Na Reuters: Bolsas asiáticas recuam nesta 2ª feira pressionadas por petróleo
Por Hideyuki Sano
As ações asiáticas recuaram nesta segunda-feira uma vez que os preços do petróleo chegaram a atingir nova mínima de cinco anos e meio em um pregão agitado, o que não ajudou nada para aliviar as preocupações de que alguns produtores e exportadores de energia podem enfrentar dificuldades com a queda nas receitas.
Os investidores estavam nervosos depois que as ações dos Estados Unidos registraram a maior queda semanal em dois anos e meio na semana passada devido ao setor de energia, ao mesmo tempo em que esperam que o Federal Reserve, banco central norte-americano, indique nesta semana que está mais perto de elevar a taxa de juros.
Às 7h31 (horário de Brasília), o índice MSCI que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão recuava 0,72 por cento, tendo caído mais cedo ao menor nível desde março.
O índice japonês Nikkei perdeu 1,57 por cento, sem se animar com a vitória do primeiro-ministro Shinzo Abe nas eleições, numa demonstração de apoio a suas políticas econômicas para acabar com a deflação.
O futuro do petróleo nos EUA chegou a cair mais de 2,5 por cento, a 56,25 dólares o barril, mas se recuperava e operava em território positivo, com alta de 1,5 por cento.
Mercado do Golfo estendem perdas neste domingo com mergulho do petróleo que alimenta pânico
Por Olzhas Auyezov
DUBAI (Reuters) - Os mercados de ações do Golfo estenderam perdas neste domingo, com a queda do petróleo a uma nova mínima de cinco anos provocando uma nova onda de pânico de venda.
O petróleo Brent caiu quase 3 por cento e se estabeleceram abaixo de 62 dólares por barril na sexta-feira, depois que a Agência Internacional de Energia (AIE) reduziu sua previsão para o crescimento da demanda em 2015.
A principal preocupação dos investidores é que os governos da região possam reduzir gastos em linha com a queda das receitas de exportação de petróleo, o que poderia prejudicar o crescimento econômico em sectores não petrolíferos. Com a exceção de Omã e Bahrein, onde as finanças do Estado são relativamente fracas, analistas e gestores de fundos acham que o cenário é improvável.
O Ministério do Planejamento do Qatar, por exemplo, previu em um relatório neste domingo que sua economia iria crescer 7,7 por cento no próximo ano, em resultado dos fortes gastos do governo, e que ele ainda iria ter um grande superávit fiscal. Mas os investidores não estavam dispostos a aceitar previsões positivas e ações do Qatar caíram 5,9 por cento.
Secretário-geral da Opep diz que não há meta de preço para petróleo
DUBAI (Reuters) - O secretário-geral da Opep, Abdullah al-Badri, disse neste domingo que o grupo não tem uma meta de preço para o petróleo, sinalizando que não haverá mudanças na política de manter os níveis de produção que tem contribuído para queda acentuada no preço do produto.
Falando em um evento em Dubai, Badri afirmou que o preço do petróleo, que caiu para mínimas sucessivas de cinco anos nos últimos dias, tinha recuado mais do que os fundamentos do mercado deveriam ter ditado.
Ele pediu aos países do Golfo para continuarem a investir em exploração e produção, dizendo que os Estados Unidos vão continuar a depender do petróleo do Médio Oriente por muitos anos.
Esses foram os primeiros comentários de Badri desde que Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) deixou os seus níveis de produção inalterados em uma reunião no mês passado, quando também disse que não havia uma meta de preço.
"Os fundamentos não deveriam levar a essa redução dramática (no preço)", disse Badri, que é líbio.
A queda nos preços do petróleo pressionou as ações de energia e moedas expostas a exportações de petróleo na sexta-feira, reduziu o apetite por ativos de maior risco e levou os investidores para a segurança da dívida do governo apesar da forte confiança do consumidor dos Estados Unidos.
Badri disse que a Opep busca um nível de preços adequado e satisfatório tanto para os consumidores como para os produtores, mas não especificou um número. Questionado se haveria necessidade de uma reunião de emergência da Opep antes de junho, Badri sorriu e disse: "Eu não sei."
