Situação da indústria de carnes é caótica por greve de caminhoneiros, normalização levará 2 meses, diz ABPA

Publicado em 27/05/2018 18:29
Reuters

SÃO PAULO (Reuters) - A situação da indústria de proteína animal por causa da greve dos caminhoneiros é caótica e a normalização do setor deve levar até dois meses após o término do movimento grevista, que já dura uma semana, disse neste domingo a Associação Brasileira de Proteína Animal.

O setor registrava neste domingo 167 plantas frigoríficas de aves e suínos paradas, com mais de 234 mil trabalhadores com as atividades suspensas. Cerca de 64 milhões de aves adultas e pintinhos já morreram e um número maior dever ser sacrificado em atendimento às regras da Organização Mundial de Saúde Animal e das normas sanitárias vigentes no Brasil, segundo a associação.

"Diante desse quadro de calamidade no setor, apelamos para a sensibilidade das lideranças do movimento grevista dos caminhoneiros, da Polícia Federal, das polícias estaduais e municipais pela liberação da passagem dos caminhões carregados com ração, cargas vivas, carnes e outros alimentos em caminhões frigoríficos", disse a ABPA em carta aberta, que seria protocolada no Palácio do Planalto neste domingo.

Os caminhoneiros entraram em greve na segunda-feira contra o preço do diesel, com o bloqueio de estradas, levando ao desabastecimento de combustíveis e de outros produtos em todo o país.

"O desabastecimento de alimentos para o consumidor também já é fato, uma vez que milhares de toneladas de carnes e outros produtos deixaram de ser transportados para os centros de distribuição desde o dia 21 de maio", disse a associação.

"Após o final da greve, a regularização do abastecimento de alimentos para a população poderá levar até dois meses!"

Além dos problemas de desabastecimento no mercado doméstico, a indústria de proteína animal disse que aproximadamente 100 mil toneladas de carne de aves e de suínos deixaram de ser exportadas na última semana.

"O impacto na balança comercial já é estimado em 350 milhões de dólares", disse a ABPA.

No WhatsApp, caminhoneiros falam em estender paralisação (em O Antagonista)

No WhatsApp, as lideranças dos caminhoneiros pedem para os manifestantes estender a paralisação pelo menos até a próxima terça-feira, informa o Estadão.

Em alguns grupos, novas paralisações começam a ser organizadas a partir de amanhã.

“Pelo tom das conversas, as reivindicações vão além do problema do preço do diesel. Depois da dimensão que a greve tomou nos últimos dias, os motoristas acreditam que podem mudar o rumo do país. Cada um tem uma tese, mas todos apostam na força do exército como aliada e na intervenção militar como solução para os problemas do país”.

A mortandade cria uma grave barreira para a recuperação da produção do setor nas próximas semanas e meses, disse a ABPA, acrescentando que os preços dos produtos podem subir.

“O risco de anomia no ar”

Em 1999, 2000 e 2015, houve greve de caminhoneiros no Brasil, mas para Miguel Reale Jr. “o que diferencia as do passado e a de hoje é o risco de anomia presente no ar”.

O país virou terra sem lei.

Villas Boas “Desejamos, o mais rápido possível, a solução desse desafio”

O general Eduardo Villas Boas, comandante do Exército, disse no Twitter que está reunido com o ministro da Defesa e outros militares discutindo a melhor solução para acabar com a greve dos caminhoneiros sem precisar do uso de força.

Estamos reunidos na sala do Alto-Comando do @exercitooficial, sob a coordenação do Ministro da Defesa e com a presença dos comandantes das Forças e outros militares, para uma vídeo-conferência com os responsáveis por áreas de atuação na solução da “greve dos caminhoneiros”.

 

Desejamos, o mais rápido possível, a solução desse desafio, a fim de mitigar as dificuldades crescentes da população. Reafirmamos como diretriz operacional o foco no bem-estar social e na perene negociação para evitar conflitos entre os atores diretamente envolvidos.

