Rejeição de Lula sobe para 64% em abril, aponta pesquisa IPSOS (no Estadão e Valor)

Publicado em 01/05/2017 05:50 e atualizado em 01/05/2017 06:27
Levantamento do Instituto (francês) IPSOS mostra Lula na dianteira com 34 % de apoio, mas rejeição enorme de 64%. Comentário do jornal O Estado de S. Paulo, em editorial: "... "dois de cada três brasileiros querem vê-lo pelas costas".

Passado, presente e futuro (editorial do ESTADÃO, edição desta segunda)

A decepção dos brasileiros com a política é uma péssima notícia porque coloca em risco o futuro da democracia e da liberdade no País (O Estado de S. Paulo)

Monitoramento mensal de opinião relativo a abril realizado pelo Instituto Ipsos revela que é preocupantemente crescente o desencanto e a desconfiança dos brasileiros em relação aos políticos e, por extensão, à política. Nesse contexto, dois dados são particularmente significativos: a desaprovação ao presidente Michel Temer atingiu o índice de 87%, enquanto a aprovação popular do governo – que em seu melhor momento era de 31% em outubro do ano passado – despencou para 10% em abril, depois de ter registrado 17% em março.

Por outro lado, o ex-presidente Lula, embora conte ainda com o apoio de 34% da população, tem um índice de 64% de rejeição, o que significa que dois de cada três brasileiros querem vê-lo pelas costas.

Essa pesquisa, cujo resultado foi antecipado pelo jornal Valor, não procura traduzir tendências eleitorais, mas avaliar o estado de espírito dos cidadãos em relação à conjuntura política. É claro que essa sondagem dá margem a especulações sobre tendências eleitorais, mas, como o escopo da investigação não é esse, a base para prognósticos torna-se tecnicamente menos segura do que aquela proporcionada por pesquisas efetivamente voltadas para o resultado das urnas.

A decepção dos brasileiros com a política é uma péssima notícia porque coloca em risco o futuro da democracia e da liberdade no País. Mas é perfeitamente compreensível o efeito devastador sobre as convicções democráticas do cidadão brasileiro causado pelo desnudamento do estado de putrefação em que se encontra o nosso sistema político.

Tornou-se evidente que a gestão da coisa pública, em todos os âmbitos, foi corrompida pela ambição desmedida do projeto de poder do PT, ajudado, no assalto aos recursos públicos, por maus políticos de todas as extrações, acumpliciados com bandidos de colarinho branco que enriquecem à custa de trambiques com os cofres públicos e da desmoralização da iniciativa privada e da economia de mercado.

Neste momento em que toda a nação brasileira e suas lideranças políticas deveriam estar solidariamente concentradas no enorme desafio de conquistar a confiança interna e externa na recuperação da economia, na criação de empregos e na retomada de investimentos estruturais voltados para o desenvolvimento social – não como dádivas dos poderosos, mas como conquistas da sociedade –, as forças do atraso se aliam, a pretexto de defender os “interesses dos trabalhadores”. Pois são esses trabalhadores que vão ficar sem aposentadoria a médio prazo, se aqueles que hoje os “defendem” lograrem impedir ou esvaziar a reforma previdenciária que o País reclama há décadas.

Nesse contexto, considerando também sua própria origem política e a de seus principais auxiliares, dá para compreender a crescente rejeição popular a que o presidente Michel Temer está exposto. O PMDB, por “pragmatismo”, foi o principal aliado do lulopetismo durante a maior parte dos 13 anos em que Lula e sua tigrada estiveram no poder.

Hoje, Dilma Rousseff sofre uma enorme rejeição: 77%, apesar de choramingar pelos cantos que foi vítima de um “golpe”. Um país que agora rejeita tão claramente o PT dificilmente poderia ter boa vontade com um governo que até um ano atrás era corresponsável pela catástrofe provocada pela soberba e incompetência da pupila de Lula.

Até porque os principais figurões deste governo também estão envolvidos até o pescoço com denúncias de corrupção. Além disso, um governo é sempre avaliado com base na percepção que o cidadão tem do presente e do passado. Michel Temer, por enquanto, só pode oferecer – e, justiça seja feita, está empenhado nisso – a perspectiva de um futuro melhor.

