base na Constituição, pacífica, sem flertar com a violência".

Vídeos mostram confrontos e morte durante protestos na Venezuela

Além disso, o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, integrante da aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), anunciou que em breve será convocada uma nova manifestação na capital. As principais queixas dos manifestantes e da oposição são a economia em frangalhos, alta inflação e aumento da criminalidade, além do uso do Estado pelos chavistas com finalidade política.

(Com agência EFE)

Venezuela: a herança maldita de Chávez 

Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela em fevereiro de 1999 e, ao longo de catorze anos, criou gigantescos desequilíbrios econômicos, acabou com a independência das instituições e deixou um legado problemático para seu sucessor, Nicolás Maduro.

PDVSA em ruínas

O petróleo, extraído quase inteiramente pela PDVSA, a Petrobras da Venezuela, é responsável por 50% das receitas do governo venezuelano. Além do prejuízo de uma economia não diversificada, Chávez demitiu em 2003 40% dos funcionários da companhia após uma greve geral e os substituiu por aliados. A partir daí, as metas de investimento não foram cumpridas e a produção estagnou.

O plano de investimentos da PDVSA divulgado em 2007 previa a produção de 6 milhões de barris por dia este ano, mas entrega menos da metade. A exploração de petróleo caiu de 3,2 milhões de barris diários (em 1998) para 2,4 milhões (dado de 2012). O caudilho foi beneficiado, no entanto, pelo aumento do preço do produto e usou a fortuna para financiar programas assistencialistas e comprar aliados na América Latina. 

O presidente Nicolás Maduro deu continuidade às 'misiones', como são conhecidos os programas assistencialistas. O desafio será mantê-los e ainda investir na petrolífera e aumentar a produção. 

 

Para líder opositora, apoio do Mercosul a Maduro é ‘traição’

A deputada María Corina Machado se destaca junto a Leopoldo López como uma das principais antichavistas do país. Ela defende a tática de ocupar as ruas como uma estratégia para derrubar o presidente venezuelano Nicolás Maduro. Com os protestos que tomam a Venezuela há duas semanas como cenário, López entregou-se à polícia e enfrentou uma peregrinação de mais de seis horas por Caracas que só terminou na prisão militar de Ramo Verde, próxima à capital, onde passaria a noite.

Leia a íntegra no O Globo

No Jornal Pequeno: Colômbia oferece mediação entre opositores e governo da Venezuela

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, chamou o governo e a oposição na Venezuela ao diálogo e disse estar “disposto” a contribuir com qualquer ação que permita restabelecer a estabilidade no país vizinho. “Estamos preocupados com os últimos acontecimentos. Por isso, faço um chamado à calma, um chamado para estabelecer canais de comunicação entre as diferentes forças políticas”, declarou durante reunião ministerial nessa terça-feira (18).

Essa foi a primeira referência de Santos à situação na Venezuela, desde que os protestos se radicalizaram na semana passada. Ele defendeu, no entanto, os manifestantes contrários ao governo, ao dizer que “todos têm direito a recorrer aos protestos, desde que sem violência”.

Leia a íntegra noJornal Pequeno

No Brasil Post: Crise na Venezuela preocupa brasileiros de Roraima

Acompanhar a convulsão socioeconômica por que passa a Venezuela é muito preocupante para nós que vivemos aqui em Roraima, na fronteira. Os relatos são os mais assustadores sobre atos de violência e perseguição do governo. Para Roraima, o bem-estar da Venezuela é particularmente importante, afinal, o estado é abastecido pela energia daquele país por meio do Linhão da Hidrelétrica de Guri.

Se o presidente Nicolás Maduro decidir cortar a energia que nos abastece, estaremos em maus lençóis porque as Centrais Elétricas de Roraima (CER) não tem a mínima estrutura para manter o estado aceso e em funcionamento. Seria o caos.

Leia a íntegra no Brasil Post

 

Caio Blinder

A Venezuela, Quico e a guarimba (para entender, só lendo)

Quais são as lições para os protestos estudantis em Caracas?

Quais são as lições para os protestos estudantis em Caracas?

Na coluna de segunda-feira, eu apresentei ou reapresentei o site Caracas Chronicles, amigo desta coluna e referência vital para acompanhar a crise na Venezuela. Francisco Toro era peça-chave (sorry pelo trocadiho infame) nas denúncias ao chavismo. O site em inglês começou em 2002 como blog do bilíngue Toro (que reportou por vários anos para publicações americanas e europeias). Ele se cansou da Venezuela e agora vai se cansar até um ponto de exaustão ao se concentrar em questões do desenvolvimento africano. No entanto, o venezuelano Francisco Toro, conhecido como Quico, prometeu dar algunas raras incertas na encrenca caseira, do outro lado da aposentadoria. Promessa cumprida.

O texto de Quico é despojado. Ele escreve em inglês com espanholismos. Mais do que isto, o condimento são gírias venezuelanas que me exigem uma passada no Google para entender. Eu já conhecia guarimba, que é uma gíria carregada, com definições divergentes (assim é a Venezuela). Os setores antichavistas se concentram no seu caráter de sublevação cívica, através de protestos e bloqueios, apontando provocadores e agentes infiltrados como responsáveis pela violência. Obviamente, os chavistas têm sua própria versão. Neste texto, Quico faz alertas e lista as lições para a oposição venezuelana, especialmente para os estudantes que são vanguarda nas manifestações dos últimos dias contra o mini-me de Chávez, o presidente Nicolás Maduro. Para os chavistas, protestou é golpista fascista, a serviço do imperialismo ianque.

Quico escreve que existe muita fermentação nas ruas. Uma nova geração está aprendendo com cabeza propria a enfrentar o regime, como foi o caso da dele. Quico já viu o filme e apresenta as sete lições para quem contracena na nova versão:

1) O chavismo não vive sem um inimigo, de preferência um com seguidores que se sentem bem em odiar, representam uma ameaça convincente e ajudam a mobilizar a massa chavista sem significar um desafio verdadeiro à elite no poder.

2) Os atuais manifestantes são o inimigo perfeito para o chavismo.

3) Existe repressão, não em função do sistema atemorizado, mas como parte de um plano a longo prazo para construir uma sociedade e um estado plenamente autoritários. O protesto é um pretexo.

4) Nicolás Maduro é um sortudo. As guarimbas começaram quando seu desgoverno na economia era tão grave que já ameaçava a coesão da coalizão chavista.

5) O governo realmente teme dissidência na sua base natural de apoio.

6) O regime está interessado no reforço maniqueista do “nós x eles, el pueblo vs. la oligarquía. Este maniqueísmo é a alegação chavista de legitimidade.

7) Protestos de classe média em áreas de classe média sobre temas da classe média não são um um desafio ao sistema de poder chavista. Eles são parte dele.

Quico é (era) um cronista de Caracas. Vamos ver como acabará esta crônica, este filme.

(por Caio Blinder, de veja.com.br)

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Fonte:
O Globo + Brasil Post + VEJA

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1 comentário

  • Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR

    dona dilma interceda a favor da democracia na venezuela que o chaves nem passarinho não aparece mais !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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