ATAQUE AO "CHARLIE": No Brasil professores saem das tocas para celebrar o terror

Publicado em 10/01/2015 07:11
por Demetrio Magnolli, articulista da Folha + blogs de veja.com

Enquanto, na França, dezenas de milhares saíam às ruas para dizer "Eu sou Charlie", professores universitários brasileiros saíam de suas tocas para celebrar o terror. Não começou agora: é uma reedição das sentenças asquerosas pronunciadas na esteira do 11 de setembro de 2001. São sinais notáveis da contaminação tóxica de nossa vida intelectual e, especificamente, da célere conversão de departamentos universitários em latas de lixo do pensamento.

A mensagem dos franceses foi um tributo à vida e à civilização. "Eu sou Charlie" não significa que concordo com qualquer uma das sátiras do Charlie Hebdo. Significa que concordo com a premissa nuclear das sociedades abertas: a liberdade de expressão é, sempre, a liberdade daquele com quem não concordo. Isso, porém, nunca entrará na cabeça de nossos mensageiros da morte.

Seu discurso padrão começa com uma condenação ritual do ato terrorista: "É claro que não estou defendendo os ataques", esclareceu de antemão uma dessas tristes figuras, antes de entregar-se à defesa, na forma previsível da condenação das vítimas "justiçadas". "Não se deve fazer humor com o outro", sentenciou pateticamente Arlene Clemesha, que ostenta o título de professora de História Árabe na USP, para concluir com uma adesão irrestrita à lógica do terror jihadista. É preciso, disse, "tentar entender" o significado do ataque: "um atentado contra um jornal que publicou charges retratando o profeta Maomé, coisa que é considerada muito ofensiva para qualquer muçulmano".

Clemesha é só uma, numa pequena multidão acadêmica consagrada à delinquência intelectual. No mesmo dia trágico, Williams Gonçalves, professor de Relações Internacionais na Uerj, esqueceu-se do cínico aceno prévio para expor logo sua aguda visão sobre o "controle social da mídia" e, de passagem, candidatar-se a porta-voz oficial do Estado Islâmico: "Quem faz uma provocação dessas", explicou, referindo-se aos cartunistas assassinados, "não poderia esperar coisa muito diferente". O curioso, nas Clemeshas e nos Gonçalves, é que eles rezam pela mesma cartilha que Marine Le Pen, apenas com sinal invertido. O nome dessa cartilha é "choque de civilizações".

Na onda de islamofobia que varre a França, surfam dois lançamentos recentes. O livro "Le suicide français", do jornalista ultraconservador Éric Zemmour, alerta contra a destruição da cultura francesa por vagas sucessivas de imigração muçulmana. O romance "Soumission", de Michel Houellebecq, imagina a França governada por um partido islâmico no ano agourento de 2022. Segundo a gramática do "choque de civilizações", o Islã não cabe na França: um muçulmano só pode ser um francês se, antes, renunciar à sua fé. Os nossos Gonçalves e Clemeshas estão de acordo com isso –mas preferem que, para acolher os muçulmanos, a França renuncie a suas leis e a seus valores, entre os quais a laicidade do Estado. E, no entanto, apesar de Zemmour, Houellebecq, Clemesha, Gonçalves e Le Pen, milhares de muçulmanos franceses exibiram nas ruas os cartazes com a inscrição "Eu sou Charlie"...

Karl Marx escreveu cartas elogiosas a Abraham Lincoln. Leon Trostsky contou com a colaboração inestimável do filósofo liberal John Dewey para demolir as falsificações dos Processos de Moscou. Entre um evento e outro, o socialista August Bebel qualificou o antissemitismo como "o socialismo dos idiotas". Em outros lugares e outros tempos, o pensamento de esquerda confundiu-se com o cosmopolitismo e produziu as mais comoventes defesas das liberdades civis. No Brasil de hoje, com honoráveis exceções, reduziu-se a um pátio fétido habitado por "black blocs" iletrados, mas fanaticamente antiamericanos e antissemitas.

"Não se deve fazer humor com o outro", está escrito na lápide definitiva que cobre o túmulo do humor. Raqqa, a sede do califado, é aqui. "Eu sou Charlie". (Demetrio Magnolli, articulista da Folha ).