De qualquer modo, não deixa de ser um consolo saber que os brasileiros não estão dispostos a retornar ao passado. Mas o futuro depende daquilo que for construído hoje.

Sérgio Moro é o nome mais bem avaliado (IPSOS)

O Levantamento da IPSOS de abril foi realizada com 1.200 pessoas, em 72 municípios, entre 1.o e 12 de abril, -- antes, portanto, das delações da Odebrecht. (A margem de erro, segundo o intituto é de 3 pontos).

No quesito desaprovação Lula aparece com enorme rejeição de 64%. Abaixo dele surge Marina Silva, com 58%. Jair Bolsonaro tem 48%, enquanto João Doria aparece com apenas 40% (mas é desconhecido por 45% dos brasileiros). Segundo o instituto de pesquisa esta é a maior taxa (de desconhecimento) entre os possiveis candidatos à presidência.

No ranking de aprovação (em abril, antes das revelações do caso Odebrecht), surge em primeiro lugar o nome do juiz Sérgio Moro, com 64%. Em segundo lugar vem o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, com 47%. Entre os presidenciáveis, o ranking de aprovação fica assim: Lula em primeiro lugar (com 34%), seguido por Marina (24%), Serra (18%), Alckmin e Doria (14%), Ciro (11%), Aécio e Bolsonaro (9%).

(Publicado pelo jornal Valor Econômico, no dia 24 de março de 2017).

 

Ipsos: Temer precisa subir sua aprovação acima dos 40% se quiser governar (Abril, 2016)

Pesquisa Ipsos aponta que 62% dos brasileiros reprovam o vice-presidente; apesar do alto índice, Temer vem ganhando popularidade nos últimos meses

O alto número de brasileiros que reprovam a forma de atuar do vice-presidente Michel Temer pode dificultar a governabilidade do peemedebista. Levantamento da empresa de pesquisa Ipsos mostra que 62% dos brasileiros reprovam a atuação de Temer. Os dados constam na pesquisa “Pulso Brasil” da Ipsos, que ouviu 1.200 pessoas entre 1º e 8 de abril em 72 municípios de todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.

Modelo global de análise de governabilidade da Ipsos mostra que um governo precisa ter ao menos 40% de aprovação popular se quiser passar leis e reformas. “Historicamente, a opinião pública é o capital político de um governante. É isso que ajuda um governo a conseguir maioria no parlamento e a passar leis e reformas. Em nosso modelo de análise global, vemos que 40% de aprovação é o patamar mínimo para um governo aprovar reformas. Sem atingir isso fica muito difícil governar”, afirma Alexandre de Saint-Léon, CEO da Ipsos no Brasil.

Apesar do alto índice de reprovação, a popularidade do vice-presidente vem subindo. A aprovação a Temer cresceu 18 pontos percentuais de fevereiro a abril, saltando de 6% para 24%. No mesmo período, o desconhecimento em relação ao vice-presidente caiu de 33% para 14%.

“Temer conseguiu reverter o desconhecimento em relação ao seu nome em aprovação e desvincular sua imagem da figura pública da presidente Dilma. Seu índice de desaprovação ainda é alto e se manteve praticamente estável. Era 61% em fevereiro e é 62% em abril. Mas a desaprovação em relação a qualquer político é alta entre os brasileiros”, afirma Alexandre de Saint-Léon, CEO da Ipsos no Brasil.

Outro nome cuja aprovação disparou foi Marina Silva. A taxa de desconhecimento da ex-candidata caiu de 21% para 8% e o conhecimento subiu de 27% para 48% em dois meses.  “Em ambos casos, vemos que o posicionamento que Marina e Temer assumiram nas últimas semanas está tendo um impacto positivo na imagem deles. A questão agora é ver como conseguirão sustentar essa tendência,” complementa de Saint-Léon.

Rejeição é alta entre políticos; Marina é exceção

Os principais políticos brasileiros estão com alto índice de rejeição. Nenhum nome tradicional que já tenha ocupado ou ocupe cargos no executivo ou legislativo conquistou mais de 50% de aprovação. Os nomes com maior desaprovação são o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (68%), o presidente da Câmara Eduardo Cunha (65%), o presidente do Senado Renan Calheiros (65%), o vice-presidente Michel Temer (62%) e o senador Aécio Neves (59%).

