Ações da Petrobras caem quase 4% após acordo sobre cessão onerosa do Pré-Sal
As ações preferenciais da Petrobras recuaram cerca de 4% na tarde desta terça-feira (24), diante da expectativa de que a estatal tenha que desembolsar recursos para explorar o excedente da cessão onerosa do Pré-Sal. Segundo a Reuters, às 16h26, a ação da empresa caía 3,83%, a R$ 17,60, invertendo alta que chegou a mais de 3% mais cedo e diante de variação positiva de 0,02% do Ibovespa.
Em reunião, realizada em Brasília, com a participação da presidente Dilma Rousseff, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a contratação direta da Petrobras para produzir, sob regime de partilha, os volumes excedentes do processo de cessão onerosa de petróleo em três campos do pré-sal: Búzios, Florim (entorno do campo de Iara) e Nordeste de Tupi.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, explicou à Agência Brasil que irá integrar o regime de partilha apenas o óleo que exceder a produção já contratada com a Petrobras nesses campos em regime de cessão onerosa. “Os volumes a serem produzidos no regime de partilha nas quatro áreas foram estimados entre 10 e 14 bilhões de barris de óleo equivalente”, disse Lobão.
Para essa contratação, a União está requerendo da Petrobras o pagamento de bônus de assinatura no valor de R$ 2 bilhões a ser pago na assinatura do contrato que deve ocorrer ainda esse ano, segundo o secretário de Petróleo, Gás natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins. A União também deve receber da Petrobras uma antecipação, entre 2015 e 2018, do excedente em óleo a que teria direito, estimado em R$ 13 bilhões.
Governo fará ‘saque’ de 15 bi na Petrobras; ação despenca
Lembre-se sempre de quem você é acionista minoritário.
No que um analista chamou de “virada monstruosa”, as ações da Petrobras, que operavam em alta de 3% até o meio da tarde, terminaram o dia em queda de 3,6% depois que o mercado começou a entender a mais recente manobra do Governo envolvendo o caixa da empresa.
O Governo anunciou hoje que a Petrobras fará o pagamento, à União, de um bônus de assinatura no valor de 2 bilhões de reais este ano, seguido de mais 13 bilhões de reais entre 2015 e 2018 a título de antecipação de parte do excedente em óleo do pré-sal.
Os pagamentos anunciados hoje se referem aos volumes de petróleo que ultrapassam os limites contratados nos primeiros contratos entre a Petrobras e a União, logo após a descoberta do pré-sal.
Na época, estimou-se que o pré-sal continha ao menos 5 bilhões de barris de petróleo, e o Governo usou aqueles barris para fazer um aumento de capital na Petrobras — contrariando os acionistas minoritários, que tiveram que colocar dinheiro vivo na operação.
“O tamanho dos pagamentos não é um tamanho que assuste, mas o sinal enviado ao mercado é que o Governo, mais uma vez, está fazendo caixa em cima de uma companhia que já está apertada”, diz um gestor. “Você pode até fazer as contas e chegar à conclusão de que isso é um bom negócio para a companhia, mas a Petrobras ainda não retirou nem os 5 bilhões de barris originais, e já está antecipando ao governo caixa sobre o excedente.”
A decisão de hoje, tomada no âmbito do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) vem num momento em que as ações da Petrobras já subiram cerca de 50% a partir das mínimas do ano, embaladas pelo crescimento da oposição nas pesquisas eleitorais e a perspectiva de uma gestão mais profissional da empresa.
“[A decisão do CNPE] significa mais pressão sobre o caixa da empresa, que já está muito alavancada, e não traz nenhuma geração de caixa no curto prazo”, diz outro analista. “É péssimo para o papel.”
As ações preferenciais da Petrobras fecharam o dia a 17,64 reais.
Por Geraldo Samor