 

Internautas criam campanha "Eu não sou Charlie" na rede

Enquanto se noticiava que os tuítes marcados com #JeSuisCharlie ("eu sou Charlie") faziam história entre os mais usados na rede social Twitter, chegando a 6.500 menções por minuto, outra tendência ia contra essa corrente: #JeNeSuisPasCharlie.

Traduzido como "eu não sou Charlie", a "hashtag" –como se chamam esses marcadores em mensagens do Twitter– era a bandeira daqueles que não concordavam com a defesa incondicional aos desenhistas do "Charlie Hebdo", ou que afirmavam que o foco deveria ser outro.

O americano muçulmano Ahmad Hussain, de origem árabe, preferia marcar seus tuítes com #JeSuisAhmed. ("eu sou Ahmed").

Ou seja, em vez de "ser" os cartunistas polêmicos, ele se dizia representado pelo policial Ahmed Merabet, também morto no ataque terrorista de quarta-feira (7).

"As pessoas dizem que são a favor da liberdade de expressão, culpam o islã, mas poucas delas reconhecem que a primeira vítima do ataque havia sido um muçulmano. Quero ter certeza de que sabem", disse Hussain à Folha.

"Além disso, os muçulmanos são acusados pelo ataque ao 'Charlie Hebdo', então nos sentimos de alguma maneira vítimas também."

Assad Rashid, de pai iraniano e mãe paquistanesa, tuitava durante o dia usando a "hashtag" #JeSuisAhmed "para mostrar que há muçulmanos que estão integrados à sociedade e que rejeitam a violência do extremismo".

Para Rashid, era importante enfatizar que havia uma vítima muçulmana no atentado. Assim, de acordo com ele, ficaria claro que "os terroristas estavam assassinando a ideia de liberdade, e não se baseavam em uma religião".

Outros usuários tuitavam com #JeSuisRaif, em referência ao blogueiro saudita Raif Badawi, condenado a açoitamento depois de ter sido acusado pelas autoridades do país de ter ofendido o islã.

ÓDIO

Procurado pela reportagem no final do dia, após o ataque ao mercado kosher, o muçulmano Hemmy Ismail, 33, se dizia chocado com os acontecimentos. De família tunisiana, afirmava que "o que fizeram é prova de que os terroristas usam a religião para enviar uma mensagem de ódio".

"São pessoas frustradas que pensam que conhecem a verdade e que as outras pessoas não podem pensar diferente. Eu sou muçulmano, mas acredito no secularismo, então estou também na mira desses terroristas."

Sobre os ataques a mesquitas na França nos últimos dias, Ismail afirma que "as pessoas estão furiosas" e que buscam um culpado para o que estão sentindo.

A associação entre o islã e o terrorismo, para ele, será rompida assim que as autoridades religiosas e políticas enviem a mensagem de que o que ocorreu em Paris "foi feito em nome da desumanidade, não do islã".

 

"Não deixaremos de criticar religiões", diz sobrevivente do "Charlie Hebdo"

Os jornalistas que sobreviveram ao atentado voltaram ao trabalho na sexta-feira. Com os mortos e os feridos no pensamento, para levar um jornal às bancas na próxima quarta-feira.

A reunião de pauta do "Charlie Hebdo" durou mais de três horas ao todo. É que na manhã de sexta, além do trem, das pautas, dos prazos, foi preciso falar dos mortos, dos feridos, das homenagens, dos funerais. A sala da escotilha, onde o "Libé" [o jornal francês "Libération"] geralmente realiza sua reunião de pauta diária, foi ocupada dessa vez pelos profissionais sobreviventes do semanário satírico. Iluminada de um lado por uma grande janela redonda, a sala está ao mesmo tempo aquecida demais e aberta aos quatro ventos, para deixar escalar a fumaça dos cigarros.

Sobre a grande mesa redonda, computadores emprestados pelo grupo "Le Monde". Sentados em volta dela, Willem, Luz, Coco, Babouse, Sigolène Vinson, Antonio Fischetti, Zineb El Rhazoui, Laurent Léger Ao todo mais de 25 pessoas, com a aparência abatida e os olhos inchados. O núcleo central do "Charlie Hebdo", os colaboradores habituais e os ocasionais estão ali para preparar o próximo número do jornal. O semanário deve sair na próxima quarta e terá tiragem de 1 milhão de exemplares, ou seja, mais ou menos 20 vezes a tiragem habitual.

