Crédito caro e confiança reduzem projeção de crescimento do PIB a 1% em 2017, diz Fazenda

Publicado em 22/11/2016 06:18

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Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, afirmou nesta segunda-feira que o crédito ainda caro, sobretudo para as empresas, e a confiança ainda em recuperação estão afetando o crescimento econômico do Brasil, cuja projeção oficial de expansão em 2017 recuou a 1 por cento, ante 1,6 por cento .

Para 2016, a projeção do ministério também piorou, com retração de 3,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), sobre previsão anterior de contração de 3 por cento.

Kanczuk, que acabou de assumir o cargo, disse que a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos deve reduzir o crescimento do comércio internacional e elevar a inflação na maior economia do mundo e, assim, os juros naquele país. Mas para a economia brasileira os efeitos desse movimento ainda são "ambíguos".

Apesar do cenário econômico mais adverso, o secretário afirmou que o governo tem condições de cumprir a meta de déficit primário de 139 bilhões de reais em 2017. Ele ressaltou que as receitas dependem não apenas do comportamento do PIB, mas também do câmbio, inflação e massa salarial.

"A conclusão de que um menor crescimento do PIB vai implicar menos receita é prematura. A gente tem que usar todos os itens necessários para conseguir projetar receita da melhor forma possível", afirmou Kanczuk em coletiva de imprensa, após ser bastante questionado a respeito.

Ele destacou ainda que o governo vai fazer essa conta no fim do primeiro trimestre do ano que vem, em conformidade com a legislação. "Até lá tem muita água sobre a ponte", acrescentou.

Segundo o secretário, a expectativa agora é de que o PIB do último trimestre de 2016 mostre crescimento zero, passando ao campo positivo no primeiro trimestre de 2017.

Sobre a estimativa mais baixa para o PIB no próximo ano, ele afirmou que o número contempla riscos balanceados, representando a melhor projeção que a Fazenda pode fazer no momento.

Em agosto, o governo havia revisado para cima a perspectiva para a atividade econômica em 2017 a 1,6 por cento, ante 1,2 por cento anteriormente.

Antes de enviar a proposta orçamentária do próximo ano ao Congresso, inclusive, a equipe econômica chegou a pontuar que a melhor estimativa para o PIB ajudava o governo a casar receitas e despesas em consonância com a meta fiscal, sem que houvesse necessidade de elevação de impostos para fechar a conta.

Nesta segunda, Kanczuk afirmou que a menor estimativa para o PIB não eleva a pressão por aumento na carga tributária.

"Orçamento vai depender da projeção de receita, pode ser que projeção de receita seja até maior", disse, sem dar detalhes.

CRÉDITO ÀS EMPRESAS

Em apresentação a jornalistas, o secretário de Política Econômica afirmou que a queda da confiança, motivado pela deterioração das contas públicas, foi o principal fator por trás da intensificação da recessão econômica neste ano.

Nesse cenário, apontou que o custo do crédito, especialmente o direcionado às empresas, está subindo. Isso porque em meio à desaceleração econômica, as companhias estão lucrando menos e se tornando mais endividadas em relação a seu desempenho operacional. De olho nessa situação, o setor financeiro passa a ver maior risco nessas empresas e aumenta o custo dos empréstimos concedidos.

"Aumento do spread de crédito é absolutamente natural (em processos recessivos), mas sua dimensão só está ficando clara agora e é isso que está por trás da nossa revisão de PIB", afirmou Kanczuk.

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Fonte:
Reuters

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