Venezuela: Rússia declara apoio a Maduro; China se opõe a interferência externa; EUA convoca Conselho de Segurança da ONU

Publicado em 25/01/2019 01:54
“Onde está Guaidó?”. Depois de fazer o juramento como presidente encarregado, ele não foi mais visto em público, diz Sylvia Colombo, enviada especial da Folha em Caracas

Um dia após uma marcha que reuniu milhares em Caracas, as ruas estavam praticamente vazias. Maduro mandou fechar a embaixada e os consulados dos EUA, ao mesmo tempo em que reiterou que os diplomatas americanos devem deixar o território venezuelano até o próximo domingo.

Departamento de Estado americano ordenou a partida dos funcionários não essenciais, por questões de segurança, mas disse que a embaixada permanecerá aberta.

Nesta quinta-feira, a Rússia acusou Washington estimular protestos de rua na Venezuela e de tentar derrubar Maduro. A Rússia advertiu contra uma intervenção militar norte-americana no país, assumindo posição contrária à de Washington e da União Europeia, que apoiaram protestos contra um dos principais aliados de Moscou.

“Nós consideramos que a tentativa de usurpar a autoridade soberana na Venezuela contradiz e viola a base e os princípios da lei internacional”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

A chancelaria russa alertou aos Estados Unidos que uma interferência externa pode levar a um massacre. “Nós alertamos contra um aventureirismo do tipo que é carregado de consequências catastróficas”,

O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, também ofereceu apoio a Maduro.

“Meu irmão Maduro! Mantenha a cabeça erguida, nós estamos com você”, disse Erdogan, segundo publicação do porta-voz presidencial Ibrahim Kalin no Twitter.

A China, grande credora de Caracas, também expressou apoio a Maduro, dizendo se opor a qualquer interferência externa na Venezuela e apoiar esforços para proteger a independência e estabilidade do país.

"A China apoia os esforços feitos pelo governo venezuelano para proteger a soberania, a independência e a estabilidade do país", disse a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês Hua Chunying em um entrevista coletiva de rotina em Pequim.

"Quero enfatizar que as sanções externas ou interferências geralmente tornam a situação mais complicada e não ajudam a resolver os problemas reais", acrescentou.

Moscou, junto com a China, tem se tornado um credor de Caracas, emprestando bilhões de dólares ao país. Moscou também tem fornecido apoio às Forças Armadas e à indústria petrolífera venezuelana.

APOIO DA UE À GUAIDÓ, PRESIDENTE DA OPOSIÇÃO

A União Europeia, que impôs sanções contra a Venezuela e boicotou a cerimônia de posse de Maduro no início deste mês, assumiu posicionamento diferente.

Embora tenha evitado acompanhar Washington no reconhecimento de Guaidó como presidente interino da Venezuela, o bloco pediu que autoridades respeitem os seus “direitos civis, liberdade e segurança” e pareceu apoiar pedidos por uma transição pacífica de poder no país.

“O povo da Venezuela clamou em massa pela democracia e pela possibilidade de determinar livremente seu próprio destino. Essas vozes não podem ser ignoradas”, disse o bloco em comunicado.

ONDE ESTÁ GUAIDÓ?

Segundo arepórter da Folha de S. Paulo, Sylvia Colombo, enviada especial a Caracas, o líder da oposição, Juan Guaidó, estaria desparecido. Depois de fazer o juramento como presidente encarregado, ele não foi mais visto em público.

Seus tuítes do dia foram de agradecimentos a apoios e mensagens evasivas, na linha de estimular a continuidade dos atos, mas sem apontar quais próximos passos serão tomados.

Durante o dia, circularam boatos de que Guaidó teria se exilado na Embaixada da Colômbia, negado por seus assessores.

Por sua vez,  o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, alinhado ao chavismo, criticou a decisão de Guaidó de se declarar presidente interino, mas não emitiu ordens de prisão. 

O líder da oposição venezuelana Juan Guaidó se autodeclarou presidente interino do país na quarta-feira, ganhando o apoio de Washington e da maioria da América Latina e fazendo com que o presidente socialista Nicolás Maduro, que lidera o país rico em petróleo desde 2013, rompesse os laços diplomáticos com os Estados Unidos.

