Furacão no Texas puxa preços do petróleo e grãos sentem impacto positivo
A quinta-feira (31) é de preços em alta para o petróleo no mercado internacional e seu avanço puxou as demais commodities. Os futuros do crude subiram mais de 2% e o de brent, mais de 3% somente neste pregão.
As cotações em alta, porém, puderam ser observadas em todo o mercado global de energia - do butano na Ásia ao diesel na Europa e à gasolina na América Latina, como relata a agência internacional de notícias Bloomberg, em um reflexo ainda do furacão Harvey, que tem castigado o estado do Texas, nos Estados Unidos.
"As implicações globais de uma temporada de tempestades tropicais no Golfo do México, nos EUA, se intensificaram quando o país se tornou um um centro mundial de energia", disse Ed Morse, chefe das commodities do Citigroup, em entrevista à Bloomberg.
No mercado de grãos, o impacto foi consistente e somente os futuros da soja e do grão negociados na Bolsa de Chicago encerraram o dia com altas de mais de 12 pontos entre os principais contratos. No cereal, o vencimento dezembro fechou com ganho de 12 pontos e valendo US$ 3,57 por bushel, enquanto na oleaginosa, o novembro foi a US$ 9,46.
Em Nova York, apesar de mais tímidas, foram registradas altas no café, algodão e açúcar.
"Quando você tem uma ausência de novidades no lado da safra e do clima, positivos números de demanda e um financeiro a favor, se cria uma combinação para esse movimento de alta. O financeiro é sempre importante nessa formação de preços na parte 'financeira' dos grãos, relacionada com petróleo, dólar e tudo mais", explica Flávio França Junior, consultor de mercado da França Junior Consultoria.
O efeito do furacão, ainda de acordo com a agência, cria uma oportunidade quase sem precedentes para que os traders possam fazer dinheiro neste momento, embarcando produtoes brutos e refinados neste momento. Já há a perspectiva de uma frota de gasolina sendo direcionada aos EUA e à América Latina, enquanto os países asiáticas aproveitam o espaço deixado pelo Texas com gaes como butano e propano, principalmente.
Mais do que isso, para Jamie Webster, um representante do Centro Global de Políticas de Energia da Universidade de Columbia, no momento atual irá "a concentração e conectividade da mais importante região energética do mundo irão testar a segurança energética global".
Sistema comprometido
O sistema de petróleo norte-americano ainda continua severamente comprometido após as chuvas intensas dos últimos dias, além das inundações. A situação se agravou a partir da última quarta-feira (30), quando o furacão Harvey fez uma segunda rodada não só pelo Texas, como também pela Louisiana.
A capacidade produtiva, assim, foi reduzida em cerca de 4,25 milhões de barris por dia nos EUA, o equivalente a um quarto da produção nacional e o mesmo que a capacidade de refino da França e da Alemanha juntas. Com isso, o preço da gasolina nos EUA superou os US$ 2,00 por galão pela primeira vez desde julho de 2015, entre outros impactos.
Todo o prejuízo nas plantas inundadas só será possível de ser avaliado após a baixa das águas, mas já se estima danos mais graves do que na época do Katrina e do Rita.
"A quantidade perdida de óleo para o Harvey pelo resto do mundo vai se acumular rapidamente. E isso vai acelerar a queda global dos estoques", explica o fundador da consultoria Petromatrix GmbH, Olivier Jakob.
Com informações da agência internacional Bloomberg.