(Reportagem de William Maclean)
Ministro do Kuwait diz que decisão da Opep visa manter participação de mercado
Por Sami Aboudi
DUBAI (Reuters) - O ministro do petróleo do Kuwait disse neste domingo que a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no mês passado, de manter a produção inalterada, tinha a intenção de manter a participação de mercado, mesmo que isso significasse que ela iria afetar negativamente os preços, publicou a agência de notícias estatal KUNA.
"A Opep, que inclui o Kuwait, tomou a decisão de não cortar a produção a fim de manter a participação de mercado, ainda que a ausência de corte de produção afete negativamente os preços", publicou a KUNA, que citou como fonte Ali al-Omair.
O petróleo Brent estabeleceu-se em menos de 62 dólares por barril na sexta-feira, após a Agência Internacional de Energia (AIE) reduzir sua previsão para o crescimento da demanda em 2015.
Crescimento da China pode desacelerar para 7,1% em 2015, diz banco central
PEQUIM (Reuters) - O crescimento econômico da China pode desacelerar para 7,1 por cento em 2015 ante a estimativa de 7,4 por cento para este ano, devido aos resultados do setor imobiliário, disse o banco central em relatório visto pela Reuters neste domingo.
A demanda global mais forte poderia impulsionar as exportações, mas não o suficiente para compensar o impacto do enfraquecimento dos investimentos imobiliários, de acordo com o relatório publicado no site do banco central, www.pbc.gov.cn.
As exportações da China devem crescer 6,9 por cento em 2015, acelerando a partir da alta deste ano de 6,1 por cento, enquanto o crescimento das importações deve acelerar para 5,1 por cento em 2015, a partir de 1,9 por cento neste ano.
O relatório advertiu que a esperado alta dos juros no próximo ano pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, pode afetar economias de mercados emergentes.
O crescimento econômico da China desacelerou para 7,3 por cento no terceiro trimestre, e dados fracos da indústria e de investimento em novembro sugerem que a expansão no ano ficará abaixo da meta de Pequim de 7,5 por cento, marcando o crescimento mais fraco em 24 anos.
Os economistas que assessoram o governo têm recomendado que a China reduza sua meta de crescimento para cerca de 7 por cento em 2015.
A situação do emprego na China é provável que se mantenha bem no próximo ano devido a expansão mais rápida do setor de serviços, apesar do crescimento econômico mais lento, diz o relatório.
(Reportagem de Li Ran e Kevin Yao)
Na FOLHA: Fluxo de petrodólares da Opep deve secar
O fluxo de petrodólares da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para os mercados financeiros deve secar, já que o colapso dos preços do produto produzirá um recuo de US$ 316 bilhões na receita do cartel.
Os grandes produtores de petróleo injetaram os lucros oferecidos pela disparada nos preços do petróleo dos últimos dez anos em uma ampla gama de ativos mundiais, de títulos do Tesouro dos EUA a ações e imóveis.
O fluxo de petrodólares para o sistema financeiro mundial estimulava a liquidez, elevava os preços dos ativos e ajudava a manter baixos os custos de captação.
O Qatar, por exemplo, adquiriu a loja de departamentos Harrods, em Londres, e o Paris Saint-Germain, o maior time de futebol da França, enquanto o fundo de investimento nacional de Abu Dhabi adquiriu participação no elegante edifício Time Warner em Nova York.
Mas a queda superior a 40% no preço do petróleo cru Brent da metade de junho para cá reverterá essa tendência, já que a redução do caixa disponível para os produtores de petróleo removerá um dos pilares de sustentação dos mercados mundiais.
"Essa é a primeira vez em 20 anos que os países da Opep estarão tirando liquidez do mercado em lugar de reforçá-la por meio de seus investimentos", disse David Spegel, diretor mundial de pesquisa de mercados emergentes no BNP Paribas.
O BNP estima que, se a produção de petróleo se mantiver estável e os preços ficarem em cerca de US$ 70 por barril em 2015, os países da Opep registrarão US$ 316 bilhões a menos em receitas de exportação do que se o preço do petróleo mantivesse sua média trienal de US$ 105.
Na sexta (12), o Brent já estava em US$ 61,85 o barril.
George Abed, diretor de África e Oriente Médio no Instituto de Finanças Internacionais, afirmou que em seu pico, em 2012, o fluxo de petrodólares para investimentos líquidos, como títulos do Tesouro norte-americano, papéis empresariais de primeira linha e ações atingiu os US$ 500 bilhões. No ano que vem, ele pode cair a menos de US$ 100 bilhões se o preço médio do petróleo ficar abaixo de US$ 78 por barril.
Isso "vem se somar a outras tendências que parecem estar sugando a liquidez do sistema mundial", diz Abed.
O cálculo de US$ 316 bilhões poderia ser muito mais alto se outros grandes exportadores de petróleo como Rússia, Noruega, México, Cazaquistão e Omã fossem levados em consideração.
Um dos principais fatores na redução do fluxo de petrodólares é a disparada na produção norte-americana de petróleo. Os EUA estão importando menos petróleo, o que significa que menos dólares saem para o exterior.
No El País: O rei dólar recupera o trono
O rei voltou e está disposto a ficar. Depois de uma década na sombra, e acompanhado pela queda no preço das matérias-primas, o dólar recuperou, em meio ao desconcerto de Wall Street e de muitos bancos centrais, seu lugar primordial na economia mundial. A razão principal é que os EUA se recuperam da grande crise de 2008 com mais velocidade e força que seus rivais europeus e asiáticos. O presidente Barack Obama prometeu devolver ao país a força perdida. Os mercados estão desta vez a seu lado na reta final de seu mandato.
A reabilitação da nota verde não parece fugaz. Seu atrativo como refúgio para os investidores cresce ante a perspectiva de uma alta de taxas do Federal Reserve em 2015, uma vez encerrado seu programa de compra maciça de dívida. Em contrapartida, os bancos centrais das economias estancadas baixam suas taxas para impulsionar o crescimento em meio de uma grande incerteza. O Banco Central Europeu (BCE), por exemplo, mantém o preço do dinheiro em um mínimo histórico de 0,05%. Dada a timidez e a reduzida margem de manobra institucional da instituição dirigida por Mario Draghi, um euro fraco que incentive as exportações é uma forma de estimular a economia da região.
Os agourentos do fim do dólar como moeda de referência andam nestes dias buscando argumentos. Tempos atrás, em um contexto de dinheiro barato nos EUA, os primeiros anos do euro e a irrupção da China como colosso econômico, a divisa norte-americana perdeu popularidade entre os bancos centrais e os investidores, que se divertiram com outras moedas. A situação foi corrigida. As condições estão dadas para uma revigorada de vários anos, segundo anunciam não poucos especialistas.
O dólar alcançou nos últimos dias sua máxima em cinco anos na cesta de divisas de referência. Desde seu afundamento em 2011 a moeda se apreciou 20% e recuperou o nível de antes da crise. Em relação a abril desse ano, quando a moeda chegou ao fundo em relação ao restante das divisas para se recuperar até hoje, sua apreciação em relação ao euro foi de 14% (com uma alta vertiginosa de 8% nos últimos seis meses). O iene japonês e o real brasileiro caíram 39% e 40%, respectivamente, com relação ao dólar no mesmo período. Com um crescimento mínimo e uma enorme dívida, o iene tem todos os indicadores para continuar em queda.
Apesar de tudo, em termos históricos, lembrando períodos de grande força como a presidência de Bill Clinton no anos 90 ou a de Ronald Reagan nos 80, o dólar está ainda abaixo de seu valor. Binky Chadha, economista do Deutsche Bank, considera que ainda faltam mais 20% do caminho, segundo disse em uma das habituais reuniões de perspectivas de fim de ano que se realizam em Nova York.
A brecha entre o crescimento dos EUA e o restante do mundo não tinha sido tão grande há muito tempo. O crescimento estimado para 2015 é de 3,1%, acima da Europa e Japão: 1,3% e 0,8%, respectivamente, segundo o Fundo Monetário Internacional. No terceiro trimestre do ano, o PIB norte-americano cresceu 3,9%, em relação ao ano anterior, enquanto o da zona do euro ficou em 0,8%. Não é só a Europa que não se recupera. China e Índia também estão em dificuldades.
As taxas de câmbio têm ganhadores e perdedores em um contínuo jogo de papéis intercambiáveis. Multinacionais norte-americanas como IBM ou McDonald’s indicaram que a alta do dólar é vento na cara para o seu negócio. Os países que compram produtos dos EUA, por sua vez, pagarão mais, mas, em contrapartida, suas exportações serão mais competitivas, dada a debilidade de suas moedas. Nos últimos dias, a imprensa econômica dos EUA destacou como os portos de Long Island e Los Angeles têm muitos navios repletos de mercadorias fazendo fila para descarregar. Haverá turbulências, claro.
As transações em dólares triplicaram na última década até os 9 bilhões de dólares (24 bilhões de reais). Muitas empresas e bancos com dívida nessa moeda terão de pagar juros mais elevados.
A fraqueza alheia é uma força própria. Com essa premissa se observa dos EUA a situação da Europa. O pessimismo em relação à trajetória do Velho Continente é sentido nos eventos com analistas realizados nos últimos dias em Manhattan. O Bank of America projeta um PIB de 1,2% para 2015, frente o 0,8% do atual exercício. “Há um grande problema de confiança e estrutural, pelas elevadas cifras de desemprego, que não se resolverão com esse crescimento de 1%”, avalia o economista Ethan Harris.
O Deutsche Bank apresenta uma previsão semelhante. “É um crescimento muito baixo, principalmente se se considera que equivale a uma taxa trimestral de 0,25%”, pondera Binky Chadha. Apesar de tudo, ninguém prevê uma volta atrás na situação vivida com a crise da dívida soberanas. Peter Fisher, diretor da BlackRock, não descarta nem mesmo que a Europa possa surpreender positivamente os mercados ao longo do próximo ano, mas como resultado das baixas expectativas. “A régua de medir está muito baixa”, afirma.
Embora agora seja complicado impor um preço, precisamente por essa incerteza, os analistas veem a moeda europeia no 1,20 dólar ao longo de 2015. Até mesmo poderia baixar a 1,15 dólar em 2016 se a economia da zona do euro não melhorar. “Aí é que será o momento de se preocupar”, adverte Harris, para quem o catalisador da forte correção está no anúncio de compra de dívida feito pelo BCE.
“O BCE vai manter as taxas baixas durante um longo período e isso debilita o euro”, afirmam no Credit Suisse. No caso da libra esterlina o câmbio se manterá estável porque tanto o crescimento como a política monetária do Reino Unido são consistentes com os dos EUA.
Em Wall Street recordam que quando o euro estava cotado em 1,40 dólar, há alguns meses, os fundamentos da economia europeia eram os mesmos. “Mas, de repente, foi como se a equipe de Mario Draghi estivesse perdendo credibilidade para manter a meta de inflação. Por isso, agora está sendo obrigada a agir”, explica John Shin, analista de divisas do Bank of America.
Ninguém em Wall Street tem um modelo para determinar a direção do dólar e das principais moedas, já que são muitos os fatores em jogo. À espera de ver quando e de quanto será o estímulo do BCE, o outro grande fator que movimentará as taxas de câmbio, coincidem os analistas, será a trajetória dos EUA.
A projeção do Bank of America é de um crescimento de 3,3% em 2015, mais de 1 ponto acima do visto até agora na recuperação. A incógnita está no Federal Reserve, se vai se antecipar às expectativas do mercado em relação às taxas de juros. O esperado é que encareça o preço do dinheiro em meados do ano, e que vá tirando o freio de forma gradual.
A história indica que a nota verde tem ainda margem para apreciar-se até a primeira alta de taxas desde a crise. Por isso, o Credit Suisse antecipa uma pausa na apreciação do dólar em meados de 2015, quando se materializar a primeira alta. A longo prazo, aposta numa revalorização, especialmente frente ao euro, ao franco suíço e o iene.
Na Goldman Sachs afirmam que o dólar “continua sendo uma moeda barata”. O único que poderia frear a escalada é se de repente a atividade na Europa começar a se beneficiar da estratégia monetária expansiva do BCE e do relaxamento fiscal. Além disso, esperam que as reformas estruturais empreendidas comecem a estimular a demanda.
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