Ministro da Defesa da Venezuela diz que Maduro é "presidente legítimo"

CARACAS (Reuters) - O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, disse nesta quinta-feira que Nicolás Maduro é o "presidente legítimo" do país e que a oposição estava realizando um golpe depois que Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional do país, se declarou presidente.

Padrino disse que os Estados Unidos e outros governos estão promovendo uma guerra econômica contra a Venezuela, país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) com as maiores reservas de petróleo do mundo.

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Ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, concede entrevista coletiva em Caracas 24/01/2019 REUTERS/Manaure Quintero

EUA pedem reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre Venezuela

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Os Estados Unidos requisitaram uma reunião pública do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas sobre a Venezuela no sábado e diplomatas disseram que esperam que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, discurse no encontro.

Na quarta-feira, Washington reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela e pediu que outros países façam o mesmo. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, respondeu rompendo relações diplomáticas com os EUA e ordenando que os diplomatas norte-americanos deixem o país.

Os Estados Unidos alegaram que a situação cada vez mais volátil na Venezuela e a crescente crise humanitária no país "poderia levar a mais conflitos regionais e instabilidade", segundo o pedido para a reunião do Conselho de 15 membros visto pela Reuters.

O pedido enfrenta oposição da Rússia, que diz não considerar a situação da Venezuela uma ameaça à paz e à segurança internacional.

Quando questionado nesta quinta-feira se o conselho deveria se reunir para discutir a Venezuela, o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse: “Eu não acho, isso é assunto interno deles.”

Qualquer membro do Conselho de Segurança pode pedir uma votação para bloquear a reunião. É necessário um mínimo de nove votos para ganhar tal votação e China, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e França não podem exercer seus vetos. No entanto, diplomatas da ONU disseram que qualquer tentativa de impedir a reunião sobre a Venezuela seria derrotada.

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Reunião do Conselho de Segurança da ONU 18/12/2018 REUTERS/Shannon Stapleton

Reino Unido diz que Guaidó é a pessoa certa para levar Venezuela adiante

ONDRES (Reuters) - O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, que se autodeclarou presidente interino na quarta-feira, é a pessoa certa para levar o país adiante, disse o ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Jeremy Hunt, nesta quinta-feira.

"O Reino Unido acredita que Juan Guaidó é a pessoa certa para levar a Venezuela adiante. Estamos apoiando os EUA, o Canadá, o Brasil e a Argentina para que isso aconteça", disse Hunt à imprensa durante visita a Washington.

Hunt acrescentou que a Grã-Bretanha não considera Nicolás Maduro o líder legítimo da Venezuela após as eleições de 20 de maio do ano passado, que a Grã-Bretanha disse terem sido "profundamente falhas".

Pompeo faz apelo por apoio de países da América Latina a Guaidó na Venezula

WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, fez um apelo nesta quinta-feira a governos da América Latina para que reconheçam Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, chamando o governo de Nicolás Maduro de "ilegítimo" e "antidemocrático".

Em declarações à Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington, Pompeo disse que a comunidade internacional tem acompanhado o sofrimento da Venezuela há tempo demais e que é hora de restaurar a democracia.

Enquanto Estados Unidos, Canadá, Brasil e Colômbia, entre outros, já reconheceram Guaidó como chefe de Estado interino da Venezuela, países como o México disseram que continuam a apoiar Maduro.

Mourão questiona até onde vai apoio dos militares venezuelanos a Maduro

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente em exercício, Hamilton Mourão, questionou nesta quinta-feira até onde vai o apoio dos militares venezuelanos ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e disse que seria melhor o mandatário deixar o cargo o quanto antes.

Na véspera, o líder da oposição venezuelana e presidente da Assembleia Nacional daquele país, Juan Guaidó, se declarou presidente interino, sendo reconhecido como tal pelos Estados Unidos, Brasil e outros países. Mas a Rússia, México e alguns outros países declararam apoio ao governo Maduro.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, disse nesta quinta-feira que Maduro é o presidente legítimo e que a oposição tenta realizar um golpe.

