Dólar sobe mais de 1% e vai a R$2,64 com incertezas sobre BC e exterior
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de mais de 1 por cento nesta quinta-feira, encerrando a 2,64 reais pela primeira vez em quase dez anos, impulsionado por dúvidas sobre o futuro do programa de intervenções do Banco Central no câmbio e o ambiente externo mais desfavorável.
A moeda norte-americana subiu 1,34 por cento, a 2,6476 reais na venda, máxima de fechamento desde 1º de abril de 2005, quando ficou em 2,660 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,5 bilhão de dólares.
"O cenário externo piorou bastante durante a tarde e o mercado, que já está nervoso porque não sabe o que vai acontecer com o programa do BC, bateu as máximas. O resultado é que todo mundo que estava vendido se apavora e foge", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.
Uma rodada de dados fortes sobre a economia dos Estados Unidos, incluindo vendas no varejo, deixou investidores nervosos a uma semana da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano. Os agentes financeiros temem que o Fed abandone a promessa de manter os juros quase zerados por um "tempo considerável", o que tenderia a impulsionar o dólar.
Segundo operadores de importantes casas de câmbio, operações automáticas de compra de divisa foram ativadas quando o dólar atingiu cotações próximas de 2,63 reais. Investidores vendidos em dólares haviam montado essas operações ("stop-loss") para limitar suas perdas.
O avanço aumentou a pressão sobre o mercado de câmbio, que já vive as incertezas sobre a continuidade do programa de atuações diárias do BC no câmbio.
"O mercado está ansioso em relação a essa questão das atuações diárias e há incerteza sobre como vai ser a política econômica. O ambiente ainda não está tranquilo", resumiu o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Atualmente, o BC oferta diariamente até 4 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalentes a venda futura de dólares, em programa marcado para durar até pelo menos o fim deste ano. O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem dito que o atual estoque de contratos, de cerca de 100 bilhões de dólares, dá conta da demanda por proteção cambial, alimentando expectativas de que a atuação pode perder força ano que vem.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais pelas rações diárias, com volume correspondente a 197,9 milhões de dólares. Foram vendidos 1,7 mil contratos para 1º de junho e 2,3 mil para 1º de setembro de 2015.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de janeiro, equivalentes a 9,827 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 45 por cento do lote total.
Investidores têm as atenções voltadas também para a nova equipe econômica, encabeçada por Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e Alexandre Tombini no BC. Os três têm sinalizado uma política econômica mais ortodoxa, o que tem agradado o mercado, mas os agentes financeiros querem ver agora quais medidas concretas serão tomadas.
"Mesmo sabendo que estamos caminhando na direção de melhorar, a jornada não vai ser fácil", disse o operador de uma corretora internacional.
(Por Bruno Federowski)
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