Situação econômica do Brasil é diferente da Argentina e da Turquia, diz ministro da Economia

Publicado em 21/06/2018 22:05
Reuters

SÃO PAULO (Reuters) - Com posição externa "extremamente confortável" e baixo déficit em transações com o exterior, a economia brasileira está numa situação "completamente diferente" da Argentina e da Turquia, que recentemente enfrentaram forte queda de suas moedas, disse nesta quinta-feira o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

"Ninguém está falando de crise cambial no Brasil", disse Guardia a repórteres, horas após se reunir com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, em Washington, DC.

"A situação da economia brasileira é completamente diferente da Argentina e completamente diferente da Turquia."

Segundo Guardia, o Brasil "não tem deficit em transação corrente, a Argentina tem, a Turquia tem". "Nós temos reservas internacionais equivalentes a 20 por cento do PIB, então é uma situação completamente diferente".

A queda do peso argentino em maio levou Buenos Aires a pedir um empréstimo ao FMI, aprovado na véspera no valor de 50 bilhões de dólares, com desembolso imediato de 15 bilhões de dóláres. Metade deste valor será usado para financiar o orçamento. O Banco Central argentino elevou os juros e anunciou medidas para frear a desvalorização de sua moeda.

Já a lira turca tornou-se uma das moedas de pior desempenho entre mercados emergentes, levando o banco central do país a também subir juros para frear a alta do dólar.

Os mercados emergentes enfrentam uma reversão do cenário global, diante das perspectivas de normalização da política monetária dos Estados Unidos e da União Europeia, após uma década de estímulo com juros baixos e compra de títulos públicos para estimular a economia mundial.

Outro fator que pesa na visão de investidores é a batalha comercial travada entre Estados Unidos e a China.

Afirmando que a "situação externa do Brasil está absolutamente sob controle", o Guardia disse que o estresse nos mercados de câmbio e juros "exigiu atuação coordenada do Banco Central e do Tesouro Nacional" para reduzir a volatilidade.

"Existe uma tendência, é importante dizer, de valorização do dólar... isso é um dado e quanto a isso não há Banco Central que possa se opor."

Após cair em janeiro, o dólar subiu contra o real em todos os meses seguintes, levando o BC a fazer leilões de contratos de swap cambial, equivalentes à venda futura de dólar, e manter uma ação permanente no mercado leiloando o equivalente a 28,5 bilhões de dólares dos contratos, segundo dados da Reuters.

Ao mesmo tempo, o Tesouro Nacional vem fazendo leilões de compra e venda de títulos públicos de curto, médio e longo prazos para dar opções a investidores que querem se desfazer dos papéis ou adquirir notas como hedge contra inflação.

Como resultado, o dólar perdeu fôlego em junho. Depois de subir 6,16 por cento em abril e 6,66 por cento em maio, a moeda norte-americana terminou a sessão desta quinta-feira mantendo estabilidade neste mês, com pequena alta de 0,07 por cento.

Inflação está "contida, controlada e abaixo da meta" no ano, diz Guardia

BRASÍLIA (Reuters) - A inflação no Brasil está "contida, controlada e abaixo da meta" neste ano, apesar da greve dos caminhoneiros e seu impacto nos índices de preços, disse nesta quinta-feira o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Guardia disse que o resultado do IPCA-15 divulgado nesta quinta-feira, que superou as expectativas de analistas com aumento de 1,1 por cento, maior alta para o mês em 23 anos, reflete um "choque temporário".

O repique dos preços foi causado pela greve dos caminhoneiros, que gerou desabastecimento de produtos no país, pressionando os preços para cima, segundo o ministro.

"Então esse é um choque temporário, a inflação em 12 meses acumulada até maio estava abaixo de três, (estava) 2,8 por cento. Ela vai subir acumulando agora a inflação de junho, mas a previsão de todos os analistas e a nossa olhando para a inflação do final do ano, a inflação deste ano é uma inflação que está contida, controlada e abaixo da meta", disse Guardia.

A meta de inflação para 2018 foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 4,5 por cento, podendo variar 1,5 por cento para mais ou para menos.

O ministro falou com jornalistas em Washington, DC, nos Estados Unidos, onde se encontrou com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, antes de viajar a Nova York, onde falará com investidores.

Guardia admite possibilidade de privatização da Eletrobras não sair este ano

(Reuters) - O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, admitiu nesta quinta-feira a possibilidade de a privatização da Eletrobras não ocorrer neste ano, diante da necessidade de resolver antes a questão das distribuidoras de energia da estatal, ainda sob discussão no Congresso Nacional.

"Existe sim a possibilidade de não ocorrer este ano", disse o ministro a repórteres em Washington, de acordo com áudio divulgado pela assessoria do ministério.

"Os prazos estão mais curtos para fazer uma operação este ano, e a gente ainda não aprovou a lei de privatização das distribuidoras."

Segundo o ministro, a venda das distribuidoras da Eletrobras é uma "precondição" que precisa ser cumprida antes que o governo coloque em marcha a venda da estatal de energia.

Há uma promessa do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de votar com urgência na Casa um projeto de lei visto como essencial para viabilizar a venda das distribuidoras da estatal, que operam em Estados do Norte e Nordeste.

Integrantes do setor elétrico, no entanto, apontam dificuldades a tramitação do projeto, com Copa do Mundo, festas de São João levando parlamentares para as suas bases e a proximidade do recesso parlamentar.

"Aqui existe uma sequência lógica que não pode ser invertida... antes de falar da capitalização da Eletrobras, precisamos viabilizar a privatização das distribuidoras. Esta é uma precondição para falar de qualquer operação com Eletrobras, e ainda não conseguimos", disse o ministro.

A venda das distribuidoras, que são deficitárias, poderia aumentar a atratividade para a desestatização da estatal.

Mas não houve mudança nas prioridades do governo, entre as quais a privatização da estatal federal do setor elétrico, disse Guardia, ressaltando ao mesmo tempo que o governo optou por introduzir as questões no Congresso em etapas.

"Não dá para fazer todas as discussões ao mesmo tempo, temos que ir avançando passo a passo nas coisas que são importantes", afirmou.

O presidente-executivo da estatal, Wilson Ferreira Pinto Jr., vem sofrendo pressões crescentes dentro e fora da companhia para deixar o cargo e sua eventual saída também poderia dificultar a negociação das distribuidoras, em um leilão agendado para o próximo mês, reportou a Reuters nesta quinta-feira, com informação de pessoas com conhecimento do assunto.

 

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Pessoal, eu gostaria que vocês acessassem o site do MIDC, para que eu não tenha que entrar em uma "de profundis" e num esforço hercúleo tentar explicar o que se passa. Vejam lá como é que o Brasil segue as politicas ditadas pela ONU, vejam lá a quantidade de burocratas que "discutem" o problema das pequenas e micro empresas no Brasil. Quanto será que custa manter um site desse tipo? Fotógrafos, editores, colunistas, escritores... Para que? Para resolver o problema das micro empresas? Não temos estradas, saúde, educação,... mas os esquerdinhas vão nos ensinar como tocar uma empresa!! Essa é a loucura a que toda a população brasileira está submetida todos os dias. - http://www.mdic.gov.br/index.php/component/content/article?id=3376

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