Questionado sobre se o apoio dos militares a Maduro seria motivo de preocupação, Mourão negou.

"Porque eu não sei até onde isso é verdade. Isso é igual votação no Congresso, só quando sair o negócio pra valer mesmo vamos ver até onde os militares vão apoiar o Maduro."

Para Mourão, uma solução para a crise venezuelana seria simplesmente Maduro deixar o país vizinho junto com seu "bandão".

"Eu já falei isso várias vezes. Uma solução é o Maduro ir embora né, embarca lá com o bandão lá para algum país aí que o receba. Pronto. Segue o baile e a Venezuela volta a tentar se reorganizar democraticamente", disse.

Ao reconhecer Guaidó como presidente interino, o Brasil prometeu ajudar "política e economicamente o processo de transição".

EUA querem cortar receitas do governo Maduro e direcioná-las para oposição venezuelana

WASHINGTON/CARACAS (Reuters) - Os Estados Unidos trabalham para cortar as fontes de receita do governo venezuelano de Nicolás Maduro, para que seja o líder Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino, o responsável por intermediar o recebimento das receitas com o petróleo do país, disse nesta quinta-feira um funcionário de alto escalão em Washington.

O anúncio, sem maiores detalhes, mostrou que a Casa Branca está disposta a ir além das medidas diplomáticas tradicionais para drenar os recursos de Maduro, que já precisa lidar com uma recessão de cinco anos e uma hiperinflação anual de mais de um milhão por cento.

Caso vá adiante, a manobra fortalece Guaidó, presidente da Assembleia Nacional dominada por opositores, que na quarta-feira prestou juramento como presidente interino em um ato improvisado nas ruas de Caracas, recebendo em seguida o apoio de Washington e de países vizinhos, como o Brasil, e europeus.

“Nós estamos focando hoje em desconectar o regime ilegítimo de Maduro de suas fontes de receita”, disse John Bolton, assessor de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Acreditamos que isso seja coerente com nosso reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino constitucional da Venezuela, que essas receitas deveriam ir para o governo legítimo. É muito complicado”, afirmou Bolton a jornalistas na Casa Branca, acrescentando que a medida ainda está em estudo.

Os EUA são um dos principais compradores do petróleo venezuelano, que gera mais de 90 por cento das receitas em moeda estrangeira da Venezuela.

O Ministério da Informação venezuelano não respondeu de imediato a um pedido de comentário. Guaidó também não respondeu a uma mensagem sobre o assunto.

O apoio a Guaidó cresceu nesta quinta, com seu reconhecimento por Reino Unido e Espanha, mas em Caracas a cúpula militar do país continua respaldando Maduro.

Maduro indicou que os governos de México e Uruguai tomaram a iniciativa diplomática para buscar um acordo de paz na Venezuela. “Eu apoio essa iniciativa pelo diálogo”, disse.

Não será fácil, contudo, implementar a transição almejada por Guaidó sem que haja um controle claro sobre as principais instituições estatais e sem as Forças Armadas, que seguem fiéis a Maduro.

O ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino, disse em um pronunciamento televisionado, nesta quinta-feira, que o ato de Guaidó foi “aberrante” e que os militares jamais reconheceriam como comandante-em-chefe alguém que não foi eleito.  

“Uma pessoa, não sei por qual motivo... levantou a mão e se autoproclamou presidente”, disse Padrino. “Tudo que se faz sem sustentação jurídica, legal, constitucional, não tem destino feliz, está destinado ao fracasso”, acrescentou.

Vaticano pede fim de sofrimento na Venezuela, mas não escolhe lado

CIDADE DO PANAMÁ (Reuters) - O papa Francisco acompanha de perto a situação na Venezuela e a Santa Sé apoia todos os esforços para poupar a população de mais sofrimento, disse o Vaticano nesta quinta-feira.

Em sua primeira manifestação sobre a crise, contudo, o Vaticano não se posicionou a favor nem de Nicolás Maduro, eleito presidente no ano passado em um pleito tido amplamente como fraudulento, nem de Juan Guaidó, que se declarou presidente interino na quarta-feira.

O pontífice argentino, primeiro papa latino-americano, encontra-se em visita ao Panamá.

“No Panamá, o Santo Padre foi informado das notícias vindas da Venezuela e está acompanhando de perto a situação que se desenrola”, disse o porta-voz Alessandro Gisotti.

“Ele está rezando pelas vítimas e por todas as pessoas da Venezuela. A Santa Sé apoia todos os esforços para ajudar a salvar a população de mais sofrimento”, disse ele.

Em 2016, o Vaticano intermediou conversas entre Maduro e a oposição, com pouco sucesso.

Os Estados Unidos e muitos países latino-americanos, incluindo a Argentina, reconheceram Guaidó como presidente.

Guaidó x Maduro: Quem apoia os dois presidentes da Venezuela?

(Reuters) - A oposição venezuelana aumentou a pressão contra o presidente Nicolás Maduro depois que o líder do Congresso, Juan Guaidó, se autodeclarou presidente interino do país com o apoio dos Estados Unidos e de grande parte da América Latina.

Abaixo, são listados os apoios dos adversários.

MADURO

* O principal líder das Forças Armadas da Venezuela não deu nenhum sinal de que deixará o lado de Maduro. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, reiterou seu apoio em publicação no Twitter na quarta-feira, dizendo que as Forças Armadas da Venezuela não reconhecem nenhum presidente autodeclarado.

* A Suprema Corte, dominada por partidários de Maduro, tem permanecido com o líder socialista, determinando no início desta semana que todas as ações tomadas pelo Congresso, liderado por Guaidó, são nulas e inválidas.

* A Rússia descreveu Maduro como o presidente legítimo da Venezuela e acusou os Estados Unidos de tentarem usurpar o poder no país, advertindo Washington contra qualquer intervenção militar.

* O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, disse que Ancara está do lado de Maduro, pedindo que ele “mantenha a cabeça erguida”, segundo porta-voz presidencial.

* A China expressou apoio a Maduro, dizendo se opor a interferências externas na Venezuela e apoiar esforços para proteger sua independência e estabilidade.

* A petroleira estatal venezuelana PDVSA, responsável pela maior parte das receitas de exportação do país, apoiou Maduro. “Nós não temos nenhum outro presidente”, disse o presidente da PDVSA e ministro do Petróleo, Manuel Quevedo, um militar de carreira.

* Alguns governos de esquerda da região, incluindo Cuba e Bolívia, continuam a apoiar Maduro. O México, onde o político de esquerda Andrés Manuel López Obrador assumiu a Presidência no ano passado, abandonou a política de oposição a Maduro adotada pelo governo anterior e disse que seguirá uma política de não-intervenção.

* Um grupo de venezuelanos “chavistas”, incluindo gangues armadas em áreas urbanas mais pobres, permanece fiel ao pedido do falecido líder Hugo Chávez de apoiar Maduro em qualquer circunstância.

GUAIDÓ

* Os Estados Unidos reconheceram Guaidó pouco depois que ele se declarou presidente, dizendo que usarão seus “poderes econômicos e diplomáticos” para restaurar a democracia na Venezuela.

* Diversos governos de direita da América Latina, incluindo Brasil, Colômbia, e Argentina também reconheceram Guaidó.

* A Comissão Europeia pediu novas eleições, mas se recusou a reconhecer explicitamente Guaidó como presidente. Em comunicado, a União Europeia pediu que autoridades respeitem os “direitos civis, liberdade e segurança” do líder da oposição e permitam que os venezuelanos determinem livremente o seu futuro.

* O presidente da França, Emmanuel Macron, elogiou a coragem dos venezuelanos que protestam pela liberdade e chamou de ilegal a vitória de Maduro em eleição de 2018.

* Um porta-voz da primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que a eleição de Maduro não foi nem livre, nem justa e expressou apoio a Guaidó como líder da Assembleia Nacional.