"Pude ver todo o mundo no hospital", começa dizendo Gérard Biard, o editor-chefe do "Charlie". "Riss está com o ombro direito ferido, mas o nervo não foi afetado. Ele está com muita dor. A primeira coisa que falou é que não tem certeza se vamos poder continuar a fazer o jornal."

Fabrice Nicolino, atingido várias vezes no atentado, "está melhor", se bem que "é evidente que está sofrendo muito mesmo".

Patrick Pelloux, médico de urgências e colunista do "Charlie", explica o ferimento no maxilar sofrido por outra vítima, Philippe Lançon, que também é jornalista do "Libé".

Simon Fieschi, o webmaster deles, "foi posto em coma artificial". Uma jovem desaba em lágrimas. "Você não tem que se sentir culpada", Gérard Biard a consola. Todo o mundo concorda com gestos de cabeça. Quem está chorando é a jornalista Sigolène Vinson, que estava presente na redação na hora do drama, na quarta-feira, mas foi poupada pelos atiradores.

Biard repassa os nomes dos mortos. Como organizar os funerais? E a homenagem nacional? Com que música? Nada de bandeiras, certo? "Não é caso de fazer uma coisa simbólica que eles próprios teriam detestado", observa alguém em volta da mesa.

"Mataram pessoas que desenhavam hominhos. Nada de bandeiras. Temos que lembrar a simplicidade desse pessoal, o trabalho deles. Nossos amigos morreram, mas não vamos expô-los em praça pública." Todo o mundo concorda.

  Bertrand Guay/AFP  
Jornalistas do 'Charlie Hebdo' se reúnem em sala do jornal francês 'Libération'
Jornalistas do 'Charlie Hebdo' se reúnem em sala do jornal francês 'Libération'

ASSINATURA EM MASSA

Uma jornalista explica que uma "caixinha" criada espontaneamente na internet por desconhecidos já recebeu 98 mil euros em menos de 24 horas. Os sobreviventes do "Charlie Hebdo" estão recebendo uma enxurrada de pedidos de assinatura que ainda não estão conseguindo processar. Mas dentro em breve eles vão receber ajuda do grupo Lagardère para lidar com isso.

O advogado do "Charlie Hebdo", Richard Malka, toma a palavra. "Há dinheiro chegando de todos os lados. Ajudas de vários tipos, locais, pessoal para cuidar do que precisa ser feito." "Recebemos o apoio de muitos veículos de mídia", confirma Christope Thévenet, outro advogado do jornal. "Estão chegando doações, já recebemos 250 mil euros através da Associação Imprensa e Pluralismo, há o milhão de euros prometidos por Fleur Pellerin. Vocês aqui no 'Charlie' terão mais verbas do que jamais tiveram!".

O advogado sabe do que está falando: foi ele quem redigiu os estatutos do jornal e comanda suas assembleias gerais. Nos últimos meses o "Charlie" tinha lançado um apelo por doações para tentar sair do vermelho.

"E aí, vamos fazer o jornal?" pergunta Gérard Biard, visivelmente querendo fazer a reunião decolar. "O que vamos colocar nas páginas?" "Sei lá, o que há em matéria de últimas notícias?" responde Patrick Pelloux. Risos nervosos.

Biard prossegue: "Para mim, devemos fazer um número normal, entre aspas. Para que os leitores reconheçam o 'Charlie'. Que não seja uma edição excepcional." "Não seria má ideia", comenta alguém em volta da mesa.

Algumas pessoas aventam a ideia de deixar espaços brancos nos lugares onde os mortos da quarta-feira teriam escrito ou desenhado. Mas a equipe acaba decidindo que não o fará. "Não quero que haja um vazio material", argumenta Gérard Biard. "Todas as páginas precisam estar lá. E Mustapha, também." Mustapha Ourrad, o revisor, faz parte da longa lista dos mortos no atentado da quarta-feira. "Então deixe meus erros ficar!", dizem Patrick Pelloux e os outros, brincando.

"Opa, Fidel Castro morreu!" anuncia Luz, fazendo um gesto obsceno com o dedo médio ao descobrir a informação (desmentida logo depois) em seu telefone. O repórter Laurent Léger tenta centrar a discussão sobre o jornal outra vez: "Acho que a gente não deve fazer obituários. Não vamos fazer uma edição de homenagem."