Numa eventual antecipação das eleições presidenciais, o nome mais bem cotado seria o de Marina Silva.  A ex-candidata tem a maior taxa de aprovação (48%), seguida pelo deputado federal Tiririca (43%). Em terceiro lugar entre os com maior aprovação aparecem os senadores tucanos Aécio Neves e José Serra, com 31%. Lula e o deputado Celso Russomano aparecem em quarto lugar, ambos com 29% de aprovação. O quinto político com maior avaliação positiva é o deputado Romário (28%). 

Maioria dos brasileiros não se lembra em quem votou

Parlamentares receberam uma onda de críticas pelos discursos durante a votação pela abertura do impeachment no último domingo (17), mas dificilmente serão cobrados pelos eleitores nas urnas.

Cerca de três em cada cinco brasileiros não se lembram em quem votaram para senador ou deputado federal, mostra a pesquisa Ipsos. Entre os jovens esse número é ainda maior: quatro em cada cinco eleitores entre 18 e 24 anos não se lembram quem escolheram nas urnas para a Câmara Federal e para o Senado. 

A desconfiança perante as instituições também está alta entre os brasileiros. De acordo com o levantamento da Ipsos, 78% não confiam nos políticos em geral e 77% desconfiam dos partidos políticos. Seis em cada dez brasileiros não confiam no Congresso Nacional. A instituição com menor nível de desconfiança são as Forças Armadas, com apenas 20% de desconfiança. A pesquisa mostra ainda que os militares têm a confiança de 78% dos entrevistados, sendo que quase metade (41%) afirma confiar muito nas Forças Armadas.

PESQUISA DO INSTITUTO IPSOS -- Em março Lula era o político melhor avaliado, mas com reprovação de 59%

90% dos entrevistados acreditam que o Brasil está no rumo errado e 78% desaprovam o presidente Michel Temer. Um em cada três brasileiros (33%) não tem nenhuma expectativa para o futuro em relação ao governo Michel Temer. É o que revela a pesquisa Pulso Brasil, da Ipsos, realizada entre 1 e 15 de março. O índice é cinco pontos percentuais maior do que no mês anterior.  Para 90% dos entrevistados, o país está no rumo errado. Em fevereiro, era 87%.
 
-- “Os resultados do Pulso Brasil de março sugerem que a agenda do governo Temer tem sido encarada de maneira muito mais negativa do que positiva. Nossas pesquisas mostram que a pauta de reformas vem gerando muitas dúvidas e inseguranças e podem ter um peso maior na avaliação do governo em detrimento a ações como a liberação das contas do FGTS”, diz Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs, responsável pelo Pulso Brasil. (O estudo da Ipsos contou com 1200 entrevistas presenciais em 72 municípios brasileiros. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.)
 
Lula é o político melhor avaliado
 
A pesquisa também mostra que a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva melhorou, embora a reprovação seu nome permaneça alta (59%). De fevereiro para março, a avaliação positiva do petista subiu 7 pontos percentuais. No ranking “Barômetro Político” da Ipsos, que analisa a atuação de 26 personalidades do meio político e jurídico, Lula é o político com maior aprovação (38%), perdendo apenas para o juiz Sérgio Moro (63%) e Joaquim Barbosa (51%).
 
A aprovação de Lula melhorou em todas as regiões e classes sociais. Quando se avalia as respostas por nível de escolaridade, o petista só não ampliou sua aprovação entre os entrevistados com ensino superior.
 
“Em um contexto no qual praticamente todos os políticos são vistos como mais do mesmo, Lula tem a seu favor o fato de ter sido presidente e de ter deixado um legado para uma parcela da população, que vem avaliando sua imagem de maneira positiva”, comenta Cersosimo.
 
O levantamento mostra também uma piora na avaliação do governo federal. O índice de ruim e péssimo subiu de 59%, em fevereiro, para 62% nesse mês. A avaliação do presidente Michel Temer se manteve estável, com 78% de desaprovação.
 
A região nordeste é a que mais rejeita o presidente - 89% de reprovação. Quando se considera classe social, o pior resultado de Temer é entre a classe C (79% de desaprovação). Em relação à escolaridade, os mais desfavoráveis ao peemedebista são os com nível superior (85% de avaliação negativa).
 