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  • No WhatsApp, caminhoneiros dizem que greve está longe do fim (ESTADÃO)

    Em conversas no aplicativo, a ordem é manter a paralisação por, pelo menos, até terça-feira
  • A liberação de alguns trechos de estradas, como em São Paulo, está longe de significar o fim da greve. Nos grupos de WhatsApp dos caminhoneiros, a ordem é manter a paralisação, pelo menos, até terça-feira. Por ora, a maioria concordou em liberar as estradas e continuarem estacionadas em pontos estratégicos.

    Mas, nas últimas postagens, lideranças dos caminhoneiros começam a organizar novas paralisações a partir de amanhã, às 8 horas. Num vídeo que está circulando nos grupos de WhatsApp, representantes chamam, além dos caminhoneiros, veículos de passeio para parar as BRs. Além disso, uma manifestação em pontos estratégicos das principais capitais também está sendo organizada.

  • Pelo tom das conversas, as reivindicações vão além do problema do preço do diesel. Depois da dimensão que a greve tomou nos últimos dias, os motoristas acreditam que podem mudar o rumo do Brasil. Cada um tem uma tese, mas todos apostam no força do exército como aliada e na intervenção militar como solução para os problemas do País.

    Alguns vídeos mostram a atuação dos soldados acionados para liberar as estradas. Eles são recepcionados com palmas e continência pelos caminhoneiros, que prometem manter um protesto pacífico, o que é apoiado pelos soldados. Em outros vídeos, a polícia militar também demonstra apoio aos grevistas.

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    Fuzileiros navais iniciam operação de segurança no Porto de Santos (ESTADÃO)

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    Um segundo navio da Marinha atracou na tarde deste domingo, 27,  no Porto de Santos para garantir a retomada das operações portuárias, afetadas desde a última segunda-feira, 21, pelos protestos dos caminhoneiros. O Navio Doca Multipropósito Bahia chegou com 260 fuzileiros navais a bordo e equipado com sete caminhões de transporte de tropas, três blindados e dois helicópteros. No sábado, o Navio Patrulha Macaé já havia desembarcado 22 fuzileiros no cais de Santos.
  • O deslocamento atende a determinação do presidente Michel Temer (MDB) para que o porto retome as operações o mais rápido possível. Desde a noite de sábado, 26, os caminhoneiros já não bloqueiam os acessos terrestres ao porto.

    Os manifestantes mantêm acampamentos nas margens dos acessos, o que inibe a entrada de veículos com cargas. A orientação passada às tropas é no sentido de manter a segurança e garantir as operações no porto, sem adentrar as rodovias da região.

  • Governo Temer não garante congelamento de preço por 60 dias e acordo em SP é adiado (na FOLHA)

    O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), disse que adiou de terça-feira (29) para a próxima quinta-feira (31) o acordo com caminhoneiros depois de o governo Temer dizer que não consegue garantir 60 dias de congelamento no preço do diesel.

    O ministro Carlos Marun havia dito que retornaria a São Paulo no domingo para finalizar o acordo, mas desmarcou a viagem. Por telefone, disse a França que conseguiria ampliar o desconto do diesel de 41 centavos para 46 centavos por litro de diesel.

    O governador disse, porém, que não houve tempo de repassar o recado aos caminhoneiros, que já tinham deixado o Palácio dos Bandeirantes.

    Com isso, a greve se estenderá em São Paulo até pelo menos quinta-feira. O governador disse que se duas medidas forem votadas no Congresso no início desta semana poderá facilitar o acordo.

    Márcio França falou na noite deste domingo sobre reunião que teve entre governo de SP, União e alguns manifestantes.

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    Sem combustível, postos ficam vazios na Zona Sul do Rio

    Sem combustível desde o fim de sexta-feira (25), os postos de gasolina na Zona Sul do Rio de Janeiro permaneceram vazios durante o domingo (27). A reportagem percorreu sete estabelecimentos na região.