A redação discute o conteúdo do jornal. Gérard Biard: "Espero que parem de nos tratar como leigos fundamentalistas, que as pessoas parem de dizer 'sim, mas...' à liberdade de expressão." Laurent Léger: "A edição também precisa falar do que vem depois." Corinne Rey: "Vamos transmitir a mensagem de que estamos vivos." Richard Malka: "E que não vamos deixar de criticar as religiões."

O "Charlie Hebdo" é um jornal curioso: não tem seções propriamente ditas, mas "espaços" atribuídos a esse ou aquele autor ou desenhista. Para os espaços dos mortos, a equipe decide procurar materiais inéditos deles para publicar. Assim, Charb, Cabu, Wolinski e Honoré estarão na edição que chegará às bancas na quarta-feira. Durante as discussões ouvem-se choros ocasionais, como incêndios rápidos que começam e então se apagam nos braços da pessoa ao lado. Há pessoas que se dão as mãos e olhares molhados de lágrimas.

Richard Malka pigarreia: "Manuel Valls acaba de chegar na redação". A equipe suspira, se espalha, faz brincadeiras. Acompanhado da ministra da Cultura e da Comunicação, Fleur Pellerin, que ostenta um adesivo de "Je suis Charlie" sobre o peito, e de todo um grupo de jornalistas de fora, assistentes e comunicadores, o primeiro-ministro vem cumprimentar os presentes com apertos de mão, soltando algumas informações sobre a intervenção em curso em Dammartin-en-Goële -"os dois assassinos caíram na ratoeira"-e então fazendo votos de "muita coragem" a todos.

Biard pergunta: "Não vamos ter mais jornalistas? E mais ministros? E para a página 16, o que fazemos?" A pergunta se perde no barulho das latinhas de Coca sendo abertas, dos pães de chocolate mastigados, das lágrimas sufocadas, das sirenes de polícia do lado de fora. Em seu canto, Patrick Pelloux dá risada: "Isto sim é uma verdadeira reunião de pauta. É uma zona! Recomeçamos bem."

Tradução de Clara Allain

 

 

 

“NÃO CEDER AO TERROR” — Editorial conjunto de seis grandes jornais europeus

Operários despregam grande lona negra em homenagem às vítimas dos ataques ao jornal 'Charlie Hebdo' na entrada do Palácio dos Festivais, em Cannes, França (Foto: Sebastien Nogier/EFE)

Operários despregam grande lona negra em homenagem às vítimas dos ataques ao jornal ‘Charlie Hebdo’ na entrada do Palácio dos Festivais, em Cannes, França (Foto: Sebastien Nogier/EFE)

O exercício da liberdade é a melhor defesa da Europa contra os criminosos do pensamento.

Editorial conjunto de seis jornais europeus — o francês Le Monde, o britânico The Guardian, o alemão Süddeutsche Zeitung, o italiano La Stampa, o polonês Gazeta Wyborcza e o espanhol El País

Os assassinos de Paris dispararam contra o coração de nossas liberdades individuais e coletivas. Este crime reforça a certeza de que é necessário lutar contra a ignorância, o obscurantismo e o fanatismo religioso, neste caso praticado pelo islamismo radical, provável responsável pelo último crime.

Portanto, frente aos corpos mutilados do diretor do semanárioCharlie Hebdo, de seus principais desenhistas e policiais assassinados friamente, devemos renovar com mais firmeza do que nunca a decisão de continuar trabalhando pela causa da democracia.

Os instigadores do massacre de Paris querem desestabilizar a Europa,agravando o conflito vivido neste continente por causa das comunidades islâmicas. E fazem isso na capital do país, onde a existência de milhões de pessoas de fé muçulmana é um dos temas favoritos do debate público.

Além da dor que afeta o país vítima da brutalidade do golpe, também está a trágica demonstração de que a França está sendo empurrada para a incerteza, em meio a tensões sociais exacerbadas e politicamente deslocada pela ruptura da esquerda, a desorganização da direita e os avanços da extrema-direita; precisamente a força política que vem denunciando a imigração como uma das ameaças que pesam sobre o país.

Jornalistas da France Press se solidarizam com as vítimas do atentado contra o

Jornalistas da France Presse se solidarizam com as vítimas do atentado contra o “Charlie Hebdo” e se manifestam contra o terrorismo no edifício-sede da agência, em Paris (Foto: Francois Xavier Marit/AFP)

Devemos apoiar os líderes da França para que sejam capazes de manter a “unidade nacional” proclamada nesta quarta-feira e administrar cuidadosamente as emoções criadas pela tragédia, de modo que não desencadeie reações incontroláveis.