Os melhores índices do presidente estão na região norte (28% de aprovação), na classe AB (21% de avaliação positiva) e entre os que possuem ensino médio (19% de favorabilidade).
 
Outros nomes avaliados
 
O nome de João Dória recebeu, em março 16% de avaliação positiva e 45% de rejeição. Jair Bolsonaro tinha 52% de reprovação em março e 14% de aprovaçao. Já o nome de Marina Silva, da REDE, estranhamente não tem sua aceitação avaliada. Só possui 62% de rejeição. 
 
O nome mais mal avaliado em março era a do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, com índice de 87%, seguido pelo senador Renan Calheiros, que soma 83%. Em terceiro lugar, está o atual presidente, Michel Temer, com 78% de desaprovação e, na quarta colocação, Dilma Rousseff e Aécio Neves, ambos empatados com 74%.
 
A pesquisa avaliou outros nomes tradicionais da política brasileira que já se candidataram à presidência. Além do senador tucano Aécio Neves (desaprovado por 74%), José Serra e Geraldo Alckmin são avaliados negativamente por 70% e 67%, respectivamente. 
 
Outras personalidades também foram analisadas quanto ao índice de desaprovação e aprovação, como Rodrigo Maia (57% e 4%, respectivamente); Romero Jucá (55% e 4%, respectivamente); Ciro Gomes (55% e 11%, respectivamente); Jeans Wyllys (53% e 4%, respectivamente); Henrique Meirelles (52% e 6%, respectivamente); Marcelo Crivella (51% e 12%, respectivamente); Roberto Justus (49% e 14%, respectivamente); Rodrigo Janot (48% e 18%, respectivamente); Paulos Skaf (46% e 7%, respectivamente); Alexandre de Moraes (46% e 11% respectivamente);  e Carmem Lúcia (38% e 26%, respectivamente).
 
Sobre a Ipsos
 
A Ipsos é uma empresa independente global na área de pesquisa de mercado presente em 88 países. A companhia tem mais de 5 mil clientes e ocupa a terceira posição na indústria de pesquisa. Maior empresa de pesquisa eleitoral do mundo, a Ipsos atua ainda nas áreas de publicidade, fidelização de clientes, marketing, mídia, opinião pública e coleta de dados. Para mais informações, acesse: www.ipsos.com.br, www.ipsos.com, https://youtu.be/QpajPPwN4oE, https://youtu.be/EWda5jAElZ0 e   https://youtu.be/2KgINZxhTAU.
 

Lula não se lembra do que disse em fevereiro, por ELIO GASPARI (na FOLHA)

  Pedro Ladeira/Folhapress  
Apesar de hoje negar pretensão de conversar com Temer, Lula sugeriu a ele encontros em fevereiro
Apesar de hoje negar pretensão de conversar com Temer, Lula sugeriu a ele encontros em fevereiro

A memória de Lula está falhando. Ele anunciou que gostaria de conversar com Fernando Henrique Cardoso, mas não quer se encontrar com Temer. Nas suas palavras ao repórter Kennedy Alencar: "Eu, sinceramente, não tenho muito interesse de conversar com o Temer, porque a forma como ele chegou no governo não condiz, inclusive, com as conversas que eu tive com ele".

Essa frase de construção acrobática é falsa como uma nota de R$ 3. Em fevereiro, quando Temer foi visitá-lo no hospital Sírio-Libanês, durante a agonia de Marisa Letícia, foi Lula quem falou da conveniência de novos encontros, inclusive com a presença de Fernando Henrique Cardoso.

A proposta ocorreu logo nos primeiros minutos da visita, quando os dois já estavam sentados, e foi testemunhada por cerca de dez pessoas. Temer disse-lhe que aceitava a sugestão e deu-lhe um tapinha na perna.

Se Lula não consegue lembrar de uma conversa ocorrida há menos de três meses, pode-se entender que não lembre quem é o dono do apartamento do edifício Solaris e do sítio de Atibaia.

*

Lula preso

Tem muita gente querendo ver Lula na cadeia.

Essa cena parece ser uma solução. A menos que Lula seja trancado para começar a cumprir uma sentença, prendê-lo preventivamente ou por desacato ao juiz Sergio Moro cria um problema novo: soltá-lo.

Assim, prende-se um réu e solta-se um mártir, cuja libertação terá sido pedida em manifestações realizadas no Brasil e no exterior.

