Índices de Wall Street despencam por medo de recessão; Ibovespa fecha em queda de mais de 1% com piora em NY

Publicado em 04/12/2018 21:21

(Reuters) - Os principais índices de Wall Street despencou mais de 3 por cento nesta terça-feira, queda liderada por ações industriais e de bancos, conforme o mercado de títulos dos EUA enviava sinais preocupantes sobre crescimento econômico e investidores se preocupavam novamente com o comércio global.

O Dow Jones caiu 3,1 por cento, para 25.027 pontos, o S&P 500 perdeu 3,23 por cento, para 2.700 pontos e o Nasdaq recuou 3,8 por cento para 7.158 pontos.

Comentários de uma importante autoridade do Federal Reserve sobre o caminho das altas de juros contribuiu para incertezas na visão dos investidores, da mesma forma que retrocessos nos planos do Reino Unido de deixar a União Europeia.

O S&P 500 teve a maior queda diária em cerca de dois meses, devolvendo ganhos da véspera e da semana anterior, quando o índice marcou seu maior ganho percentual em quase sete anos.

O índice Russell 2000 de small caps caiu 4,4 por cento, seu maior tombo diário em mais de sete anos.

Investidores estão focados nos rendimentos dos Treasuries, com o retorno dos papeis de 10 anos caindo ao piso desde meados de setembro. O spread entre os rendimentos das notas de 10 e de 2 anos também caiu ao menor valor em mais de uma década, sinal observado de perto porque a inversão da curva de rendimentos --quando o retorno de dois anos está acima do de 10 anos-- precedeu todas as recessões nos últimos 50 anos.

Parte da curva realmente se inverteu, com os rendimentos de dois e três anos se mantendo acima do retorno de cinco anos pelo segundo dia.

"São temores sobre a inversão da curva de rendimentos e o que isso significa para a economia e é um precursor de uma recessão", disse Chuck Carlson, da Horizon Investment Services.

A Bolsa de Nova York e a Nasdaq ficarão fechadas na quarta-feira, para um dia de luto pelo ex-presidente George H.W. Bush, que morreu na sexta-feira passada.

Ações financeiras, particularmente sensíveis a mudanças no mercado de títulos, caíram 4,4 por cento.

O setor industrial, sensível ao comércio, caiu 4,4 por cento, com a Boeing e a Caterpillar recuando 4,9 por cento e 6,9 por cento, respectivamente.

Índices chineses fecham em queda em meio a preocupações comerciais e perspectiva fraca de negócios

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,5 por cento, enquanto o índice de Xangai teve queda de 0,6 por cento.

O subíndice do setor financeiro recuou 0,72 por cento, o de consumo teve alta de 0,78 por cento, o setor imobiliário subiu 0,81 por cento, enquanto o subíndice de saúde avançou 0,79 por cento.

O Ministério do Comércio da China disse nesta quarta-fira que Pe1quim e Washington avançarão nas negociações comerciais nos próximos 90 dias e que está confiante de que um acordo pode ser alcançado, em meio ao crescente ceticismo de que os dois lados sejam capazes de chegar a um acordo substancial sobre uma série de questões altamente divisivas antes do prazo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, citou na terça-feira a possibilidade de uma prorrogação da trégua de 90 dias com a China, mas advertiu que voltaria às tarifas se os dois lados não pudessem resolver suas diferenças.

O setor de serviços da China cresceu o ritmo mais forte em cinco meses em novembro graças a um aumento nas novas encomendas, mostrou nesta segunda-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) embora a perspectiva para as empresas ao longo do próximo ano tenha piorado pelo terceiro mês.

. Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,53 por cento, a 21.919 pontos.

. Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,62 por cento, a 26.819 pontos.

. Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,61 por cento, a 2.649 pontos.

. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,48 por cento, a 3.252 pontos.

. Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,62 por cento, a 2.101 pontos.

. Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 1,65 por cento, a 99.916 pontos.

. Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,37 por cento, a 3.155 pontos.

. Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,78 por cento, a 5.668 pontos.

Ibovespa fecha em queda de mais de 1% com piora em NY

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou com o Ibovespa em queda de mais de 1 por cento nesta terça-feira, sucumbindo ao forte recuo nos pregões norte-americanos, onde os negócios foram pressionados por preocupações com o crescimento econômico e ceticismo quanto a um desfecho rápido para o embate comercial entre EUA e China.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,33 por cento, a 88.624,45 pontos. Mais cedo, no melhor momento, chegou a trabalhar acima dos 90 mil pontos. O volume financeiro somou 15,247 bilhões de reais.

Profissionais da área de renda variável citaram que o mercado brasileiro foi contaminado pelo aumento de aversão a risco no exterior. "O cenário externo piorou muito rápido e o mercado no Brasil não aguentou", disse um dos operadores ouvidos pela Reuters.

Em Wall Street, o S&P 500 recuava quase 3 por cento e o Dow Jones perdia 2,7 por cento no final do pregão, com o movimento de queda em rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, principalmente nos prazos maiores, sendo interpretado como sinal de alerta de desaceleração econômica.