E constatar a reação de sua comunidade muçulmana, demonstrada na condenação imediata do Conselho francês do culto muçulmano de “um ataque à democracia e à liberdade de imprensa”, e nas declarações enfáticas de vários imãs contra a selvageria da ação que dizimou o jornal Charlie Hebdo.

A Espanha é um dos países com mais experiência recente para afirmar que o terrorismo não prevalece contra o desejo de viver em paz e liberdade, pois mais duros e repetidos que sejam seus golpes.

A condenação imediata e enérgica registrada em todo o mundo demonstra não apenas a clareza com que entendemos hoje a natureza da ameaça, mas também a vontade de evitar que as mortes acabem com as liberdades, por mais dor e tristeza que seus abjetos autores sejam capazes de semear.

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AUGUSTO NUNES: “Enquanto o mundo se mobiliza contra o terror islâmico, jornalistas estatizados pelo governo lulopetista envergonham o Brasil com a reedição do espetáculo do cinismo”

A redação do Charlie antes em 2006 (Foto: Reuters)

A redação do “Charlie Hebdo” em 2006, quando alguns de seus jornalistas e cartunistas já estavam ameaçados de morte (Foto: Reuters)

Sabem por que eu estou reproduzindo este texto do Augusto Nunes? Porque eu gostaria de tê-lo escrito!

Por Augusto Nunes

O tom burocrático da nota divulgada pela presidente Dilma Rousseff escancara a inexistência de indignação real.

Decididamente, o governo brasileiro não enxerga ─ ou não quer enxergar, o que dá no mesmo ─ as dimensões perturbadoras do ataque sofrido pelo semanário satírico francês Charlie Hebdo.

Foi uma das mais chocantes operações terroristas registradas no planeta. Foi a mais insolente e repulsiva ação do gênero ocorrida na França depois da Segunda Guerra Mundial. Foi o mais selvagem desafio às liberdades democráticos sedimentadas pela civilização ocidental. Foi outra sangrenta evidência de que os fanáticos adoradores de Maomé estão decididos a revogar todos os limites impostos pela geografia e pela lei.

Enquanto a onda de indignação nascida na Paris ensanguentada pela milícia islâmica se espalhava pelo mundo, entidades que deveriam defender o jornalismo e a preservação de direitos sem os quais tal profissão é só mais uma fraude voltaram a envergonhar o Brasil com a reedição do espetáculo do cinismo.

Alguns sindicatos optaram pelo silêncio, como se o som das rajadas de balas numa redação fosse uma retomada extemporânea do foguetório que saudou a virada do ano.

A redação do

A redação do “Charlie” depois do massacre: sangue no papel (Foto DR/Le Monde)

Houve os que prolongaram os lamentos pela presença entre os mortos de cartunistas famosos, como Wolinski, para fingir que só não se assombraram com o atrevimento dos matadores por falta de espaço.

Dois ou três comunicados até ousaram  enxergar um atentado ao direito de expressão, mas trataram os liberticidas patológicos com a brandura recomendada a companheiros de luta contra o imperialismo ianque.

Na visão caolha do governo e dos seus sabujos fantasiados de dirigentes sindicais ou blogueiros progressistas, qualquer país, partido ou bando que se oponha aos Estados Unidos merece o tratamento de amigo de infância.

Foi assim com os aiatolás atômicos, com o doido de pedra Muammar Khadaff, louvado por Lula como “irmão e líder” enquanto arrastava a Líbia de volta ao tempo das cavernas. É assim com genocidas africanos, com tiranetes cucarachas e até com o Estado Islâmico, um viveiro de degoladores que Dilma Rousseff acha possível regenerar com meia dúzia de diálogos amáveis e muito carinho.

É natural que seja assim com os psicopatas a serviço do Islã.

No universo dos países democráticos, os jornalistas brasileiros a serviço do lulopetismo são os únicos que lutam pelo fim da liberdade de imprensa e pela implantação da censura, sempre encoberta por codinomes bisonhos como “controle social da mídia”, “regulação dos meios de comunicação” ou  “democratização da mídia”.

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Os traços tortos da barbárie não podem triunfar

a charge lápis

Charge de Gilmar. Site: clicar aqui.

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Fonte:
Folha de S. Paulo + VEJA

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