* O governo alemão disse que o Congresso da Venezuela tem um “papel especial” a desempenhar para garantir o “futuro livre” do país.

* Há sinais de que o apoio à oposição está se expandindo para além das tradicionais classes média e alta. Diversos protestos contra Maduro foram realizados em bairros da classe operária e em favelas nesta semana.

* Alguns militares de baixo escalão têm expressado insatisfação com o governo. Na segunda-feira, o governo disse ter reprimido uma revolta militar depois que um grupo de oficiais roubou armas, sequestrou militares e exigiu a saída de Maduro.

Caracas tem dia de 'silêncio e tensão' após opositor se declarar presidente (FOLHA DE S. PAULO)

A capital venezuelana viveu um dia de “silêncio e tensão” nesta quinta-feira (24) nas palavras de Matías Garrido, 42, que fechava a porta metálica mais cedo de sua lanchonete, na área comercial de Sabana Grande.

“Geralmente vou até às 22h, mas esses dias estão estranhos, à noite é melhor ficar em casa porque estão reprimindo”, disse à Folha, a quem serviu rapidamente o último sanduíche do dia.

Venezuelanos observam estragos em loja de Caracas nesta quinta-feira (24) após protesto do dia anterior
Venezuelanos observam estragos em loja de Caracas nesta quinta-feira (24) após protesto do dia anterior - Carlos Garcia Rawlins/Reuters

 

O “day after” da grande mobilização que culminou com o opositor Juan Guaidó, 35, jurando como presidente encarregado de uma possível transição foi de ruas vazias, nada de hora do rush e muitos bloqueios nas ruas para checar documentos por parte de oficiais da Guarda Nacional Bolivariana. 

A reportagem da Folha demorou mais de 1h30 para fazer o percurso desde o aeroporto de Maiquetía a Caracas. Primeiro, por conta de um operativo militar que, atirando com balas de borracha, tentava diluir uma manifestação em El Paraíso.

Outra, porque por um longo trecho do caminho, tanques com homens armados escoltavam dois caminhões de gás que atravessavam áreas populares onde já se haviam reportado saques a veículos desse tipo.

Na região leste da cidade, há bairros sem luz, enquanto em regiões da periferia, a Guarda Nacional decretou toque de recolher.

“Todos esperam, ou está havendo negociações de bastidores no governo, ou Guaidó está negociando fugir, pode ser qualquer coisa, não há fontes de informação. Não sabemos nada porque o governo diz só o que quer e a oposição está calada”, dizia Pedro Galdés, 47, que vinha caminhando por uma avenida Francisco de Miranda com pouco trânsito. “Nem dá para acreditar que ontem havia tanta gente na rua e hoje está tudo quieto.”

Outra incógnita do dia foi: “Onde está Guaidó?”. Depois de fazer o juramento como presidente encarregado, ele não foi mais visto em público.

Seus tuítes do dia foram de agradecimentos a apoios e mensagens evasivas, na linha de estimular a continuidade dos atos, mas sem apontar quais próximos passos serão tomados.

Durante o dia, circularam boatos de que Guaidó teria se exilado na Embaixada da Colômbia, negado por seus assessores. Outro rumor dava conta de que ele havia se encontrado com o líder chavista Diosdado Cabello, algo divulgado por este, mas negado por Guaidó.

(por Sylvia Colombo, repórter da Folha em Caracas).


 

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Fonte:
Reuters/Folha

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Comunistas como sempre apoiando narcotraficantes e tiranetes assassinos.

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    • geraldo gentile Ibaiti - PR

      O apoio da China e da Russia é até compreensível pois ambos são países não-democráticos e com muito dinheiro emprestado para a Venezuela que só pode ser quitado com o regime de plantão. Penso que muito pior é o apoio do PT, PSOL e PCB ( a esquerdalhada brasileira) a esta nefanda Ditadura que dominou aquele País cujo aparato de inteligência/repressão está em mãos cubanas. A continuidade da crise venezuelana implicará em uma maior imigração com graves consequências para o Brasil. A esquerda - cega como sempre - é absolutamente indiferente às consequências do apoio a Madura. Saudações.

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