"Mudanças nas expectativas de juros de longo prazo (Treasuries) deixaram investidores novamente na defensiva quanto ao crescimento da economia norte-americana", destacou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, acrescentando que na quarta-feira não haverá negociação nos pregões em Nova York.

A repercussão positiva da trégua de 90 dias acordada entre EUA e China para adoção de novas tarifas também teve vida curta, com a ausência de detalhes mantendo agentes de mercado receosos e se questionando se Washington e Pequim serão capazes de chegar a um acordo no prazo estipulado no último fim de semana.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta terça-feira que não se oporia a uma prorrogação do prazo e que se um acordo comercial com a China for possível ele será feito, mas disse que se ambos os lados não resolverem as disputas, ele recorrerá a tarifas. "Eu sou um homem tarifa", disse no Twitter.

Na cena local, Chinchila chamou a atenção para a não votação do projeto da cessão onerosa como fator negativo, bem como a sinalização do líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), de que ainda se discute sobre os repasses de recursos obtidos com um eventual leilão do petróleo excedente da área no pré-sal.

Dados da B3 nesta terça-feira também mostraram saídas líquidas de estrangeiros de mais de 500 mil reais do segmento Bovespa no último pregão de novembro, com o mês encerrando com saldo negativo de 3,6 bilhões de reais e o ano alcançando um resultado negativo de 9,5 bilhões de reais.

DESTAQUES

- VALE caiu 2,27 por cento, afetada pelas preocupações relacionadas à questão comercial envolvendo EUA e China, em sessão marcada por evento da mineradora com analistas e investidores. A equipe do Bradesco BBI reiterou a recomendação 'outperform' para as ações após o evento, afirmando que a trajetória de geração de valor da empresa está longe do fim.

- PETROBRAS PN recuou 2,31 por cento, diante da ausência de avanços nas negociações para a votação do projeto que trata da cessão onerosa, além do enfraquecimento dos preços do petróleo no mercado internacional.

- SUZANO cedeu 4,69 por cento, com a piora do humor externo abrindo espaço para realização de lucros nas ações da fabricante de papel e celulose após subirem quase 13 por cento nos últimos três pregões.

- CCR fechou em baixa de 4,65 por cento, no segundo pregão no vermelho, após subir 13,65 por cento na semana passada, enquanto a rival ECORODOVIAS cedeu 1,27 por cento. Em nota a clientes, a equipe do Credit Suisse afirmou que faz mais sentido estar posicionado em Ecorodovias.

- MAGAZINE LUIZA subiu 1,65 por cento, experimentando uma recuperação, após recuar mais de 5 por cento. No ano, porém, as ações acumulam alta de 100 por cento. Ainda no setor, VIA VAREJO valorizou-se 0,59 por cento e B2W encerrou com acréscimo de 0,28 por cento.

Otimismo com trégua em guerra comercial acaba, e Bolsas despencam (FOLHA)

O otimismo do mercado financeiro com a trégua na guerra comercial, firmada no final de semana entre Estados Unidos e China, durou apenas um pregão. Nesta terça-feira (4), as Bolsas americanas despencaram e levaram outros índices a reboque, reflexo da percepção de investidores de que a economia mundial deve desacelerar.

A Bolsa brasileira recuou mais de 1%, e o dólar voltou a subir.

O gatilho de pânico foi disparado com o movimento da curva de juros americana em direção que é lida como um termômetro de recessões. Quando os juros de longo prazo se aproximam de zero e ficam em patamar mais baixo que as taxas de curto prazo, investidores entendem que há um indício de crise econômica a caminho.

Outro termômetro de pânico do mercado, o índice VIX negociado na Bolsa de Chicago, disparou 19,4% nesta terça-feira.

Por enquanto, a economia americana ainda apresenta sinais sólidos de crescimento, com PIB avançando acima de 3%. Mas a expectativa para o próximo ano é de desaceleração, movimento que pode ser acelerado pela guerra comercial iniciada pelo presidente americano, Donald Trump, contra a China.

Enquanto isso, a economia chinesa já apresenta sinais de ritmo menor de expansão, o que contribuiria para por freio no crescimento de outros países, pela redução das importações do país asiático.

É por isso que a trégua de 90 dias na disputa comercial, acertada no final de semana entre Trump e o líder chinês Xi Jinping, foi inicialmente vista com bons olhos pelo mercado na segunda. Sem guerra comercial, os danos econômicos seriam menores.

Nesta terça, porém, o americano escreveu no Twitter que, se as negociações fracassarem, ele será o homem tarifa. Uma retomada do clima bélico do presidente americano.

Na própria segunda, o mercado já havia perdido força, após o anúncio da indicação do representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, para comandar as negociações com o governo chinês. Ele é visto como mais alinhado à disputa tarifária que o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, preferido pelos chineses.

O Ibovespa acompanhou o dia negativo no exterior e recuou 1,33%, a 88.624 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,2 bilhões.

As Bolsas americanas apresentavam perdas ainda mais expressivas.

O dólar, que abriu o dia em queda, avançou 0,44%, a R$ 3,86. De uma cesta de 24 divisas emergentes, a moeda americana se valorizou sobre 14 delas no pregão.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário