Chuvas devem derrubar preço spot da eletricidade em dezembro, dizem analistas

Publicado em 22/11/2017 04:27
A partir de dezembro, a expectativa do mercado é de início de uma temporada de chuvas mais vigorosas na região das hidrelétricas

SÃO PAULO (Reuters) - Os preços spot da eletricidade, que chegaram a tocar o teto regulatório de 533 reais na primeira semana deste mês, devem cair significativamente em dezembro, com a previsão de chegada de chuvas mais favoráveis à região dos reservatórios das hidrelétricas, disseram especialistas à Reuters.

Executivos de comercializadoras de energia apontam para preços spot, ou Preços de Liquidação das Diferenças (PLDs), de 230 reais a 330 reais no início do próximo mês, contra cerca de 453 reais nesta semana.

A redução nos preços deve beneficiar principalmente geradores hidrelétricos, que nos últimos meses não têm conseguido produzir o suficiente para cumprir seus contratos devido à falta de água nos reservatórios. Quando isso acontece, eles precisam comprar eletricidade pelos preços spot para compensar o que não foi entregue às distribuidoras, que possuem contratos com as usinas.

Relatório do banco Credit Suisse no início deste mês destacou que a geradora paulista Cesp é uma das mais expostas a perdas com o chamado "risco hidrológico".

"A gente imagina que o PLD de dezembro deve ser entre 230 e 240 reais por megawatt-hora... pode subir, talvez a 250, 260 reais, vai depender de como vai vir a chuva", projetou o presidente da comercializadora de eletricidade América Energia, Andrew Frank.

Na plataforma eletrônica de negociação de energia BBCE, contratos para dezembro chegaram a ser negociados por 200 reais na segunda-feira, contra preços de até 223 reais nesta terça-feira.

O presidente da Copel Comercialização, Franklin Miguel, avalia que esses preços significam que o mercado prevê um PLD de entre 270 e 280 reais por megawatt-hora em dezembro.

A Energética Comercializadora é um pouco mais pessimista, e vê um preço spot entre 300 e 330 reais por megawatt-hora no próximo mês, ainda assim com recuo relevante frente a novembro.

O diretor comercial da empresa, Laudenir Pegorini, disse que as expectativas eram mais otimistas até sexta-feira, e foram parcialmente revertidas com precipitações abaixo das estimadas nos últimos dias.

CHUVAS AJUDAM TRIMESTRE

A partir de dezembro, a expectativa do mercado é de início de uma temporada de chuvas mais vigorosas na região das hidrelétricas, que geralmente vai até abril.

As precipitações devem ajudar a manter os preços spot em níveis bem abaixo dos atuais no primeiro trimestre de 2018, a menos de 200 reais, mas essa situação mais favorável pode não perdurar, devido aos níveis ainda muito baixos dos reservatórios hídricos.

A "folga" pode ajudar geradores a contratar energia a preços mais favoráveis para compensar eventuais déficits de geração no próximo ano.

"2018 deve começar o primeiro trimestre com preço um pouco menor, pelo período chuvoso, mas mais para a frente volta a patamares acima dos 200 reais... tem uma janela de oportunidade. Depois não tem fundamento para sustentar esses preços para 2018, teria que ter muita água", disse Franklin, da Copel Comercialização.

A opinião é semelhante à da América Comercializadora.

"A gente imagina um primeiro trimestre com preços relativamente baixos... mas a gente acha que eles acabarão voltando", disse o presidente da empresa, Andrew Frank.

As hidrelétricas do Sudeste, que concentram a maior capacidade em reservatórios, têm atualmente 17,8 por cento de armazenamento, nível próximo do recorde negativo de 15 por cento de novembro de 2014 e abaixo dos cerca de 20 por cento vistos em 2001, quando o país enfrentou um racionamento, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

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Fonte:
Reuters

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