Paulo Roberto Costa nega relação próxima a Lula em nova audiência tumultuada em Curitiba

Publicado em 24/11/2016 05:26
Reuters

Reuters) - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse nesta quarta-feira, ao prestar depoimento em ação em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu na Lava Jato, que não tinha relacionamento próximo com o ex-presidente, em mais uma audiência do processo marcado por embates entre a defesa de Lula e o juiz Sérgio Moro.

O ex-diretor, uma das três testemunhas de acusação a prestar depoimento no processo nesta quarta, afirmou que se reuniu com Lula algumas vezes, sempre acompanhado do presidente da Petrobras ou de toda a diretoria da estatal.

"Nunca tive intimidade com o presidente Lula", disse ele durante o depoimento. "Eu nunca tive uma reunião eu só com o presidente Lula", acrescentou.

Indagado pela defesa do ex-presidente se Lula costumava se referir a ele como "Paulinho", como aponta trecho da denúncia do Ministério Público, Costa disse que o ex-presidente se referiu diretamente a ele com este apelido, mas que não sabia se o usava para se referir a ele com outras pessoas.

Na noite de terça-feira a defesa de Lula protocolou na ação penal uma petição criticando a atuação de Moro e o clima ficou novamente tenso na audiência desta quarta, com o magistrado, responsável pela Lava Jato em primeira instância, indeferindo sucessivas contestações da defesa.

O depoimento de uma outra testemunha, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que também estava marcado para esta quarta, acabou sendo adiado por Moro para a manhã de quinta-feira, quando o juiz alegou percalços criados pela defesa.

Os advogados de Lula afirmaram que o adiamento se deu por conta de uma palestra que seria dada por Moro, que eles afirmaram ter sido divulgada pela imprensa, e disseram que nenhuma das testemunhas ouvidas incriminou o ex-presidente.

"Mais uma vez, as testemunhas arroladas pelo Ministério Público Federal para a segunda audiência realizada hoje na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba isentaram o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à acusação de recebimento de qualquer vantagem indevida por meio de um tríplex no Guarujá", afirma a nota da defesa.

"No curso da audiência, além de não seguir o rito estabelecido na lei, como registrado pela defesa em petição, Moro ainda fez nova antecipação de juízo de valor – tentando transformar o exercício do direito de defesa em falta de argumentos -, o que motivou a reiteração da sua suspeição."

Neste processo, Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido um tríplex da OAS e de ter tido despesas de armazenamento pagas pela empreiteira.

Os advogados do ex-presidente negam quaisquer irregularidades.

A primeira audiência para ouvir testemunhas nesta ação aconteceu na segunda-feira e também foi marcada por embates entre os advogados de Lula e Moro, que chegou a afirmar que a defesa buscava tumultuar o processo.

Na ocasião, o ex-senador Delcídio do Amaral, que teve o mandato cassado e fez acordo de delação com a Lava Jato, classificou de "surreal" a afirmação de que Lula não sabia do esquema de corrupção na Petrobras.

Executivos da Odebrecht fecham acordo de delação com Lava Jato

 

BRASÍLIA (Reuters) - Os acordos de delação premiada com algumas dezenas de executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da operação Lava Jato já foram finalizados e devem ser assinados até a quinta-feira, disse à Reuters nesta quarta-feira uma fonte que acompanha as negociações, acrescentando que um acordo de colaboração com a empresa "nunca esteve tão perto e também deve sair nos próximos dias".

A delação da Odebrecht, maior empreiteira da América Latina, tem sido apontada como uma das mais aguardadas da Lava Jato e a que tem maior potencial de provocar abalos ainda maiores no cenário político.

A fonte, que pediu para não ser identificada, disse ainda que o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba e já condenado, deverá fazer parte do grupo de executivos que firmarão acordos com a Procuradoria-Geral da República. Marcelo Odebrecht já foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão em ação penal da Lava Jato.

No início deste mês, uma outra fonte com conhecimento das negociações em andamento disse à Reuters que haviam tratativas com cerca de 80 executivos da empreiteira com vistas a um acordo de delação.

A fonte que falou à Reuters nesta quarta disse não saber ao certo quantos executivos decidiram firmar acordo, mas afirmou que o número é de grandeza parecida à da citada pela primeira fonte.

Advogados de executivos da Odebrecht estão reunidos nesta quarta com procuradores para tratar da assinatura dos acordos, disse a fonte que confirmou as delações. O documento a ser assinado com a empreiteira, por sua vez, está sendo discutido tanto na capital federal quanto em Curitiba, onde tramitam os processos da Lava Jato em primeira instância.

Procurada pela Reuters, a assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral da República afirmou que não comentará a informação.

A Odebrecht disse em nota que "não se manifesta sobre eventual negociação com a Justiça, mas reforça seu compromisso com uma atuação ética, íntegra e transparente, expresso por meio das medidas concretas já adotadas para reforçar e ampliar o programa de conformidade nas empresas do grupo".

Nas investigações da operação Lava Jato, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal encontraram uma planilha que, afirmam, indica pagamentos feitos pela empreiteira a políticos de vários partidos. Não ficou claro à época se os dados da planilha se referiam a repasses de propina, a doações legais para campanhas eleitorais ou a doações não contabilizadas, o chamado caixa dois.

Como na delação da empreiteira e de seus executivos e funcionários devem ser citados políticos com mandato, os acordos terão de ser analisados pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da Lava Jato na corte.

Caberá a Teori decidir se valida esses acordos e permite que as delações sejam usadas no processo ou se os rejeita e os declara nulos.

(Reportagem adicional de Eduardo Simões e Aluísio Alves, em São Paulo)

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Fonte:
Reuters

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