Dólar sobe e se reaproxima de R$ 3,75 com aversão ao risco no exterior

Publicado em 24/10/2018 17:00

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Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou a quarta-feira em alta pela segunda sessão consecutiva, perto dos 3,75 reais, com o aumento da aversão ao risco no mercado internacional, enquanto investidores aguardam o desfecho da eleição presidencial doméstica no próximo domingo.

O dólar avançou 1,33 por cento, a 3,7463 reais na venda, depois de marcar a máxima de 3,7478 reais. Na mínima, ainda pela manhã, atingiu 3,6827 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 1,20 por cento.

"A notícia das bombas nos Estados Unidos é algo relevante, aumentou a aversão ao risco global, pode ser um ataque terrorista", comentou o diretor de operações da Mirae, Pablo Spyer, ao comentar o incidente que elevou o nervosismo dos mercados nesta sessão.

A polícia interceptou supostos artefatos explosivos enviados ao ex-presidente norte-americano Barack Obama, à ex-candidata presidencial democrata Hillary Clinton e à redação da rede CNN de Nova York, que aparentemente visaram figuras que são alvos de críticos de direita a uma quinzena das eleições parlamentares.

Esse episódio se somou às preocupações dos investidores com o crescimento global, tarifas comerciais, orçamento italiano e isolamento da Arábia Saudita depois da morte de um jornalista na Turquia.

As bolsas norte-americanas tiveram nova sessão de forte queda, influenciadas ainda pelo Livro Bege, que mostrou que muitas indústrias elevaram seus preços por causa das tarifas comerciais, embora a inflação aparente estar modesta ou moderada na maior parte do país.

O movimento de aversão ao risco fez o dólar ter forte alta ante as divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano e, ainda, o real.

No início do dia, a moeda norte-americana chegou a cair ante o real, com o exterior mais tranquilo e os investidores esperando o desfecho eleitoral.

"O dólar deve passar os próximos dias de lado, entre 3,65-3,70, esperando o resultado das eleições, domingo", avaliou naquele momento a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, para quem a pesquisa Ibope da véspera, apesar de reduzir um pouco a distância entre o líder e Fernando Haddad (PT), ainda mostra grande vantagem para Bolsonaro, com difícil reversão para o PT.

O levantamento mostrou que Bolsonaro está com 57 por cento dos votos válidos, contra 43 por cento do adversário, de 59 a 41 por cento na pesquisa anterior.

A rejeição ao capitão da reserva subiu para 40 por cento, de 35 por cento, enquanto em relação a Haddad caiu a 41 por cento, de 47 por cento, o que ajudou a justificar uma tímida correção no início do dia.

"Se realmente for confirmada a vitória de Bolsonaro, que é o cenário mais provável, pode ter um rali na segunda-feira e, depois, ... volta à vida normal", acrescentou Fernanda.

De todo o modo, os investidores monitoram o noticiário político, sobretudo em busca de informações "positivas" sobre o provável novo governo, no que diz respeito, principalmente, ao ajuste fiscal.

Na véspera, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse que Bolsonaro, uma vez eleito, pretende definir os nomes de seus ministros e presidentes de estatais em até 30 dias pós-eleição. Além disso, afirmou que não está descartada a manutenção de Ilan Goldfajn na presidência do Banco Central.

O Banco Central vendeu nesta sessão 7,7 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 6,545 bilhões de dólares do total de 8,027 bilhões de dólares que vence em novembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Profissionais ouvidos pela Reuters informaram que o recuo recente do dólar abriu espaço para uma discussão sobre a redução do estoque de swap, mas avaliam que a autoridade monetária pode esperar um cenário mais claro pós-eleição para se decidir.

(Edição de Maria Pia Palermo, Camila Moreira e Iuri Dantas)

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Fonte:
Reuters

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