    Sem gasolina, diesel e álcool, a maioria colocou cones em frente às bombas. Apesar da falta de combustível, os postos permanecem abertos.

    A esperança é conseguir lucrar com a venda de lubrificantes, cigarros e produtos das lojas de conveniência, conta um funcionário de um posto no bairro do Humaitá que preferiu não se identificar. 

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    Angra dos Reis decreta emergência; usinas nucleares podem ser desligadas

    O prefeito Fernando Jordão decretou situação de emergência pública (na FOLHA)
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    O prefeito Fernando Jordão decretou situação de emergência pública por causa da crise de desabastecimento de combustível e demais bens essenciais para a manutenção dos serviços de defesa civil e de saúde do município.

    "Nós temos duas usinas nucleares em Angra e não vamos ter plano de emergência nenhum funcionando sem combustível na cidade", afirmou o prefeito Fernando Jordão.

    E também afirmou que "se Angra não tiver prioridade no abastecimento de combustível para que se possa exercer o Plano de Emergência das usinas nucleares, será pedido o desligamento de Angra I e Angra II".

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    A situação também coloca em risco a prática do Plano de Emergência das usinas nucleares, que são sediadas na cidade. No momento, em Angra dos Reis, todos os postos de abastecimento estão sem gasolina, etanol, diesel e qualquer outro tipo de combustível.

    A frota de ônibus foi reduzida e as aulas nas escolas públicas suspensas nessa segunda-feira (28).

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    Greve de petroleiros ameaça funcionamento de aeroporto de Guarulhos

    Aeroporto funciona com abastecimento por dutos ligados às refinarias
  • A possibilidade  de uma nova greve, a dos petroleiros —anunciada pela Federação Única dos Petroleiros para quarta-feira (30)— levou o tema "desabastecimento" para aeroportos que estavam blindados à crise dos caminhoneiros até agora.

    O GRU Airport, o maior do país, em Guarulhos, que é abastecido por dutos ligados diretamente às refinarias da Petrobras, começa a estudar medidas para se precaver caso haja de fato uma greve dos petroleiros que venha a se prolongar. Uma das medidas seria a elevação da capacidade de armazenamento. 

    A FUP (Federação Única dos Petroleiros) anunciou neste sábado (26) que decidiu entrar em greve na quarta (30) por 72 horas.

  • Procurado, o GRU Airport afirma que "possui um pool para armazenamento de combustíveis para abastecer os voos com capacidade para cerca de 50 milhões de litros de querosene para aviação", diz a concessionária do aeroporto, em nota.

    O aeroporto diz também que está  "atento às decisões do governo e dos sindicatos para que, em conjunto com os órgãos que atuam no setor e as cias aéreas, adote as melhores práticas para mitigar quaisquer riscos que possam impactar nas operações".

     

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Fonte:
Reuters/Estadão/Folha

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2 comentários

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Entre as causas da desgraça do país...a) A política de congelar o preço dos combustíveis, obrigando a Petrobras a vender para as distribuidoras gasolina e diesel abaixo do preço pelo qual foram importados, destruiu o capital da estatal, causando um prejuízo de aproximadamente R$ 60 bilhões. (Valor este que, diga-se de passagem, é muito maior do que o desviado pela corrupção na estatal).

    b) A política de aumento contínuo dos gastos públicos gerou um explosivo déficit orçamentário e um grande aumento na dívida pública. Tamanha deterioração das contas do governo levou ao aumento de impostos, como a duplicação do PIS/COFINS sobre gasolina e diesel, afetando a renda do cidadão, além de restringir a criação de empregos e investimentos. Quem arcou com tudo isso?

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Vejam só como são as coisas, agora o general Villas Boas quer mitigar os "problema crescentes da população"... sei. Para qualquer um que queira saber como chegamos aqui, e como esse governo de mequetrefes tem culpa em tudo o que está acontecendo basta ler isto, só economia, sem politicagem... - https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2831

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