A reforma engavetada (O ESTADO DE S. PAULO)

Se o sistema político não funciona – com o que os deputados federais aparentemente não concordam –, cabe reformá-lo

A representação política é fundamento básico indispensável às democracias porque é o instrumento de legitimação dos governos nos regimes construídos sobre o primado da liberdade. Cabe à política traduzir em ação governamental os anseios da sociedade, cuidando também da delicada tarefa de promover a mediação entre os naturais conflitos de interesse entre o individual e o coletivo, os anseios corporativos e o bem público, resultantes da complexidade da natureza humana. A política brasileira, obviamente, não cumpre sua finalidade precípua, uma vez que, hoje mais do que nunca, nela prevalece a mentalidade patrimonialista que impede a distinção entre o que é público e o que é privado. Assim, se o sistema político não funciona – com o que os deputados federais aparentemente não concordam –, cabe reformá-lo. No caso do Brasil, com urgência. Foi essa a conclusão unânime dos especialistas reunidos no Debate Estadão: A reforma política que queremos, promovido em parceria com a Fecomercio-SP, o movimento Vem Pra Rua e o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice).

A reforma fiscal e o destravamento da economia são precondições para a redução do desemprego. O governo concentra seus esforços nessas prioridades. A tumultuada conjuntura política, no entanto, cria graves dificuldades adicionais à necessária negociação que o governo precisa democraticamente manter com o Congresso em torno das reformas. Essas dificuldades se estendem inclusive a sua base de apoio, exatamente porque boa parte dos parlamentares, distribuídos por uma ampla constelação de grandes e pequenas legendas que estão no Parlamento principalmente para fazer negócios, não se peja de cobrar caro por seus votos.

Trata-se, portanto, de começar uma ampla reforma política a partir de medidas que, entre outros, tenham o objetivo de reformar o sistema de organização partidária e fazê-lo com urgência, de modo que essa reforma vigore já nas eleições gerais programadas para daqui a um ano e meio. Esse foi um dos consensos resultantes do Debate Estadão.

A principal medida preconizada pelos debatedores para reformar o sistema político-partidário é a chamada cláusula de barreira, ou de desempenho, destinada a restringir o acesso a recursos públicos diretos, como os do Fundo Partidário, ou indiretos, como aqueles que patrocinam na mídia eletrônica o horário eleitoral dito gratuito. A existência desses recursos generosos é a principal razão pela qual a maior parte dos novos partidos é criada. Alguns dirigentes dessas legendas nanicas faturam tanto com a parte que lhes cabe na dotação anual do Fundo Partidário quanto, em períodos eleitorais, com a negociação do tempo de que dispõem no rádio e na TV.

De acordo com a Justiça Eleitoral, neste ano os 2 partidos nanicos que, entre os 35, receberão a menor cota de participação no Fundo Partidário – cuja verba total é de mais de R$ 720 milhões – terão direito, cada um, a R$ 260.184,96. Para o próximo ano, a pretexto de compensar a proibição de doações eleitorais de empresas, cogita-se de aumentar o Fundo Partidário para algo entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões, bem como da criação de um fundo eleitoral paralelo. Está claro, portanto, que a definição das fontes de recursos para as eleições de 2018 preocupa seriamente os políticos, que aparentemente não cogitam de reduzir os astronômicos custos das campanhas.

Em novembro do ano passado, o Senado aprovou, em segundo turno, por 69 votos a favor e 9 contra, a PEC da Reforma Política que estabelece a cláusula de barreira nos seguintes termos: continuarão desfrutando de todos os benefícios que têm hoje, como acesso ao Fundo Partidário, propaganda de rádio e televisão, estrutura funcional própria no Parlamento e outros, os partidos que obtiverem 2% de votos para deputados federais em todo o País, sendo um mínimo de 2% em cada 1 de pelo menos 14 Estados. Os partidos que não superarem essas barreiras terão reconhecidos os deputados que conseguirem eleger, mas não terão acesso a nenhum benefício.

Como toda PEC, essa precisa ser aprovada também em dois turnos na Câmara. Mas, até para demonstrar o quanto é necessária, foi engavetada pelos nobres deputados.

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Fonte:
ESTADÃO + IPSOS +FOLHA

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