Na FOLHA: Presidente do Bradesco não deve aceitar convite para a Fazenda

Publicado em 20/11/2014 14:48 e atualizado em 23/11/2014 04:02
por VALDO CRUZ, ANDRÉIA SADI, DE BRASÍLIA + MÔNICA BERGAMO, COLUNISTA DA FOLHA

Convidado oficialmente para assumir o posto de ministro da Fazenda no segundo mandato da presidente Dilma, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, comentou com amigos próximos que tem dificuldades para aceitar o convite por causa de compromissos assumidos com o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão.

Dentro do banco, a ida de Trabuco para a Fazenda já é dada, inclusive, como descartada. No próprio Palácio do Planalto, apesar de o governo ainda nutrir alguma esperança de que ele mude de ideia, a avaliação é que a operação Trabuco não deve dar certo e a presidente já analisa outras opções.

A principal seria, neste momento, convidar o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa para substituir Guido Mantega. Barbosa vinha sendo apontado como possibilidade também para o Ministério do Planejamento.

Dilma tratou do convite a Trabuco na terça-feira (18) com Lázaro Brandão, numa reunião sigilosa em Brasília. Na conversa, Brandão relatou as dificuldades em ceder o presidente do Bradesco para o governo por causa de sua sucessão no conselho de administração.

O atual presidente do Bradesco vai se aposentar daqui a dois anos, quando completará 65 anos. Nos planos de Lázaro Brandão, Trabuco assumiria, então, o seu lugar no comando do conselho de administração.

Segundo um interlocutor próximo de Dilma, tanto Trabuco quanto Lázaro Brandão se reuniram mais de uma vez com a presidente e têm "contribuído muito com o governo, trazendo ideias e sugestões". "O Bradesco é um interlocutor privilegiado do governo Dilma. É uma instituição sóbria, equilibrada, ponderada e extremamente identificada com os interesses do país. Segue colaborando conosco."

OUTROS NOMES

Dentro do Bradesco, um outro nome foi ventilado como possível ministro da Fazenda, o de Joaquim Levy, que trabalha num dos braços do banco, de gestão de ativos. Levy foi secretário do Tesouro Nacional no período de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda.

Assessores palacianos reconhecem que ele seria um bom nome, mas enxergam dificuldades na sua escolha porque, no passado, ele teve desentendimentos com a presidente Dilma Rousseff.

Outro nome na lista de ministeriáveis é do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, mas Dilma prefere mantê-lo no posto atual.

A ideia da presidente Dilma era anunciar o novo ministro da Fazenda até amanhã, sexta-feira (21). A morte do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, contudo, deve alterar seus planos originais. 

Em VEJA: O amadorismo do Planalto(por Lauro Jardim)

 

Brandão: amadorismo do Palácio

Brandão: amadorismo do Palácio

A recusa de Luiz Trabuco ao convite para assumir o Ministério da Fazenda é mais uma trapalhada de Dilma Rousseff (ou dos que a aconselham) na condução do dia a dia do governo.

Receber Lázaro Brandão no Palácio do Planalto na terça-feira para (leia mais aqui ) comunicar sua pretensão ao presidente do Conselho do banco, inflando assim as expectativas de todos com uma possibilidade de um nome classe A para o cargo e, no final das contas, chegar ao anticlímax da recusa é algo perto do amadorismo.

Em resumo, Brandão só deveria ter ido ao Palácio para dar a resposta positiva sobre o seu subordinado, com quem já teria obviamente conversado – é assim que funciona o ritual do jogo político competente. Qualquer outra resposta significa desgaste. É o que está acontecendo.

E ainda fragiliza quem for o escolhido. A justificativa-padrão que será apresentada ao distinto público, a de que Trabuco ajudará mais o governo fora do governo, dispensa comentários.

Por Lauro Jardim

Assessor de Dilma pode assumir Ministério de Minas e Energia

Ganha cada vez mais força o nome de Giles Azevedo, atual chefe de gabinete da presidente Dilma Rousseff, para assumir o Ministério de Minas e Energia.

Senadores ouvidos pela Folha relatam que esse é o único nome cogitado no Palácio do Planalto.

No entanto, Azevedo não agrada a todos, que o chamaram de carregador de pastas de Dilma.

Azevedo ganha força, segundo eles, porque, no caso de um agravamento da crise do setor elétrico, ele seria alguém com disposição para assumir a pecha de "ministro do racionamento petista".

Extremamente fiel à presidente, Azevedo cumpriria à risca as orientações de Dilma, que, segundo correligionários, tem demonstrado preocupação com o setor no curto prazo.

Os senadores têm outro nome em mente e devem levá-lo à presidente na próxima semana: Flávio Decat, atual presidente de Furnas.

  Alan Marques - 1º.nov.2010/Folhapress  
O chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, em Brasília
O chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, em Brasília

Apesar das ligações com a família Sarney, que lhe arranjou o posto de diretor de distribuição da Eletrobras, criado especificamente para ele, em 2008, Decat agrada também a senadores petistas, por ser técnico e com passagens por Cemig, Itaipu e Furnas.

Edison Lobão, apesar de ter completado no mês passado seis anos como ministro-somadas as suas duas passagens pelo MME-, é tudo o que o governo não quer à frente da pasta.

Inábil para mitigar a crise enfrentada pela Petrobras e pelo setor elétrico, ele tem se escondido atrás de Márcio Zimmermann, atual secretário-executivo, de Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel, e de Mauricio Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Alguns dos senadores contam que Lobão chegou a entregar uma carta de demissão à presidente em 29 de outubro, um dia antes de Dilma viajar para a Bahia.

ANO CRÍTICO

O PMDB, embora tenha em Decat uma possibilidade de manter sua influência na pasta, abriu mão de indicar um político para o cargo, pois acredita que 2015 será um ano crítico para o ministério.

Além da crise do setor elétrico, no próximo ano, as denúncias em torno da Petrobras devem continuar a ser apuradas e o setor de mineração precisará de maior atenção com o andamento no Congresso do novo Código da Mineração.

Márcio Zimmermann, segundo na hierarquia, deixará o MME e deve assumir a presidência da Eletrobras. 

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Fonte:
Folha de S. Paulo + VEJA

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